Dificuldade da escritora em escrever o mistério
123. Na presença dos habitantes do céu e da terra, e do Deus etemo Criador universal, quero confessar que ao tomar a pena, para escrever sobre o arcano mistério da Encarnação, perturbo-me: desfalecem minhas fracas forças, emudece-me a língua, paralisa meu raciocínio, pasmam minhas potências, e sentindo-me totalmente inibida, com a inteligência submersa, volto-me para a divina luz que me governa e instrui. Nela tudo se conhece e se entende claramente sem qualquer engano. Vejo minha incapacidade, percebo o vácuo das palavras e a limitação dos termos para exprimir os conceitos de um sacramento que, em resumo, encerra o próprio Deus e a maior obra e maravilha de sua onipotência. Vejo, neste mistério, a divina e admirável harmonia da infinita providência e sabedoria com que o ordenou e preparou desde a eternidade. Desde a criação o veio encaminhando, usando de todas as suas obras e criaturas como ajustados meios a contribuírem para o altíssimo fim de sua descida ao mundo como Deus e homem.
Estado da humanidade ao tempo da Encarnação
124. Vejo que, para descer do seio de seu Pai, o Verbo etemo aguardou e escolheu a hora propícia da silenciosa meia noite (Sab 18,14) da ignorância dos mortais. Encontrava-se toda a posteridade de Adão sepultada no sono do esquecimento e ignorância de seu verdadeiro Deus. Não havia quem abrisse a boca para confessá-lo e bendizê-lo, salvo alguns poucos dentre seu povo escolhido. O resto do mundo achava-se no silêncio e nas trevas, havendo transcorrido a longa noite de quase cinco mil e duzentos anos. Sucederam-se os séculos e neles as gerações, cada qual no tempo pre-estabelecido pela eterna Sabedoria, para que todos pudessem conhecer e encontrar seu Criador, pois lhes estava tão próximo que n'Ele (At 18, 27¬ 28) tinham vida e movimento. Como, porém, não chegar ao claro dia da luz inacessível, andavam os mortais mais ou menos às cegas, sem atinarem com a Divindade. Desconhecendo a (Rom 1 , 23), atribuíam-na à s coisas sensíveis e mais vis da terra.
As operações das três Pessoas divinas no mistério da Encarnação
125. Chegou, portanto, o feliz dia em que o Altíssimo, não levando em conta os longos séculos de tão profunda ignorância (At 17 , 30), determinou manifestar-se aos homens e dar princípio à redenção do gênero humano, assumindo a natureza humana nas entranhas de Maria santíssima, preparada para este mistério, como se disse. Para melhor explicar o que dele me é manifestado, é forçoso antecipar alguns ocultos sacramentos sucedidos antes que o Unigênito do Eterno Pai descesse do seu seio.
Fica suposto que entre as divinas Pessoas, conforme ensina a fé, não há desigualdade de sabedoria, onipotência e demais atributos, como tampouco a pode haver na substância da divina natureza. Sendo iguais na infinita dignidade e perfeição, também o são nas operações chamadas: "ad extra", porque saem de Deus para produzir algum a criatura ou coisa temporal. Estas operações são comuns às três divinas Pessoas; são feitas pelas três enquanto são um mesmo Deus, com a mesma sabedoria, entendimento e vontade. Assim como o Filho sabe, quer e faz o mesmo que o Pai sabe, quer e faz; também o Espírito Santo sabe, quer e faz o mesmo que o Pai e o Filho.
Fica suposto que entre as divinas Pessoas, conforme ensina a fé, não há desigualdade de sabedoria, onipotência e demais atributos, como tampouco a pode haver na substância da divina natureza. Sendo iguais na infinita dignidade e perfeição, também o são nas operações chamadas: "ad extra", porque saem de Deus para produzir algum a criatura ou coisa temporal. Estas operações são comuns às três divinas Pessoas; são feitas pelas três enquanto são um mesmo Deus, com a mesma sabedoria, entendimento e vontade. Assim como o Filho sabe, quer e faz o mesmo que o Pai sabe, quer e faz; também o Espírito Santo sabe, quer e faz o mesmo que o Pai e o Filho.
Petições do Verbo a favor dos homens
126. Com esta união inseparável, as três Pessoas realizaram a Encarnação num mesmo ato, embora somente a pessoa do Verbo haja assumido a natureza humana, unindo-a a Si hipostaticamente. Por isto, dizemos que o Filho foi enviado pelo eterno Pai, de cujo entendimento procede, e que o Pai o enviou por obra do Espírito Santo, que interveio nesta missão.
Antes de sair do seio do Pai, descer dos céus e vir encarnar-se no mundo, a pessoa do Filho fez, naquele divino consistório, um pedido: Em nome da humanidade, à qual iria unir sua Pessoa, apresentou seus merecimentos previstos para, mediante eles, ser concedido a todo gênero humano a redenção e perdão dos pecados, pelos quais satisfaria ajustiça divina. Pediu o fiat da santíssima vontade do Pai que o enviava, aceitando o resgate por meio de suas obras, paixão santíssima e dos mistérios que desejava realizar em a nova Igreja e lei da graça.
Antes de sair do seio do Pai, descer dos céus e vir encarnar-se no mundo, a pessoa do Filho fez, naquele divino consistório, um pedido: Em nome da humanidade, à qual iria unir sua Pessoa, apresentou seus merecimentos previstos para, mediante eles, ser concedido a todo gênero humano a redenção e perdão dos pecados, pelos quais satisfaria ajustiça divina. Pediu o fiat da santíssima vontade do Pai que o enviava, aceitando o resgate por meio de suas obras, paixão santíssima e dos mistérios que desejava realizar em a nova Igreja e lei da graça.
A redenção universal
127. Aceitou o Eterno Pai esta petição e méritos previstos do Verbo, concedeu-lhe quanto pedira para os mortais, confiou-lhe sua herança, os escolhidos e predestinados. Por isto, disse Cristo nosso Senhor, por São João (28, 9), que não tinham perecido os que o Pai lhe dera, pois guardara a todos (idem 18,12) exceto Judas, o filho da perdição. Disse ainda, noutra vez, que ninguém arrebataria de suas mãos, nem de seu Pai, uma só de suas ovelhas (idem 10,28). O mesmo valeria para todos os nascidos, se cooperassem para merecer a eficácia da Redenção, suficiente para todos. Ninguém seria excluído pela divina misericórdia, se por meio do Redentor a quisesse aceitar.
O Verbo desce do céu
128. Tudo isto (a nosso modo de entender) passava-se no céu, em o trono da Santíssima Trindade, antes do fiat de Maria Santíssima, como logo direi. No momento do Unigênito do Pai descer a suas virginais entranhas, abalaram-se os céus e todas as criaturas. Por causa de sua união inseparável, as três divinas Pessoas desceram com a do Verbo, que seria a única a encarnar. Com o Senhor e Deus dos exércitos, saíram todos os da celestial milícia, cheios de invencível fortaleza e esplendor. Não era necessário abrir caminho, porque a Divindade tudo enche e está em todo o lugar, não podendo ser por nada estorvada. Apesar disto, os céus materiais, respeitando o seu Criador, fizerem-lhe reverência e abriram-se os onze (1) com os elementos inferiores. As estrelas renovaram sua luz, a lua, o sol e demais planetas apressaram o curso em homenagem ao seu Criador, e para se acharem presentes à maior de suas obras e maravilhas.
1 - onze céus
Poucas pessoas perceberam a vinda do Verbo ao mundo
129. Não perceberam os mortais esta comoção e novidade das criaturas, tanto por haver acontecido à noite, como porque Deus queria manifestá-la apenas aos Anjos. Com nova admiração louvaram-no conhecendo tão ocultos e veneráveis mistérios escondidos aos homens, que estavam longe de tais maravilhas e admiráveis benefícios. Por então, somente os Anjos estavam incumbidos de dar por eles glória, louvor e veneração ao Criador. Apenas no coração de alguns justos, infundiu o Altíssimo, naquela hora, particular moção de extraordinário júbilo. Sentindo-a, conceberam novos e grandes conceitos do Senhor. Alguns foram inspirados, suspeitando que tal novidade seria talvez efeito da vinda do Messias para salvar o mundo. Todos, entretanto, guardaram silêncio, pois cada qual imaginava ter sido o único a sentir tais novidades e pensamentos. Tudo era assim disposto pelo poder divino.
Efeitos na criação no limbo e no inferno
130. Houve renovação e mudança também nas demais criaturas. As aves agitaram-se com cantos e alvoroço extraordinário. As árvores e plantas melhoraram seus frutos e fragrâncias e todas as demais criaturas, respectivamente, foram reanimadas com alguma oculta mudança. A maior comoção, porém, foi a dos Pais e Santos que estavam no limbo. O arcanjo São Miguel foi enviado para lhes transmitir a feliz notícia que muito os consolou, deixando-os repletos de júbilo e louvores.
Somente para o inferno houve novo pesar e dor. Ao descer das alturas o Verbo eterno, sentiram-se os demônios arrastados pela impetuosa força do poder divino, como ondas do mar, e precipitados no fundo daquela s tenebrosas cavernas, sem poderem resistir nem se levantar. Depois que lhes permitiu a vontade divina, saíram e percorreram o mundo, investigando se haveria alguma novidade para justificar o que haviam sofrido. Não puderam, contudo, suspeitar a causa, ainda que tivessem feito alguns conciliábulos para descobri-la. O poder divino ocultou-lhes o mistério da Encarnação e o modo como Maria Santíssima concebera o Verbo, conforme adiante veremos (2). Somente quando Cristo morreu na Cruz é que souberam, com certeza, que Ele era Deus e homem verdadeiro, como nessa passagem explicaremos.
2-n°326
S. Gabriel na presença de Maria
131. Passo a narrar como o Altíssimo realizou este mistério. Acompanhado de inumeráveis anjos em forma humana visível, de refulgente e incomparável beleza, São Gabriel Arcanjo, na forma que disse no capítulo passado (3), entrou no aposento onde rezava Maria Santíssima. Era quinta-feira, pelas sete horas da tarde, ao cair da noite. Viu-o a divina Princesa dos céus e olhou-o com grande modéstia e retraimento, apenas o necessário para reconhecê-lo. Vendo que era um anjo do Senhor, quis fazer-lhe reverência. Não lho permitiu o santo Príncipe, mas ele é que lhe fez profunda vênia como à Rainha e Senhora, em quem adorava os divinos mistérios do Criador. Além disso, estava ciente que, desde esse dia, mudavam-se os antigos tempos e o costume dos homens adorarem (4) os anjos, como o fez Abraão (Gn 28,2). Elevada a natureza humana, na pessoa do Verbo, à dignidade divina, ficavam os homens adotados por filhos seus e companheiros ou irmãos dos anjos. Assim disse a São João (Apoc 19, 10) aquele Anjo que também não consentiu em ser adorado pelo Evangelista.
Saudação do arcanjo.
Perturbação da Virgem.
132. Saudou o santo Arcanjo à sua e nossa Rainha, dizendo-lhe: "Ave, cheia de graça (Lc 1, 28), o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres". Perturbou-se, sem agitação, a mais humilde das criaturas, ao ouvir esta singular saudação do anjo.
Duas foram as causas desta perturbação. Primeira, a profunda humildade com que se reputava inferior a todos os mortais. Julgar de si tão baixamente e ser saudada como bendita entre todas as mulheres, causou-lhe surpresa. A segunda causa foi porque, enquanto ouvia e ponderava interiormente a saudação, recebeu do Senhor inteligência de que a escolhera para sua Mãe. Isto a perturbou muito mais, por causa do conceito que de si formara.
Duas foram as causas desta perturbação. Primeira, a profunda humildade com que se reputava inferior a todos os mortais. Julgar de si tão baixamente e ser saudada como bendita entre todas as mulheres, causou-lhe surpresa. A segunda causa foi porque, enquanto ouvia e ponderava interiormente a saudação, recebeu do Senhor inteligência de que a escolhera para sua Mãe. Isto a perturbou muito mais, por causa do conceito que de si formara.
Por causa dessa perturbação o Anjo prosseguiu, declarando-lhe a ordem do Senhor: "Não temas, Maria, porque achaste graça diante do Senhor (Lc 1, 30, 31, 32); conceberás um filho em teu seio, dá-lo-às à luz e lhe porás o nome de Jesus; Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo". E o mais que disse o Santo Arcanjo.
3-n°113
4 - Aqui como em outras passagens, "adoração" significa profunda veneração. Não se confunda com a adoração de latria, devida só a Deus. (Nota da Tradutora)
Maria expõe ao anjo seu compromisso de perpétua virgindade
133. Entre todas as criaturas, somente nossa prudentíssima e humilde Rainha foi capaz de avaliar devidamente tão prodigioso sacramento: e porque compreendeu sua grandeza, dignamente se admirou e perturbou. Voltou, porém, seu humilde coração ao Senhor que nada lhe podia recusar e, em silêncio, pediu-lhe nova luz e assistência para se orientar em tão ingente empreendimento.
Como disse no capítulo passado (5) ao se realizar este mistério, deixou-a o Altíssimo no estado comum da fé, esperança e caridade, suspendendo outros gêneros de favores e elevações interiores, que frequentemente, ou continuamente, recebia.
Nestas disposições, respondeu a São Gabriel o que narra São Lucas (1, 24): Como sucederá isto de conceber e ter um filho, se não conheço varão, nem o posso conhecer? Ao mesmo tempo, expunha interiormente ao Senhor o voto de castidade que fizera, e o desposório que com Ele celebrara.
5 - nº 119
Esclarecimento do anjo
134. Respondeu-lhe o príncipe São Gabriel (Lc 1 , 35): Senhora, sem conhecer varão é fácil ao poder divino fazer-vos Mãe. O Espírito Santo virá sobre vós, a força o Altíssimo vos fará sombra, para de vós nascer o Santos dos santos, que se chamará Filho de Deus. Sabei que vossa prima Isabel (Lc , 36), em sua velhice estéril, também concebeu um filho, encontrando-se no sexto mês da concepção, porque nada é impossível para Deus. Quem faz conceber e dar á luz a estéril, pode fazer que vós, Senhora, chegueis a ser Mãe, ficando sempre Virgem, com vossa grande pureza ainda mais consagrada. Ao Filho que vos nascer, Deus dará o trono de seu pai Davi; e seu reino será eterno na casa de Jacó (Lc 1, 32). Não ignorais, Senhora, a profecia de Isaías (7, 14) que uma Virgem conceberá e terá um filho que se chamará Emanuel, que quer dizer Deus conosco. Esta profecia infalível se cumprirá em vossa pessoa. Conheceis também o grande mistério da visão de Moisés: a sarça ardente (Ex3, 2) sem se consumir pelo fogo, significando as duas naturezas divinas, divina e humana. Esta não será aniquilada pela divina, como não será violada a virginal pureza da Mãe do Messias, que o conceberá e dará à luz. Lembrai-vos também, Senhora, da promessa feita por nosso eterno Deus ao patriarca Abraão (Gn 15, 16), que depois do cativeiro de sua posteridade no Egito, na quarta geração voltariam a esta terra. O mistério desta promessa consistia em que nesta quarta geração (6), por vosso intermédio, Deus humanado resgataria toda a linhagem humana da tirania do demônio.
E escada que Jacó viu em sonhos (Gn 28, 13) foi clara figura do caminho real que o Verbo eterno em carne humana abriria para os mortais subirem aos céu, e os anjos descerem à terra. A esta desceria o Unigênito do Pai para conviver com os homens e comunicar-lhes os tesouros de sua divindade, concedendo-lhes a participação nas virtudes e perfeições de seu ser imutável e eterno.
133. Entre todas as criaturas, somente nossa prudentíssima e humilde Rainha foi capaz de avaliar devidamente tão prodigioso sacramento: e porque compreendeu sua grandeza, dignamente se admirou e perturbou. Voltou, porém, seu humilde coração ao Senhor que nada lhe podia recusar e, em silêncio, pediu-lhe nova luz e assistência para se orientar em tão ingente empreendimento.
Como disse no capítulo passado (5) ao se realizar este mistério, deixou-a o Altíssimo no estado comum da fé, esperança e caridade, suspendendo outros gêneros de favores e elevações interiores, que frequentemente, ou continuamente, recebia.
Nestas disposições, respondeu a São Gabriel o que narra São Lucas (1, 24): Como sucederá isto de conceber e ter um filho, se não conheço varão, nem o posso conhecer? Ao mesmo tempo, expunha interiormente ao Senhor o voto de castidade que fizera, e o desposório que com Ele celebrara.
5 - nº 119
Esclarecimento do anjo
134. Respondeu-lhe o príncipe São Gabriel (Lc 1 , 35): Senhora, sem conhecer varão é fácil ao poder divino fazer-vos Mãe. O Espírito Santo virá sobre vós, a força o Altíssimo vos fará sombra, para de vós nascer o Santos dos santos, que se chamará Filho de Deus. Sabei que vossa prima Isabel (Lc , 36), em sua velhice estéril, também concebeu um filho, encontrando-se no sexto mês da concepção, porque nada é impossível para Deus. Quem faz conceber e dar á luz a estéril, pode fazer que vós, Senhora, chegueis a ser Mãe, ficando sempre Virgem, com vossa grande pureza ainda mais consagrada. Ao Filho que vos nascer, Deus dará o trono de seu pai Davi; e seu reino será eterno na casa de Jacó (Lc 1, 32). Não ignorais, Senhora, a profecia de Isaías (7, 14) que uma Virgem conceberá e terá um filho que se chamará Emanuel, que quer dizer Deus conosco. Esta profecia infalível se cumprirá em vossa pessoa. Conheceis também o grande mistério da visão de Moisés: a sarça ardente (Ex3, 2) sem se consumir pelo fogo, significando as duas naturezas divinas, divina e humana. Esta não será aniquilada pela divina, como não será violada a virginal pureza da Mãe do Messias, que o conceberá e dará à luz. Lembrai-vos também, Senhora, da promessa feita por nosso eterno Deus ao patriarca Abraão (Gn 15, 16), que depois do cativeiro de sua posteridade no Egito, na quarta geração voltariam a esta terra. O mistério desta promessa consistia em que nesta quarta geração (6), por vosso intermédio, Deus humanado resgataria toda a linhagem humana da tirania do demônio.
E escada que Jacó viu em sonhos (Gn 28, 13) foi clara figura do caminho real que o Verbo eterno em carne humana abriria para os mortais subirem aos céu, e os anjos descerem à terra. A esta desceria o Unigênito do Pai para conviver com os homens e comunicar-lhes os tesouros de sua divindade, concedendo-lhes a participação nas virtudes e perfeições de seu ser imutável e eterno.
6 • À margem de seu autógrafo, Sor Maria de Jesus acrescentou o seguinte: "O mistério desta quarta geração procede do fato de existirem quatro espécies de gerações: 1ªa de Adão, sem pai nem mãe; 2ª a de Eva, sem mãe; 3ª a concepção de pai e mãe comum a todos; 4ª de mãe sem pai, que é a de Jesus Cristo, nosso Senhor."
Maria reflete na magnitude do mistério
135. Com estas e muitas outras razões, procurou o Embaixador celeste desvanecer a perturbação de Maria Santíssima. Seus argumentos se resumiam à fé nas antigas promessas e profecias da Escritura, e no infinito poder do Altíssimo. Todavia, como a Senhora excedia aos próprios anjos em sabedoria, prudência e santidade, prorrogava a resposta para dá la com a justeza com que a deu. Foi tal como convinha ao maior dos mistérios e sacramentos do poder divino. Ponderou esta grande Senhora que de sua resposta dependia o desempenho da Santíssima Trindade no cumprimento de suas promessas e profecias, o mais agradável e aceitável sacrifício de quantos lhe haviam sido oferecidos. Dependia a abertura das portas do paraíso, a vitória sobre o inferno, a redenção de todo gênero humano. Dependia a satisfação e desagravo da justiça divina, a fundação de nova lei da graça, a glória dos homens, o gozo dos anjos, e tudo quanto significa a encarnação do Unigênito do Pai, ao tomar forma de servo (Filp 2, 7) em suas virginais entranhas.
135. Com estas e muitas outras razões, procurou o Embaixador celeste desvanecer a perturbação de Maria Santíssima. Seus argumentos se resumiam à fé nas antigas promessas e profecias da Escritura, e no infinito poder do Altíssimo. Todavia, como a Senhora excedia aos próprios anjos em sabedoria, prudência e santidade, prorrogava a resposta para dá la com a justeza com que a deu. Foi tal como convinha ao maior dos mistérios e sacramentos do poder divino. Ponderou esta grande Senhora que de sua resposta dependia o desempenho da Santíssima Trindade no cumprimento de suas promessas e profecias, o mais agradável e aceitável sacrifício de quantos lhe haviam sido oferecidos. Dependia a abertura das portas do paraíso, a vitória sobre o inferno, a redenção de todo gênero humano. Dependia a satisfação e desagravo da justiça divina, a fundação de nova lei da graça, a glória dos homens, o gozo dos anjos, e tudo quanto significa a encarnação do Unigênito do Pai, ao tomar forma de servo (Filp 2, 7) em suas virginais entranhas.
Maria teve perfeita consciência do que significava a Encarnação
136. Grande maravilha, certamente, e digna de nossa admiração, é que todos estes mistérios e os que cada um encerra, fossem pelo Altíssimo confiados às mãos de uma humilde donzela, e que ficassem dependendo do seu fiat. Não foi sem acerto que os remeteu à sabedoria e fortaleza desta Mulher forte (Prov 31,11), pois os tratou com tal magnificência e elevação que não decepcionou a confiança que nela depositou. As obras que ficam em Deus não necessitam da cooperação de criaturas, nem Deus a espera para operar ad intra. Diferentes são as obras contingentes ad extra, das quais a maior e mais excelente foi Deus fazer-se homem. Não quis executá-la sem a cooperação de Maria Santíssima, dada com livre consentimento. Com Ela e por Ela, colocou este complemento a todas as obras que trouxe
136. Grande maravilha, certamente, e digna de nossa admiração, é que todos estes mistérios e os que cada um encerra, fossem pelo Altíssimo confiados às mãos de uma humilde donzela, e que ficassem dependendo do seu fiat. Não foi sem acerto que os remeteu à sabedoria e fortaleza desta Mulher forte (Prov 31,11), pois os tratou com tal magnificência e elevação que não decepcionou a confiança que nela depositou. As obras que ficam em Deus não necessitam da cooperação de criaturas, nem Deus a espera para operar ad intra. Diferentes são as obras contingentes ad extra, das quais a maior e mais excelente foi Deus fazer-se homem. Não quis executá-la sem a cooperação de Maria Santíssima, dada com livre consentimento. Com Ela e por Ela, colocou este complemento a todas as obras que trouxe
à luz, fora de si mesmo. Deste modo, ficamos devendo este benefício à nossa Reparadora, a Mãe da sabedoria.
Resposta da Virgem
137. Esta grande Senhora considerou profundamente o extenso campo (Prov 31, 16) da dignidade de Mãe de Deus, para comprá-lo com um fiat. Revestiu-se de fortaleza (Prov 31,17-18) sobre humana, experimentou e viu quão boa era a negociação e comércio com a divindade. Compreendeu os caminhos de seus ocultos favores, adomou-se de fortaleza e formosura. Refletiu consigo e com Gabriel, o embaixador celeste, a grandeza de tão sublimes e divinos sacramentos. Plena mente consciente do que representava a embaixada que recebia, seu puríssimo espírito foi absorto e elevado em admiração, reverência e intensíssimo amor de Deus. Com a força destes soberanos afetos, e efeito conatural deles, foi seu castíssimo coração apertado com tal intensidade que destilou três gotas de sangue puríssimo. Delas se realizou, no órgão natural, a concepção do corpo de Cristo, Senhor nosso, pela virtude do Espírito Santo. Deste modo, a matéria para a formação da humanidade santíssima do Verbo e de nossa redenção, real e verdadeiramente foi administrada pelo Coração de Maria puríssima, à força de amor. Ao mesmo tempo, com humildade jamais devidamente encarecida, inclinando um pouco a cabeça e de mãos postas, pronunciou aquelas palavras que foram o princípio de nossa redenção: "Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1 , 38).
Opera-se a Encarnação do Filho de Deus
138. Ao pronunciar este "faça-se", tão doce aos ouvidos de Deus e o feliz para nós, num instante realizaram-se quatro coisas: primeira, a formação do corpo santíssimo de Cristo , Senhor nosso, daquelas três gotas de sangue administradas pelo coração de Maria Santíssima; segunda, a criação da alma santíssima do Senhor, criada como as demais; terceira , união da alma ao corpo, compondo-se sua humanidade perfeitíssima; quarta, a divindade, na pessoa do Verbo, uniu-se com a humanidade e num suposto ficou realizada a Encarnação e formado Cristo, Deus e homem verdadeiro, Senhor e Redentor nosso. Isto sucedeu a 25 de março, sexta-feira, ao romper da aurora, na mesma hora em que foi formado nosso primeiro pai Adão. Foi no ano de cinco mil, cento e noventa e nove da criação do mundo, conforme o cômputo que a Igreja romana, dirigida pelo Espírito Santo, consignou no Martirológio. Havendo perguntado, por ordem da obediência, foi-me declarado que esta contagem é verdadeira e certa. De acordo com isto, o mundo foi criado pelo mês de março. Sendo todas as obras do Altíssimo perfeitas e completas (Dt 32,4), as plantas e as árvores saíram de sua mão com frutos, e sempre os teriam sem os perder se o pecado não houvesse alterado toda a natureza, como direi em outro tratado, se for vontade do Senhor. Deixo o agora, por não pertencer a este.
138. Ao pronunciar este "faça-se", tão doce aos ouvidos de Deus e o feliz para nós, num instante realizaram-se quatro coisas: primeira, a formação do corpo santíssimo de Cristo , Senhor nosso, daquelas três gotas de sangue administradas pelo coração de Maria Santíssima; segunda, a criação da alma santíssima do Senhor, criada como as demais; terceira , união da alma ao corpo, compondo-se sua humanidade perfeitíssima; quarta, a divindade, na pessoa do Verbo, uniu-se com a humanidade e num suposto ficou realizada a Encarnação e formado Cristo, Deus e homem verdadeiro, Senhor e Redentor nosso. Isto sucedeu a 25 de março, sexta-feira, ao romper da aurora, na mesma hora em que foi formado nosso primeiro pai Adão. Foi no ano de cinco mil, cento e noventa e nove da criação do mundo, conforme o cômputo que a Igreja romana, dirigida pelo Espírito Santo, consignou no Martirológio. Havendo perguntado, por ordem da obediência, foi-me declarado que esta contagem é verdadeira e certa. De acordo com isto, o mundo foi criado pelo mês de março. Sendo todas as obras do Altíssimo perfeitas e completas (Dt 32,4), as plantas e as árvores saíram de sua mão com frutos, e sempre os teriam sem os perder se o pecado não houvesse alterado toda a natureza, como direi em outro tratado, se for vontade do Senhor. Deixo o agora, por não pertencer a este.
Cristo no seio de sua Mãe
139. No mesmo instante em que o Todo-poderoso celebrou as núpcias da união hipostática, no tálamo virginal de Maria Santíssima, foi a divina Senhora elevada à visão beatífica. Na divindade em que se lhe manifestou, intuitiva e claramente, conheceu altíssimos sacramentos de que falarei no capítulo seguinte.
Foi-lhe particularmente revelado o segredo das cifras daquele ornato que recebeu, e foi descrito no capítulo 7 (7), e também as trazidas pelos seus anjos.
O divino infante ia crescendo no útero naturalmente, como os demais homens, alimentado pela substância e sangue da Mãe Santíssima. Estava, todavia, mais livre e isento das imperfeições que os demais filhos de Adão sofrem nesse estado. Algumas , acidentais, que não pertencem à substância da geração e são efeitos do pecado, não atingiram a Imperatriz do céu. Também não tinha as imperfeitas superfluidades, que nas mulheres são naturais e comuns, e das quais as crianças se formam, sustentam e desenvolvem. Faltando-lhe a matéria da natureza contaminada das descendentes de Eva, a Senhora administrava a exercitando atos heroicos de virtudes, especialmente de caridade. Visto que as operações fervorosas da alma e os afetos amorosos alteram naturalmente os humores e o sangue, a divina Providência encaminhava-as ao sustento do divino Infante. Deste modo, a humanidade de nosso redentor era naturalmente alimentada e sua divindade recreada com a complacência de sublimes virtudes. Assim, para a formação do corpo de Cristo, Maria Santíssima administrou, ao Espírito Santo, sangue puro, limpo, como concebido sem pecado, e livre de suas conseqüências. O imperfeito e impuro, com que as outras mães alimentam seus filhos, era na Rainha do céu o mais puro, substancial e delicado, comunicado sob a ação de afetos de amor e das demais virtudes. Outro tanto acontecia com o alimento que a divina Rainha tomava. Sabendo que, sustentando-se, alimentava ao Filho de Deus e seu, enquanto comia realizava sublimes atos espirituais. Admiravam-se os espíritos angélicos, vendo ações tão comuns com tão soberanos realces de merecimento e agrado para o Senhor.
139. No mesmo instante em que o Todo-poderoso celebrou as núpcias da união hipostática, no tálamo virginal de Maria Santíssima, foi a divina Senhora elevada à visão beatífica. Na divindade em que se lhe manifestou, intuitiva e claramente, conheceu altíssimos sacramentos de que falarei no capítulo seguinte.
Foi-lhe particularmente revelado o segredo das cifras daquele ornato que recebeu, e foi descrito no capítulo 7 (7), e também as trazidas pelos seus anjos.
O divino infante ia crescendo no útero naturalmente, como os demais homens, alimentado pela substância e sangue da Mãe Santíssima. Estava, todavia, mais livre e isento das imperfeições que os demais filhos de Adão sofrem nesse estado. Algumas , acidentais, que não pertencem à substância da geração e são efeitos do pecado, não atingiram a Imperatriz do céu. Também não tinha as imperfeitas superfluidades, que nas mulheres são naturais e comuns, e das quais as crianças se formam, sustentam e desenvolvem. Faltando-lhe a matéria da natureza contaminada das descendentes de Eva, a Senhora administrava a exercitando atos heroicos de virtudes, especialmente de caridade. Visto que as operações fervorosas da alma e os afetos amorosos alteram naturalmente os humores e o sangue, a divina Providência encaminhava-as ao sustento do divino Infante. Deste modo, a humanidade de nosso redentor era naturalmente alimentada e sua divindade recreada com a complacência de sublimes virtudes. Assim, para a formação do corpo de Cristo, Maria Santíssima administrou, ao Espírito Santo, sangue puro, limpo, como concebido sem pecado, e livre de suas conseqüências. O imperfeito e impuro, com que as outras mães alimentam seus filhos, era na Rainha do céu o mais puro, substancial e delicado, comunicado sob a ação de afetos de amor e das demais virtudes. Outro tanto acontecia com o alimento que a divina Rainha tomava. Sabendo que, sustentando-se, alimentava ao Filho de Deus e seu, enquanto comia realizava sublimes atos espirituais. Admiravam-se os espíritos angélicos, vendo ações tão comuns com tão soberanos realces de merecimento e agrado para o Senhor.
7 - n ° 82; 1ª parte n ° 208, 364, 365
Maria, templo da Santíssima Trindade
140. De posse da maternidade divina, ficou esta Senhora com tais privilégios que, quanto disse até agora e direi para a frente, não chega a ser a mínima parte de suas excelências. Impossível explicar com palavra, o que o entendimento não consegue devidamente conceber, nem os mais doutos e sábios encontrariam termos adequados para traduzir. Os humildes que entendem a arte do amor divino compreenderão, através de luz infusa e pelo sabor interior com que se percebem tais sacramentos.
Ficou Maria Santíssima transformada em céu, templo e habitação da Santíssima Trindade, elevada e deificada pela nova e especial presença da divindade em seu seio puríssimo. Também sua humilde morada e oratório ficaram consagrados como santuários do Senhor. Os espíritos celestiais, testemunhas desta maravilha, contemplando-a exaltavam o Onipotente com indizível júbilo e novos cânticos de louvor. Juntamente com a felicíssima Mãe O bendiziam, no próprio nome e no do gênero humano que ainda ignorava o maior de seus benefícios e misericórdias.
DOUTRINA DA SANTÍSSIMA RAINHA MARIA
Cristo encarnou-se para cada um de nós
141. Minha filha, vejo-te admirada, e com razão, por teres conhecido com nova luz o mistério pelo qual a divindade se humilhou a unir-se com a natureza humana, no seio de uma pobre donzela como eu. Quero, caríssima, que ponderes atentamente que Deus se humilhou descendo às minhas entranhas tanto para ti, quanto para mim. O Senhor é infinito em misericórdia e seu amor não tem limites. De tal modo atende e assiste qualquer alma que O recebe, e se recreia com ela, como se fosse a única que criara e somente por ela se houvesse feito homem. Por esta razão, deves te considerar sozinha no mundo, para agradecer, de todo teu coração, a vinda do Senhor. Em seguida, lhe darás graças por ter vindo também para os outros. Se, com viva fé entendes e confessas que Deus, infinito em atributos e eterno na majestade, desceu para tomar carne em minhas entranhas; que esse Deus te procura, chama, recreia, acaricia e se dá todo a ti (Gal 2, 20) como se fosses a única criatura sua, pondera e considera bem a quanto te obriga tão admirável condescendência. Transforma esta admiração em atos de viva fé e amor, pois tudo deves a tal Rei e Senhor que se dignou vir a ti, quando ainda não podias procurá-lo e muito menos possuí-lo.
O homem só se satisfaz com Deus
142. Tudo quanto este Senhor te pode dar, fora de Si mesmo, te parecerá bastante se considerares as coisas apenas humanamente, sem te elevares às superiores. Não deixa de ser verdade que da mão de tão eminente Rei, qualquer dádiva é digna de estimação. Se, porém, conheceres a Deus com luz sobrenatural e souberes que te fez capaz de sua divindade, então verás que se Deus não se der a ti, todo o resto da criação será nada e sem valor. Somente a posse de tal Deus, tão amoroso e amável, poderoso, rico e suave, te poderá alegrar e sossegar. Pois, sendo infinito, digna-se humilhar-se até tua baixeza para elevar-te do pó, enriquecer tua pobreza e fazer contigo ofício de pastor, pai, esposo e amigo fidelíssimo.
141. Minha filha, vejo-te admirada, e com razão, por teres conhecido com nova luz o mistério pelo qual a divindade se humilhou a unir-se com a natureza humana, no seio de uma pobre donzela como eu. Quero, caríssima, que ponderes atentamente que Deus se humilhou descendo às minhas entranhas tanto para ti, quanto para mim. O Senhor é infinito em misericórdia e seu amor não tem limites. De tal modo atende e assiste qualquer alma que O recebe, e se recreia com ela, como se fosse a única que criara e somente por ela se houvesse feito homem. Por esta razão, deves te considerar sozinha no mundo, para agradecer, de todo teu coração, a vinda do Senhor. Em seguida, lhe darás graças por ter vindo também para os outros. Se, com viva fé entendes e confessas que Deus, infinito em atributos e eterno na majestade, desceu para tomar carne em minhas entranhas; que esse Deus te procura, chama, recreia, acaricia e se dá todo a ti (Gal 2, 20) como se fosses a única criatura sua, pondera e considera bem a quanto te obriga tão admirável condescendência. Transforma esta admiração em atos de viva fé e amor, pois tudo deves a tal Rei e Senhor que se dignou vir a ti, quando ainda não podias procurá-lo e muito menos possuí-lo.
O homem só se satisfaz com Deus
142. Tudo quanto este Senhor te pode dar, fora de Si mesmo, te parecerá bastante se considerares as coisas apenas humanamente, sem te elevares às superiores. Não deixa de ser verdade que da mão de tão eminente Rei, qualquer dádiva é digna de estimação. Se, porém, conheceres a Deus com luz sobrenatural e souberes que te fez capaz de sua divindade, então verás que se Deus não se der a ti, todo o resto da criação será nada e sem valor. Somente a posse de tal Deus, tão amoroso e amável, poderoso, rico e suave, te poderá alegrar e sossegar. Pois, sendo infinito, digna-se humilhar-se até tua baixeza para elevar-te do pó, enriquecer tua pobreza e fazer contigo ofício de pastor, pai, esposo e amigo fidelíssimo.
A verdadeira ciência
143. Atende, pois, minha filha, em teu interior as conseqüências desta verdade. Pondera bem o dulcíssimo amor deste grande Rei para contigo: sua fidelidade, seus carinhos e delicadezas, os benefícios que te faz, os trabalhos que te confia. Acendeu em teu coração a luz da divina ciência para conheceres a infinita grandeza de seu ser, o admirável e a veracidade de suas obras e de seus mais ocultos mistérios , e o não ser das coisas visíveis. Esta ciência é o princípio, base e fundamento da doutrina que te tenho dado para chegares a conhecer o decoro e magnificência com que deves tratar os favores e dons deste Senhor e Deus, teu verdadeiro bem, luz e guia. Contempla-o como Deus infinito, ao mesmo tempo amoroso e terrível. Ouve, caríssima, minhas palavras, ensino e direção, que nelas encontrarás a paz e a luz para teus olhos.
143. Atende, pois, minha filha, em teu interior as conseqüências desta verdade. Pondera bem o dulcíssimo amor deste grande Rei para contigo: sua fidelidade, seus carinhos e delicadezas, os benefícios que te faz, os trabalhos que te confia. Acendeu em teu coração a luz da divina ciência para conheceres a infinita grandeza de seu ser, o admirável e a veracidade de suas obras e de seus mais ocultos mistérios , e o não ser das coisas visíveis. Esta ciência é o princípio, base e fundamento da doutrina que te tenho dado para chegares a conhecer o decoro e magnificência com que deves tratar os favores e dons deste Senhor e Deus, teu verdadeiro bem, luz e guia. Contempla-o como Deus infinito, ao mesmo tempo amoroso e terrível. Ouve, caríssima, minhas palavras, ensino e direção, que nelas encontrarás a paz e a luz para teus olhos.
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