Santa Paula Isabel Cerioli
1816-1865
Fundou os Institutos:
Irmãs da Sagrada Família e dos Irmãos da Sagrada Família
Batizada como Costanza Cerioli, nasceu na família dos nobres e ricos Francisco Cerioli e Francisca Corniani, no dia 28 de janeiro de 1816, em Soncino, Cremona, Itália.
Delicada, inteligente e sensível, dona de um físico frágil, aprendeu cedo a lidar com o sofrimento, alertada pela sabedoria cristã da mãe, que lhe mostrava a miséria presente nas famílias dos camponeses. Aos onze anos, foi entregue às Irmãs da Visitação da cidade de Alzano, para completar sua formação religiosa e cultural, com as quais ficou até os dezesseis anos, destacando-se pela bondade e caridade.
Aos dezenove anos, obedecendo à vontade dos pais, casou-se com o nobre e rico Caetano Busecchi, de quase sessenta anos, herdeiro dos condes Tassis. Vivendo no palácio do marido, em Comente, Bergamo, dedicava-se à família e às obras de caridade da igreja. Teve um casamento feliz e harmônico, porém marcado pela morte dos quatro filhos; três logo após o nascimento e o outro, Carlos, com dezesseis anos.
Abatida, continuou cuidando do marido, já bem idoso e doente, até 1854, quando ele faleceu. Assim, com trinta e oito anos, viúva, sozinha e dona de grande fortuna, isolou-se do mundo. Ficou retirada em sua casa, dedicando-se às obras de caridade, nas quais aplicou todo o patrimônio.
Criou colégios para crianças órfãs carentes e abandonadas; instituiu escolas, cursos de catecismo, exercícios espirituais, recreações festivas e assistência às enfermas. Vencendo todos os tipos de dificuldades, desejou fundar uma Congregação religiosa feminina e outra masculina que seguisse o modelo evangélico do mistério de Nazaré, constituído por Maria e José, que acolhem Jesus para doá-lo ao mundo.
Orientada, espiritualmente, pelos dois bispos de Bergamo, em 1857, junto com seis companheiras, fundou o Instituto das Irmãs da Sagrada Família. Nesse dia, Costanza vestiu o hábito e tomou o nome de madre Paula Isabel. Em 1863, realizou seu grande sonho: fundou o Instituto dos Irmãos da Sagrada Família, para o socorro material e a educação moral e religiosa da classe camponesa, na época a mais excluída e pobre.
O carisma da Sagrada Família era o objetivo a ser alcançado, como modelo de ajuda e conforto, aprendendo dela como ser famílias cristãs acolhedoras, unidas no amor, na fraternidade, na fé forte, simples e confiante. Com muita inspiração, ela própria escreveu as Regras para os seus institutos, que foram aprovadas pelo bispo de Bergamo.
Consumida na intensa atividade assistencial e religiosa, com apenas quarenta e nove anos de idade, morreu na véspera do Natal de 1865, em Comonte, Bergamo. Deixou entregue aos cuidados da Providencia Divina o já estabelecido Instituto feminino e a semente plantada do outro, masculino.
DOS ESCRITOS DA FUNDADORA
SANTA PAULA ELIZABETE CERIOLI
" A humildade, a simplicidade, a pobreza, o amor ao trabalho, à imitação da Sagrada Família de Nazaré formarão o espírito próprio deste Instituto. As Irmãs, que o compõem procurarão assiduamente modelar-se sobre aquela vida pobre e penosa, de tanto recolhimento interior, tanto escondimento e sobre aquela humilde fadiga que Jesus Maria e José, se espalhava naquela casa bendita.
...Sim, minhas caríssimas, desta augusta e divina Família, nós devemos formar-nos o espírito, os sentimentos, a inclinação e o coração... Nunca desviemos os olhos e o coração da presença deles. Jesus era doce e humilde de coração. Ele mesmo no-lo diz...imitemo-Lo considerando-nos as últimas da casa e das companheiras, gostando de ficar com os pobres, com as pessoas incomodas, desejando que as outras sejam louvadas e nós esquecidas e humilhadas, e tudo isso por puro amor e desejo de imitá-Lo e agradá-Lo.
Quanto mais vós baixardes e vós humilhardes entre vós, mais vivos reinarão em vós a caridade, a paz e a concórdia.
Humilhemo-nos e façamo-nos pequenas com os pequenos, simples com os simples, pobres com os pobres. Não tenhamos medo de nos abaixar, considerando que o Filho de Deus nos precedeu com o seu exemplo. As Irmãs da Sagrada Família amem o trabalho como dever imposto por Deus como pena do pecado e como meio necessário para afastar o tédio, as tentações, os maus pensamentos, invisíveis companheiros do ócio. O deverão amar, também, como um dever particular da sua profissão, lembrando que a Casa de Nazaré não era casa de ócio, mas de trabalho, competindo entre eles, Jesus, Maria, José, na atividade e na fadiga. Lembrem, também, as Irmãs da Sagrada Família, que são pobres e que para elas o trabalho é uma necessidade e que do trabalho delas depende principalmente o sustento do Instituto bem como o maior número de pobres órfãs que se pode acolher e educar. Trabalhai com coração e com gosto como quem trabalha para o Senhor e não para os homens, não é trabalho merecedor aquele que fazeis tão mal, sem amor, sem cuidado e sem atenção; nem aquele trabalho feito com preguiça, sem esforço e fora do tempo.
...A fidelidade na observância do silêncio é um meio muito grande para conservar a paz do coração e o recolhimento interior e ajuda a não dispersar o espírito quando por necessidade devemos falar.
Coisa importantíssima para alcançar o espírito religioso e progredir na virtude, é o acostumar-se desde o começo, ao silêncio e ao recolhimento.
Precisamos ir para as vossas obras de caridade, nas ruas e no campo seja para trabalhar, seja para vigiar as órfãs, observai o recolhimento e a modéstia como fosseis no coro ou no vosso quarto.
Procurai que nas vossas casas tudo inspire devoção e recolhimento.
Sabei manter o silêncio com todo rigor, habituando-vos a um continuo e constante recolhimento.A oração é a chave de toda a graça e nos ajuda a fazer bem as coisas e a trabalhar para Deus.
A Madre Cerioli tinha um grande espírito de oração e pode-se dizer que rezava sempre de maneira que nós a víamos em todo lugar como ajoelhada a rezar. A conformidade da nossa vontade com a Divina é virtude de todos os tempos e de todos os estados. No vosso operar, tende uma só meta, um só pensamento, um só desejo: fazer a vontade santíssima de Deus.
Outra conotação evangélica própria do nosso Instituto, é uma grande confiança em Deus, Pai bom, terno, afetuoso. A Madre nos assegura que somente encontraremos paz quando nós atirarmos nos braços do Pai com confiança de filhas.Vamos refletir sobre o amor de Cristo para com o seu Divino Pai, o interesse e a dedicação para que ele fosse honrado e glorificado.
Procuremos de imitá-Lo fazendo o possível para que Deus seja conhecido, amado e servido, seja de nós que das nossas filhas, nossas alunas e rezemos sempre para a conversão dos pecadores e dos hereges: rezemos pela Santa Igreja, pelo Papa, pelos Ministros de Deus para que sirvam e trabalhem para a sua glória, e seu serviço. Jesus ardia de amor pelos homens; a sua Encarnação, a sua vida na terra, a sua paixão e morte, a instituição admirável da Eucaristia nós dão prova certa. Imitemo-Lo amando também nós o próximo como a nós mesmas, servindo-o, desculpando-o nos seus defeitos e fraquezas, prontificando-nos a sacrificar até a nossa vida em prol dos irmãos.
A caridade de Jesus Cristo vos fará reconhecer por autênticas religiosas da Sagrada Família, as quais devem conformar-se aos três divinos modelos. Não há sacrifício, então, que vos possa dispensar de praticá-la. Sim, Jesus sofre por amor de seu eterno e divino Pai, de quem arde para a sua glória e por nosso amor que merecemos tão pouco. Sofre por amor de quem O ama, mas também por aqueles que não O amam, dos quais é desprezado e ofendido. Oh, caridade! Por amor, aqui todos chama, por amor aqui todos convida. Oh, rezemos a Jesus, rezemos a Maria, Mãe puríssima, a fim de que a caridade nos possa unir-nos também num mesmo amor, para amar com Eles a pobreza, os sofrimentos e as humilhações, por amor de Deus. Imitemos Jesus doce, afáveis, paciente em meio às crianças, aos ignorantes e aos pobres.
A caridade de Jesus Cristo vos fará reconhecer por autênticas religiosas da Sagrada Família, as quais devem conformar-se aos três divinos modelos. Não há sacrifício, então, que vos possa dispensar de praticá-la. Sim, Jesus sofre por amor de seu eterno e divino Pai, de quem arde para a sua glória e por nosso amor que merecemos tão pouco. Sofre por amor de quem O ama, mas também por aqueles que não O amam, dos quais é desprezado e ofendido. Oh, caridade! Por amor, aqui todos chama, por amor aqui todos convida. Oh, rezemos a Jesus, rezemos a Maria, Mãe puríssima, a fim de que a caridade nos possa unir-nos também num mesmo amor, para amar com Eles a pobreza, os sofrimentos e as humilhações, por amor de Deus. Imitemos Jesus doce, afáveis, paciente em meio às crianças, aos ignorantes e aos pobres.
Reflitamos às obras, às ações de Jesus...Tenhamos sempre diante dos olhos este exemplar Divino: a sua modéstia, a sua bondade, a sua docilidade, a sua afabilidade, a sua compostura e piedade e o seu candor...
O trabalho forma a ocupação ordinária da vida das Irmãs da Sagrada Família, vida de pobres, no meio dos pobres e tudo em beneficio dos pobres
Sede afáveis e corteses com todos, especialmente com os pobres. Depois de Deus, todos devemos amar o próximo, ajudá-lo nas suas necessidades, não ofende-lo, nem querer-lhe mal.Uma pessoa religiosa deve amar mais cordial que lhe é contrario por natureza ou repugnância, procurando mais a companhia destas do que de outras mais simpáticas, procurando também, por quanto é possível de servi-las e honrá-las, a fim de vencer-se."
Madre Paula Isabel Cerioli foi beatificada pelo papa Pio XII em 1950, durante o Ano Santo. Foi declarada santa pelo papa João Paulo II em 2004.