ÊXTASE DA BEATA ALEXANDRINA MARIA DA COSTA - PORTUGAL
Alexandrina Maria da Costa
Bem-aventurada-1904-1955
ESTOU PRONTA, JESUS
Não posso pensar que não amo a Jesus
A minha vida é morte; continuo a viver a vida dos mortos. Que imensa sepultura, em que podridão estou sepultada; causa-me nojo, causa-me horror.
Sinto-me a ser comida pelos bichos escondidos nesta podridão; sinto-os a mexer e remexer nesta imundice. E não tenho outra vida a não ser esta, nem outra luz a não serem as trevas do meu espírito.
Triste cegueira que não me deixa ver senão horrores nojentos, apodrecidos. E eu tanto a amo, abracei-a tanto e sinto não poder estar neste mundo sem ela. Quanto mais me orgulho, mais me quero mergulhar. Quantas mais trevas, mais trevas anseio.
Ó amor do meu Jesus, não vivo, não conheço, não vejo; as coisas do Senhor não mas mostram a minha cegueira, as minhas trevas. Não posso pensar que não amo a Jesus e tanto anseio amá-Lo e fazê-Lo amado pelas criaturas. Quero subir para Ele e caio. Não me revisto Dele nem das Suas coisas; nada compreendo do que é do Céu. Que pobre e ignorante que eu sou! É por isso que eu sofro e quase me chego a persuadir que a minha vida, de tudo o que diz respeito às coisas do Senhor é uma ilusão minha; não digo intrujice porque não quero enganar ninguém. Como pode Jesus descer do mais alto ao mais baixo? Bendito Ele seja.
O demónio tem lutado para me levar a praticar tantos males; só com a graça de Jesus poderei resistir. Sinto-me como se fosse por ele arrastada para a maldade, para os vícios. Parece-me que estou revestida dele e de tudo o que a ele pertence. Não tive os combates apesar de os esperar, porque a grande tormenta que ele me causava me levava a crer que ele viesse. Mas nem por isso deixei de sofrer, ao sentir-me por ele arrastada, seduzida para tantas coisas fracas e parece-me que estou dele revestida e mergulhada em todos os tormentos do inferno. Se ao menos com os meus sofrimentos evitasse o pecado! Se com tudo isto, eu amasse a Jesus e O visse em todos os corações amado!
Tenho vivido, nestes dias, sem procurar viver, a minha vida de há quatro anos na Foz. Como eu recordo todos os sofrimentos, gestos e palavras. Está tudo tão gravado em mim e tão profundamente, que jamais se apagará. Tudo isto por amor do meu Jesus e às almas; e nem mesmo assim O amo e as salvo. Meu Jesus, que pena eu tenho de não Vos pertencer inteiramente. Lembro com profunda dor e vivas saudades o Santo Sacrifício da Missa. Já aos anos que eu a não tenho no meu quartinho! Não voltarei a ter este mimo do Céu? Estou pronta, Jesus, para em tudo ser a Vossa vítima.
O meu coração, o meu espírito voa a Roma; não só acompanhando os que já partiram para lá, mas também para já estar junto de Sua Santidade para implorar e receber dele aquilo que não sabe, mas que anseia e sabe que só dele virá. Pobre de mim! Tudo anelo e nada possuo a não ser miséria.
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(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 13 de Junho de 1947 - Sexta-feira)
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13 de outubro-Alexandrina Maria da Costa
No dia 30 de março de 1904, nasceu Alexandrina Maria da Costa na pequena cidade de Balazar, em Póvoa de Varzim, Braga, Portugal. De família camponesa muito pobre, tinha apenas uma irmã mais velha, chamada Deolinda. Ambas foram educadas com amor pela mãe, Ana Maria e dentro da doutrina cristã.
Alexandrina cresceu forte, inteligente, alegre e vivaz, teve uma infância feliz dentro da sua realidade. Em 1911, recebeu a primeira eucaristia e, como em Balazar não havia escola, foi com a irmã Deolinda estudar em Póvoa de Varzim. Não chegaram a completar o estudo primário, um ano e meio depois estavam de volta. Nessa ocasião, as duas irmãs receberam a crisma pelo bispo do Porto, depois foram para um local chamado "Calvário", onde se fixaram.
Elas viviam felizes, trabalhavam nos campos e se dedicavam à costura. Eram estimadas e queridas pelas famílias e colegas. Aos doze anos, porém, Alexandrina quase morreu por uma grave infecção. A doença foi superada, mas a sua saúde ficou abalada.
Em 1918, Alexandrina e sua irmã Deolinda e mais uma amiga aprendiz estavam na sala de costura, situada no piso superior da casa, quando três homens invadiram o local para molestá-las sexualmente. Alexandrina, para salvar a sua pureza, atirou-se pela janela, de uma altura de quatro metros. Assustados, os homens fugiram sem concluir suas intenções. Mas as conseqüências foram terríveis, embora não imediatas.
Alexandrina sofreu dores terríveis num processo longo, gradual e irreversível que a deixou paralítica. A partir do dia 14 de abril de 1925, Alexandrina nunca mais levantou da cama. Assim, paralisada, passou trinta anos de sua vida, embora nos três anos seguintes ela ainda pedisse a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, a graça da cura. Depois entendeu que a sua vocação era o sofrimento. Desde então teve uma vida repleta de fenômenos místicos, de grande união com Cristo nos tabernáculos, por meio de Nossa Senhora.
Quanto mais clara se tornava a sua vocação de vítima, mais crescia nela o amor ao sofrimento. Atingiu tal grau de espiritualidade que às sextas-feiras vivia os sofrimentos da Paixão de Cristo. Nesses dias, superando o estado habitual de paralisia, descia da cama e, com movimentos e gestos, acompanhados de angustiantes dores, repetia, por três horas e meia, os diversos momentos da "via crucis".
Desde 1934, orientada espiritualmente por um padre jesuíta, passou a escrever tudo quanto lhe dizia Jesus durante seus êxtases contemplativos. Em 1936, segundo ela por ordem de Jesus, pediu ao papa a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. O pedido foi renovado várias vezes até 1941, quando, então, Alexandrina parou de escrever ao papa e também seu diário. A partir de 27 de março de 1942, deixou de alimentar-se, vivendo exclusivamente da eucaristia. No ano seguinte, passou a ser estudada por uma junta médica.
Em 1944, seu novo diretor espiritual, um padre salesiano, após constatar a profundidade espiritual a que tinha chegado, animou Alexandrina a voltar a ditar o seu diário; o que ela fez até a morte. No mesmo ano ela se inscreveu na União dos Cooperadores Salesianos, querendo colaborar com o seu sofrimento e as suas orações para a salvação das almas, sobretudo os jovens. Atraídas pela fama de santidade, muitas pessoas vindas de longe buscavam os conselhos da "rosa branca de Jesus", como era também chamada pelos fiéis, que já veneravam em vida a "santinha de Balazar".
No dia 13 de outubro de 1955, Alexandrina morreu dizendo:
"Sou feliz porque vou para o céu".
A 25 de abril de 2004 foi proclamada Bem-aventurada pelo papa João Paulo II, que a propôs como modelo dos que sofrem.
"Sou feliz porque vou para o céu".
A 25 de abril de 2004 foi proclamada Bem-aventurada pelo papa João Paulo II, que a propôs como modelo dos que sofrem.
Alexandrina Maria da Costa nasceu em Balasar, a 30 de Março de 1904. Desde os 20 anos viveu paralisada na cama devido a uma mielite na coluna, em consequência de um salto que deu de uma janela da sua casa, aos 14 anos, para defender a sua pureza contra três homens mal intencionados.
Na solidão do seu quarto, a Alexandrina tornou-se o anjo consolador de Jesus, presente em todos os Tabernáculos do mundo e, ao mesmo tempo, hóstia na Hóstia Divina, será com Jesus a vítima imolada para a salvação das almas.
Com efeito, a Alexandrina viverá misticamente, no corpo e no espírito, a Paixão de Jesus, desde a agonia do Getsémani até à Crucifixão no Calvário, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e profanações da Eucaristia.
Os Tabernáculos e os pecadores são a missão que Jesus lhe confia em 1934 e que nos é entregue nas inúmeras e belíssimas páginas do seu diário.
Por meio de Alexandrina, Jesus pede que:
"... seja bem pregada e propagada a devoção aos Sacrários, porque passam-se dias e dias que Me não visitam, não Me amam, não Me desagravam. Não crêem que Eu habito lá."
"Quero que se acenda nas almas a devoção para com estas prisões de Amor... "
"São tantos aqueles que, embora entrando nas igrejas, nem sequer Me saúdam e não param um momento a adorar-Me."
"Eu quereria muitos guardas fiéis, prostrados diante dos Sacrários, para impedirem tantos e tantos crimes." (1934)
Durante os últimos 13 anos de vida, a Alexandrina alimentou-se apenas da Eucaristia.
"Faço que tu vivas só de Mim – confia-lhe Jesus – para provar ao mundo o que vale a Eucaristia e o que é a minha vida nas almas: luz e salvação para a humanidade." (1954)
Poucos meses antes de morrer, Nossa Senhora disse-lhe:
"Fala às almas! Fala-lhes da Eucaristia! Fala-lhes do Rosário! Que se alimentem da Carne do Corpo de Cristo e do alimento da oração: do meu Rosário, todos os dias." (1955)
Em 1935 foi mensageira de Jesus para a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, solenemente efectuada por Pio XII em 1942.
Entre as paredes do seu quarto, a Alexandrina receberá multidões de pessoas que acolherá sempre sorrindo, não obstante os indizíveis e contínuos sofrimentos no corpo e no espírito.
O seu sorriso, tomado transparência do Céu, irradiação da Vida Divina, comoverá os corações das multidões que sairão daquele quarto, levando consigo a marca da mudança.
A 13 de Outubro de 1955, deu-se a passagem da Alexandrina da vida na terra à do Céu.
A 25 de Abril de 2004, a Igreja proclamou-a Beata para a glória de Deus e o júbilo de todos os seus filhos.
SOFRENDO AS DORES DA PAIXÃO
Balasar é uma extensa freguesia em mudança. É ver o que se passa nas Fontainhas. A auto-estrada passou-lhe a sul, sem aí romper um ansiado e justificado nó. Mas a devoção à Alexandrina, que a beatificação incrementou, faz-nos entrever alterações que mal imaginamos. É uma questão de tomar a sério o que lhe foi repetidamente anunciado.
O Casal Signorile, no livro "Figlia del dolore, madre di amore", traçou um amplo retrato de Balasar. O que se segue traduz, com alguma liberdade e mesmo modificações, o texto italiano.
"Balasar !"
"Um conjunto de muitos lugares disseminados entre verdes pradarias, campos bem cultivados com cereais e vinha, interrompidos por matas de pinho e eucalipto, num terreno um pouco ondulado que se estende ao longo das margens do rio Este, o qual, depois ter percorrido cerca de 15 km, depois de se juntar ao rio Ave, desagua no grande oceano Atlântico em Vila do Conde, perto da bela cidade da Póvoa de Varzim, a uns 30 km a norte do Porto: Póvoa é sede concelhia, e Balasar fica-lhe a cerca de 15 km para o interior.
Estamos na fértil região do Minho, no noroeste de Portugal. Para norte e noroeste entrevêem-se cadeias de montanhas. Aqui e além há pedreiras de ardósia. As casas são pequenas, baixas, com as fachadas muito limpas; algumas delas estão decoradas com azulejos, característica produção de Portugal (Aveiro, Sacavém...) Os habitantes são trabalhadores.
A igreja paroquial, dedicada a S. Eulália, domina de uma pequena elevação e foi inaugurada em 1907, em substituição da precedente, tornada muito pequena para a população de cerca de 1000 habitantes; a paróquia e faz parte da antiquíssima diocese de Braga, dita a «Roma de Portugal».
Desde 1832, por vários anos, Balasar foi meta de peregrinações em honra de uma Cruz aparecida misteriosamente na terra, a poucos metros da actual igreja. Para protecção desta Cruz foi construída uma Capela, ainda existente, que tem na frente a data 1832, esculpida em pedra. Por vários anos houve também uma Confraria, com o fim de promover a festa da Santa Cruz de Balasar.
Pouco mais de um século depois, Balasar torna a ser meta de numerosas peregrinações: o povo é atraído pela fama de Alexandrina Maria da Costa, que aí viveu muitos anos «crucificada».
Não é arbitrário relacionamento aqui feito entre a Cruz na terra e a Alexandrina crucificada. De facto, em dois êxtases, respectivamente de Dezembro de 1947 e de Janeiro de 1955, Alexandrina ouve Jesus aponta aquela Cruz na terra, enviada como “sinal” da vítima, a própria Alexandrina, que nasceria em Balasar para aí ser crucificada. Eis, alguns excertos daqueles êxtases que se referem à Cruz de Balasar."
O TÚMULO DA BEATA ALEXANDRINA
Os restos mortais da Beata Alexandrina guardam-se na Igreja Paroquial de Balasar. Ultimamente o seu túmulo foi submetido a um arranjo que muito o beneficiou.
Ao lado direito do túmulo, está exposto um artístico relicário onde se pode ver um osso da Beata de Balasar.
Em 14 de Junho de 1946, Jesus fez à Alexandrina uma promessa muito generosa e muito importante :
« Todas as almas que visitarem o teu túmulo serão salvas ».
Veja-se um pouco do contexto em que ela surge:
— Vai, louquinha das almas, vai ditar tudo: tens a força divina, tens o Espírito Santo. Vai dá-Lo às almas, vai dar a Sua luz com todas as riquezas que de Mim recebeste.
Prometo-te – confia – que depois da tua morte todas as almas que visitarem o teu túmulo serão salvas, a não ser que o visitem para prevalecer no pecado, abusando da grande graça que por ti lhes dei.
Para todas as que visitarem o teu túmulo se salvarem, necessitam doutras graças, que não são precisas às que o teu leito visitarem, mas por ti lhes serão dadas.
São promessas minhas, sou o teu Jesus: prometo e não falto!
E em 27 de Dezembro do mesmo ano acrescenta Jesus:
Eu farei, filha querida, que se operem milagres, que haja essas curas de almas não só aqui, mas também quando tocarem no teu túmulo, por não poderem tocar o teu corpo.
O túmulo da Beata Alexandrina
Prometo-te, minha filha, conceder-te a graça dessas curas repentinas.
Mas Jesus não se cansa de alargar a dimensão da promessa; em 23 de Abril de 1948, fala-lhe assim:
Pela missão te dei, pela mais alta missão, Eu farei, depois da tua morte, que não só aqueles pecadores que ti invocarem com confiança e junto do teu túmulo te pedirem graças e a sua conversão sejam salvos, mas farei que a muitos lhes venhas assistir à morte, à sua passagem para a eternidade.
Quantos por ti serão acompanhados à Pátria Celeste! Quantas graças a muitos serão concedidas, quando já repousares no campo santo!
E já no fim da sua vida terrena, em treze de Maio de 1955, garantiu-lhe:
Vai, minha filha, vai para o teu inigualável sofrimento. (...)
Depois da tua morte, o teu túmulo, a tua sepultura há-de falar intimamente a milhares, a milhares de pecadores: as almas hão-de ir junto de ti e, por ti, como agora, continuarão a ser enriquecidas.
E ouçam-se ainda estas promessas, já não ligadas à visita ao túmulo, e que datam respectivamete de 9 de Março de 1945 e 19 de Novembro de 1954:
As virtudes da tua vida aqui na terra brilharão, cintilarão como estrelas no Céu; espalharão o seu brilho ao mundo inteiro, ao mundo que é teu(confiou-lho para o salvar).
Tu vens para o Céu, mas a tua bênção, o orvalho fecundo do teu amor cairá sempre sobre a terra enquanto ela existir.
Relicário
da Beata Alexandrina
Como prêmio da tua vida sofredora na terra, vou dar-te todas as minhas bênçãos, graças, amor com meios de salvação para que toda a Terra por ti seja favorecida até ao fim dos séculos.