São João Batista de Rossi
1698-1764
João Batista de Rossi nasceu no dia 22 de fevereiro de 1698, em Voltagio, na província de Gênova, Itália. Aos dez anos, foi trabalhar para uma família muito rica em Gênova como pajem, para poder estudar e manter-se. Três anos depois, transferiu-se, definitivamente, para Roma, morando na casa de um primo que já era sacerdote e estudando no Colégio Romano dos jesuítas. Lá se doutorou em filosofia, convivendo com os melhores e mais preparados de sua geração de clérigos. Depois, os cursos de teologia ele concluiu com os dominicanos de Minerva.
A todo esse esforço intelectual João Batista acrescentava uma excessiva carga de atividade evangelizadora, mesmo antes de ser ordenado sacerdote, junto aos jovens e às pessoas abandonadas e pobres. Com isso, teve um esgotamento físico e psicológico tão intenso que desencadearam os ataques epiléticos e uma grave doença nos olhos. Nunca mais se recuperou e teve de conviver com essa situação o resto da vida. Contudo ele nunca deixou de praticar a penitência, concentrada na pouca alimentação, minando ainda mais seu frágil organismo.
Recebeu a unção sacerdotal em 1721. Nessa ocasião, devido à experiência adquirida na direção dos grupos de estudantes, decidiu fundar a Pia União de Sacerdotes Seculares, que dirigiu durante alguns anos. Por lá, até o final de 1935, passaram ilustres personalidades do clero romano, alguns mais tarde a Igreja canonizou e outros foram eleitos para dirigi-la.
Entretanto João Batista queria uma obra mais completa, por isso fundou e também dirigiu a Casa de Santa Gala, para rapazes carentes, e a Casa de São Luiz Gonzaga, para moças carentes. Aliás, esse era seu santo preferido e exemplo que seguia no seu apostolado.
O seu rebanho eram os mais pobres, doentes, encarcerados e pecadores. Tinha o dom do conselho, era atencioso e paciente com todos os fiéis, que formavam filas para se confessarem com ele. O tom de consolação, exortação e orientação com que tratava seus penitentes atraía cristãos de toda a cidade e de outras vizinhanças. João Batista era incansável, dirigia tudo com doçura e firmeza, e onde houvesse necessidade de algum socorro ali estava ele levando seu fervor e força espiritual.
Quando seu primo cônego morreu, ele foi eleito para sucedê-lo em Santa Maria, em Cosmedin, Roma. Mas acabou sendo dispensado da obrigação do coro para poder dedicar-se com maior autonomia aos seus compromissos apostólicos.
Aos sessenta e seis anos de idade, a doença finalmente o venceu e ele morreu no dia 23 de maio de 1764, tão pobre que seu enterro foi custeado pela caridade dos devotos. João Batista de Rossi foi canonizado pelo papa Leão XIII em 1881, que marcou sua celebração para o dia de sua morte.
Em uma observação rápida, a vida de São João Batista de Rossi foi bastante comum. Um simples padre que durante quarenta anos trabalho nas paróquias de Roma. Mas, sua vida espiritual serviu de exemplo para milhares de necessitados - doentes, mendigos, prostitutas, trabalhadores braçais - que viviam em condições precárias. Durante o dia, ele cuidava de doentes em hospitais, a noite em abrigos para o povo da rua.
Trabalhadores da área da saúde podem ter São João Batista de Rossi como modelo. Antes de anunciar a um doente terminal a salvação da alma, procurava de todas as maneiras aliviar seus sofrimentos físicos. Não poupava-se de nenhuma situação, fosse qual fosse o estado de deterioração do doente e repugnantes fossem sua feridas. E este desprendimento conquistava as pessoas. Certa vez, um jovem que estava a morrer de sífilis chamou a atenção do padre, que o tratou com muitos cuidados. Tocado pela sua humildade, o jovem convenceu-se dos erros que havia cometido em vida, fez uma confissão geral muito proveitosa e, logo após receber a absolvição, faleceu.
Outros padres e muitos penitentes admiravam-se da sua capacidade par ajudar as pessoas durante confissões. Com poucas palavras, era capaz de iluminar e modificar suas vidas de maneira permanente. Em uma ocasião, procurou-o um jovem que vivia sozinho e mantinha relações sexuais quase diariamente com uma mulher casada, que o visitava a pretexto de ajudá-lo a manter as roupas limpas. São João Batista de Rossi mostrou-lhe a gravidade do pecado e poucos minutos convenceu-o a abandonar este vício. Como sinal de conversão, no dia seguinte o jovem lhe trouxe uma pilha de suas melhores roupas, justamente as que serviam de pretexto para seus pecados.
A todos instigava para que seguissem seu exemplo no cuidado das almas. Eis aqui trecho de um dos seus sermões:
A ignorância é a lepra da alma. Quantos leprosos existem na igreja de Roma hoje em diante. onde muitas pessoas não sabem o que é necessário para a salvação de suas armas? É nossa tarefa nos esforçarmos para curar esta doença.
Assim como o menino Jesus, temos que nos ocupar dos negócios de nosso Pai - a salavação das almas de nossos irmãos e irmãs. As almas de nossos vizinhos estão em nossas mãos, e quantas são perdidas por nosso desleixo? Os doentes morrem sem uma preparação adequada porque nós não dispendamos tempo nem esforços para prepará-los adequadamente, cuidar cuidadosamente de cada um deles em particular. Se tivermos um pouco mais de paciência, um pouco mais de perseverança, um pouco mais de amor, poderemos guiar estas pobres almas aos céus.
Muitos de nós evitamos ir aos hospitais por medo de infecções ou da visão e odor daqueles que estão a esperar por nós. Coragem! Não estamos neste mundo para seguirmos nosso próprio prazer, mas para imitar o Senhor. Se experitamos certa repugnância em nosso trabalho, seja pela sua natureza, seja por certo desprezo aos pobres, lembremos o exemplo de São Franscisco de Sales. Ele não recusava qualquer trabalho, não se importava coma fadiga, e foi recompesado com o retorno de milhares de almas à Igreja. Quando reprovado por ter encurtado sua vida devido a todas estas atividades, respondeu: "Não é ncessário que eu viva, mas é fundamental que almas sejam salvas". Este deve ser nosso moto.
Em uma pregação para outros padres, disse:
Os pobres vem a Igreja cansados e distraídos por seus muitos problemas diários. Se fizeres um longo sermão, não conseguem acompanhar. Dê-lhes uma idéia simples que possam levar para casa, não meia dúzia delas, pois a segunda vai deslocar a primeira, e nenhuma será lembrada ao final.
São João Batista de Rossi, ele mesmo sofreu as consequencias de seu serviço incansável, teve um infarto em 1763 e morreu um ano após.Foi canonizado pelo Papa Pio IX, em 13 de Maio de 1860. O processo havia sido iniciado logo após sua morte, mas devido à guerras e revoluções que de certa forma envolveram a Igreja, não foi devidamente considerado por cerca de 90 anos. O Papa Leão XIII o canonizou em 8 de Dezembro de 1881. Uma igreja em sua honra também teve sua construção atrasada por muitos anos, devido às guerras mundiais. A Igreja foi consagrada em 22 de Maio de 1965 e suas relíquias foram para lá transferidas no dia seguinte.