São João de Sahagun
1430-1479
João de Sahagún foi sacerdote antes de ter se tornado um frei agostiniano.
Sincero e humilde, ele foi um dos maiores pregadores que a Espanha já conheceu. Promotor da paz e defensor da justiça na sociedade, sua defesa dos direitos dos trabalhadores é outro fato marcante em sua vida. A devoção à Eucaristia marcou todos os aspectos da vida de São João de Sahagún.
Ele nasceu por volta de 1430 em São Fagondez, hoje Sahagún, de uma família distinta. Desde bem jovem ele deu sinais de santidade.
João foi fruto de ardentes orações de seus pais depois de 16 anos de infertilidade. Deus ainda abençoou o casal com mais sete crianças. Seu pai se chamava John Gonzalez de Castrillo e sua mãe Sancia Martinez.
Sua educação inicial foi confiada aos Beneditinos do mosteiro de São Fagondez, sua cidade natal.
Ainda jovem, seu pai (de acordo com o costume da época) procurou e conseguiu para ele um benefício eclesiástico que lhe garantiria uma renda substancial. Isto não estava em seus planos e era contrário às suas convicções. João renunciou a essa posição confortável e lucrativa pois ele considerava o benefício como uma oposição aos desígnios de Deus. Sua família ficou muito desapontada.
Levando em conta seu ideal, ele foi apresentado e colocado à serviço do bondoso Bispo de Burgos, Afonso de Cartagena, que, impressionado pelas suas qualidades, continuou a educação de João de Sahagún em sua própria residência e o ordenou sacerdote em 1445.
O que se seguiu foi um trabalho administrativo na cúria e uma promessa de uma indicação para cônego. Novamente, João recusou tais perspectivas de carreira e ficou somente com o trabalho em uma capela, servindo zelosamente pela salvação das almas. Mas a vida de sacerdote não trouxe total satisfação ao seu ideal. Nem sequer a promessa de ser cônego o reteve. Ele buscava serviços que preenchessem melhor todos os seus ideais.
Assim, desejando uma entrega mais completa a Deus e acreditando que uma melhor compreensão de teologia seria benéfico, obteve permissão de seu bispo e foi estudar teologia em Salamanca. Ao mesmo tempo em que prosseguia nos estudos - que durou quatro anos -, dedicou-se à pregação. Ele exerceu seu ministério sagrado na capela da Faculdade de São Bartolomeu, na paróquia são Sebastião, onde trabalhou por nove anos.
O jovem padre já era visto como um Santo, tão ardente era sua devoção à Santa Missa. Ainda não satisfeito, ele escolheu entrar na Ordem dos Agostinianos e seguiu o caminho da santidade através de um profundo amor pela Eucaristia, por meio da pregação e, principalmente, um incansável promotor e realizador da paz e defensor dos direitos dos trabalhadores.
Foi em 1463 que ele fez o pedido de admissão e ingressou no dia 18 de junho do mesmo ano na Ordem de Santo Agostinho, logo depois de ter doado para um pobre homem metade de suas roupas. Na noite seguinte experimentou tão grande aumento no amor de Deus que ele se refere a esse fato como sua conversão. Ele emitiu seus votos no dia 28 de agosto de 1464.
O frei João de Sahagún foi um modelo de religioso e logo lhe foi confiado importantes cargos na Ordem: mestre de noviços e prior do convento da cidade de Salamanca, entre outros. João de Sahagún comandava bem pois sabia obedecer como ninguém. Quando ele observava em si mesmo um pequenino defeito em sua obediência, ele reparava o erro com penitências extraordinárias.
Cheio de humildade e sinceridade, infatigável pregador, prosseguiu promovendo a paz, a convivência social, defendendo os direitos dos humildes e trabalhadores.
Profundamente devoto da Eucaristia, freqüentemente quando oferecia o adorável Sacrifício com tenra piedade, ele se deliciava com a visão de Jesus na glória e teve doces colóquios com Ele. O inefável êxtase desses momentos lhe fez passar muito mais tempo celebrando a Eucaristia do que os outros padres e todos estavam reclamando. Seu Superior então o proibiu de atrasar as missas daquela maneira.
Como ele tinha o dom de penetrar nos segredos da consciência, não era fácil enganá-lo. Assim, quem o procurava invariavelmente acabava por fazer uma boa confissão, que era o primeiro passo para começar a corrigir os erros e pecados da vida.
Em seus sermões, assim como aconteceu com são João Batista, ele pregava sem medo a palavra de Deus e denunciava crimes e erros, mesmo que isso ofendesse poderosos. Isso fez com que ele colecionasse muitos inimigos.
O poder de sua santidade pessoal estava estampado na sua pregação, o que produziu uma reforma completa na moral em Salamanca. Ele tinha um dom especial para reconciliar diferenças e foi capaz de terminar com lutas e disputas entre nobres, na época realidade muito comum e fatal. A coragem mostrada por São João em reprovar os erros colocou sua vida em perigo.
Um dos contemporâneos dá testemunho do caráter de João de Sahagún:
Se você me perguntar sobre as ações de frei João em relação ao pobre e ao afligido, viúvas e crianças exploradas, necessitados e doentes, eu diria que ele era naturalmente compelido a ajudá-los com palavras e ações. Ele era particularmente interessado em liderar a paz e a harmonia e colocar fim às hostilidades. Morando em Salamanca, onde a cidade inteira estava dividida em facções, ele teve sucesso em evitar muito derramamento de sangue.
Devido às constantes iniciativas de paz, os nobres de Salamanca que eram inimigos entre si assinaram um tratado solene e perpétuo de paz em 1476.
Certa ocasião, um poderoso nobre, tendo sido corrigido por João por oprimir os que para ele trabalhavam, enviou dois assassinos para matá-lo. Mas o aspecto reconhecidamente santo de João, resultado da constante paz que reinava em sua alma, refletiu em respeito e admiração neles e eles não puderam executar a ordem dada e humildemente pediram seu perdão. O próprio mandante, o nobre poderoso, ficou doente, mas, arrependido, recuperou a saúde por meio de orações do Santo que ele havia desejado matar.
São João foi também muito zeloso em denunciar os erros da impureza e foi em defesa da santa pureza que ele encontrou sua morte. Uma senhora de nascimento nobre mas vida desregrada, cujo companheiro de cama o santo havia convertido, preparou a administração de uma dose fatal de veneno para o santo. Depois de meses de sofrimento terrível, suportado com paciência exemplar, São João partiu para a casa do Pai no dia 11 de junho de 1479, em Salamanca.
Nos 16 anos como agostiniano ele ganhou a reputação de grande santidade. Um número grande de milagres se seguiu em sua tumba e outros lugares, mesmo pela simples evocação de seu nome.
Seu processo de beatificação começou em 1525 e já em 1601 ele foi declarado beato. Ele foi canonizado em 16 de outubro de 1690 pelo Papa Alexandre VIII. Em arte, ele é representado segurando um cálice com a Hóstia Sagrada envolta em raios de luz.
A morte dolorosa e a razão pela qual ele sofreu fizeram com que vários historiadores afirmassem que ele conquistou a coroa do martírio.
Suas relíquias conservam-se na catedral nova de Salamanca, cidade cheia de lugares cujos nomes recordam as obras do santo em vida e depois de morto. Com sua morte, João deixou a cidade completamente transformada e a vida espiritual de seus habitantes renovada de maneira admirável. São João é honrado como o patrono da cidade e da diocese de Salamanca.
Oração: Deus, autor da paz e fonte da caridade, que destes a São João de Sahagún a graça maravilhosa de pacificar os ânimos; fazei que nós, a seu exemplo, permaneçamos firmes na caridade e jamais nos separemos do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
URNA COM RELÍQUIAS DE SÃO JOÃO DE SAHAGUN NA CAPELA DA CATEDRAL DE BURGOS-ESPANHA
URNA COM RELÍQUIAS DE SÃO JOÃO DE SAHAGUN NA CAPELA DA CATEDRAL DE BURGOS-ESPANHA