segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Os videntes da Senhora de La Salette - França - Melanie Calvat e Maximino Giraud

Terço dos Pastorinhos de La Salette 


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19 de setembro dia de Nossa Senhora de La Salette 

Em meados de Setembro de 1846, um camponês de Ablandins, Pedro Selme, tem o pastor adoentado. Desce a Corps, até a casa de um amigo, o carroceiro Giraud: "Empresta-me o teu Maximino por alguns dias", diz-lhe. "Maximino, o pastor? Ele é demasiado irresponsável para tanto !..." No entanto, Maximino, a 14 de Setembro, vai para Ablandins.

No dia 17 encontra-se com Mélanie na aldeia. No dia 18 vão com os rebanhos para o monte Planeau. À tarde, Maximino tentou meter conversa com Mélanie. Ela não se mostra interessada. É tímida e de poucas falas. Descobrem, no entanto, um ponto em comum: são ambos de Corps.

Nas Pastagens da Montanha

No sábado, 19 de setembro de 1846, bem cedo, as duas crianças sobem a encosta do monte, cada uma com seu rebanho de quatro vacas, sendo que Maximino tinha também uma cabra e o cão Lulu. O sol resplandecia sobre as pastagens... Ao meio dia, no fundo do vale, o sino da igreja da aldeia toca a hora do Angelus. Os pastores então conduzem as vacas até a "fonte dos animais", uma poça de água formada pelo regato que desce pelo vale do Sézia. A seguir, conduzem os rebanhos à pradaria chamada "le chômoir", nas encostas do Monte Gargas. Faz calor e os animais põem-se a ruminar.

Maximino e Mélanie tornam a subir pelo vale até a "fonte dos homens". Junto à fonte, tomam uma refeição frugal: pão e um pedaço de queijo da Sabóia. Outros pastorinhos, que pastoreiam mais abaixo, juntam-se aos dois e metem conversa. Depois deles partirem, Maximino e Mélanie atravessam o regato e descem alguns passos até dois bancos de pedras empilhadas, junto à poça seca de uma fonte sem água: é a "pequena fonte". Mélanie põe a sacola chão, e Maximino põe o casaco e a merenda em cima duma pedra.

Uma estranha claridade

Ao contrário do costume, as duas crianças estendem-se na relva... e adormecem. O tempo está agradável com este sol de final de Verão. No céu não há nem uma nuvem. O murmúrio do regato ajuda à calma e ao silêncio da montanha. O tempo passa!...

Bruscamente Mélanie acorda e sacode Maximino: "Maximino, Maximino, vem depressa, vamos ver as nossas vacas...Não sei onde andam!". Rapidamente sobem a encosta oposta ao Gargas. Voltando-se, têm diante de si toda o verde dos Alpes: as vacas lá estão, ruminando calmamente. Os dois pastores ficam tranquilos. Mélanie começa a descer. A meia encosta pára e, com o espanto, deixa cair o cajado:

"Maximino, olha ali, aquele clarão!"

Junto à pequena fonte, sobre um dos bancos de pedra... um globo de fogo.

"É como se o sol tivesse caído ali" - diria mais tarde Mélanie.

No entanto, o sol continuava a brilhar num céu sem nuvens. Maximino corre gritando:

"Onde está? Onde está?"

Mélanie estende o dedo para o fundo do vale onde haviam dormido. Maximo pára junto dela, petrificado de medo e diz:

"Segura o teu cajado, vá! Eu seguro o meu e dou-lhe uma cacetada se 'ele' nos fizer alguma coisa".

O clarão mexe, agita-se, roda sobre si mesmo. Faltam palavras às duas crianças para exprimir a impressão de vida que irradia desse globo de fogo. Uma mulher aparece nele, sentada, a cabeça entre as mãos, os cotovelos sobre os joelhos, numa atitude de profunda tristeza.

A Bela Senhora fala aos dois pastorinhos.


A bela senhora ergue-se. Os dois não se mexeram. E diz-lhes, em francês:

Aproximai-vos, meus filhos, não tenhais medo, estou aqui para vos contar uma grande novidade!

Então, as crianças descem para junto dela.

Olham-na. Não para de chorar.

"Dir-se-ia que era uma mãe a quem os filhos tinham batido e que tinha fugido para a montanha, para chorar" - contará também mais tarde, Mélanie.

A Bela Senhora é alta e toda de luz. Veste-se como as mulheres da região: vestido comprido, grande avental à cintura, lenço cruzado e amarrado atrás, touca de camponesa. Rosas coroam-lhe a cabeça, bordam-lhe o lenço e ornamentam-lhe o calçado. Na fronte a luz brilha como um diadema. Sobre os ombros carrega um pesado colar. Um colar mais leve prende sobre o peito um crucifixo resplandecente, com um martelo de um lado, e de outro, uma tenaz.

A bela senhora fala aos dois pastores.

" Ela chorou durante todo o tempo que nos falou".

Juntos ou separadamente, as duas crianças repetem as mesmas palavras, com ligeiras variantes que não alteram o sentido. E isto, quaisquer que sejam os seus interlocutores: peregrinos ou simples curiosos, pessoas importantes ou da Igreja, investigadores ou jornalistas. Quer sejam favoráveis, sem rodeios ou malévolos, eis o que lhes é transmitido:

Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma grande novidade!

"Nós ouvíamo-la, não pensávamos em nada".

Como Maximino e Mélanie, deixemos que ressoe em nós o que ela disse na montanha.

Com eles, escutemo-la contemplando o Crucifixo resplandecente de glória sobre o peito.

Se o meu povo não quiser submeter-se, sou forçada a deixar que se abata o braço de meu Filho. É tão forte e tão pesado que não o posso mais SUSTER.

Há muito que sofro por vós!

Se quero que meu Filho não vos abandone, tenho de lhe pedir por vós constantemente, mas vós não fazeis caso. Bem podeis rezar, fazer o que quiserdes, jamais podereis recompensar os trabalhos que tenho tido convosco.

Dei-vos seis dias para trabalhar, reservei-me o sétimo, e não mo querem conceder! É isso que torna tão pesado o braço de meu Filho

Se a colheita se estraga a culpa não é senão vossa. Bem vos fiz ver o ano passado com as batatas e vós não fizestes nenhum caso! Pelo contrário, quando encontráveis batatas estragadas, praguejáveis e com o nome do meu Filho pelo meio. Isso vai continuar e este ano, pelo Natal, não tereis nenhumas.

A palavra "batatas" (em francês: 'pommes de terre'), deixa Mélanie intrigada. No dialecto da região, diz-se "truffa". E a palavra 'pommes' (maçãs) lembra-lhe apenas o fruto da macieira. Volta-se então para Maximino, para lhe pedir uma explicação. Mas a senhora adianta-se:

Não compreendeis, meus filhos? Vou dize-lo de outro modo.

Retomando, pois, as últimas frases no dialecto de Corps, língua falada correntemente por Maximino e Mélanie, a Bela Senhora prossegue:

Se tiverdes trigo, não deveis semea-lo. Todo o que semeardes será devorado pelos bichos, e o que produzir ficará em pó quando for malhado.

Virá uma grande fome. Antes que ela chegue, as crianças menores de sete anos serão acometidas de grande tremor e morrerão nas mãos das pessoas que as transportarem. Os outros farão penitência pela fome. As nozes ficarão vazias, as uvas apodrecerão.

De repente, a Bela Senhora continua a falar, mas somente Maximino a ouve; Mélanie vê que os lábios mexem, mas não ouve nada. Alguns instantes depois, Mélanie por sua vez, começa a ouvir, enquanto Maximino, que nada mais ouve, faz girar o chapéu na ponta do cajado ou, com a outra ponta do cajado, empurra as pedrinhas que estão diante dele.

"Mas nem sequer uma tocou nos pés da Bela Senhora!", desculpar-se-ia alguns dias mais tarde.- "Ela disse-me qualquer coisa, ao mesmo tempo que dizia: Tu não dirás nem isto, nem aquilo". Depois, não ouvi mais nada, e durante esse tempo, brincava".

Assim, a Bela Senhora falou em segredo a Maximino e depois a Mélanie. E novamente, os dois em conjunto, ouvem as seguintes palavras:

Se se converterem, as pedras e rochedos transformar-se-ão em montes de trigo, e as batatinhas serão semeadas nas terras.

Rezais como deve ser, meus filhos?

"Não muito, Senhora", respondem as duas crianças.

Ah! Meus filhos, é preciso rezar bem, à noite e de manhã, dizendo ao menos um Pai Nosso e uma Avé Maria quando não puderdes rezar mais. Quando puderdes rezar mais, dizei mais.

Durante o verão, só algumas mulheres mais idosas vão à Missa. Os outros trabalham ao domingo, durante todo o verão. Durante o inverno, quanto não sabem o que fazer, não vão à Missa senão para troçar da religião. Durante a Quaresma vão ao matadouro como cães.

Nunca vistes trigo estragado, meus filhos?

"Não, minha Senhora" , responderam eles.

Então, dirigindo-se a Maximo:

Mas tu, meu filho, tu deves tê-lo visto uma vez, perto do Coin, com teu pai. O dono da campo disse a teu pai que fosse ver o trigo estragado. Ambos fostes até lá. Ele tomou duas ou três espigas nas mãos, esfregou-as e tudo caiu em pó. Ao voltardes, quando estáveis a meia hora de Corps, teu pai deu-te um pedaço de pão dizendo-te: "Toma, meu filho, come pão neste ano ainda, pois não sei quem dele comerá no ano próximo, se o trigo continuar assim.

Maximino responde:-

"É verdade, Senhora, agora lembro-me. Há pouco já não me lembrava mais".

E a Bela Senhora conclui, não mais em dialecto, mas sim em francês:

Pois bem, meus filhos, transmitireis isso a todo o meu povo.

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As Primeiras testemunhas


Maximino Giraud

Maximino Giraud nasceu em Corps, em 26 de agosto de 1835. Sua mãe, Ana Maria Templier, é originária da região. Seu pai, Germano Giraud, é proveniente de uma região próxima. Maximino tinha dezassete meses quando a mãe morreu, deixando também uma menina de oito anos, Angélica. Pouco depois, o Sr. Giraud casa novamente. Maximino foi crescendo sem rumo. O pai, feabricante de carroças, vive na oficina ou na taberna. A esposa não tem atracção nenhuma pelo garoto, vivo, descuidado, que não consegue ficar em casa, mas deambula pelas ruas de Corps, atrás de diligências e carroças, ou vagueando pelas estradas com uma cabra e um cão. O garoto é facilmente matreiro, com um olhar vivo sob uma negra cabeleira desgrenhada, e uma língua solta... Durante a Aparição, enquanto a Bela Senhora se dirige a Mélanie, faz girar o chapéu no alto do cajado, ou com outra ponta, brinca com as pedrinhas em torno dos pés da Bela Senhora. - "Nenhuma a tocou!", responderá ele, espontaneamente, a seus inquiridores. Cordial, desde que se sinta amado. Malicioso quando querem ter mão nele. A sua adolescência foi difícil. Nos três anos seguintes à Aparição, perde o seu meio-irmão João Francisco, a madrasta Maria Court, e o pai, o carpinteiro Giraud. É posto sob a tutela do irmão de sua mãe, o tio Templier, homem rude e interesseiro. Na escola, a sua evolução nos estudos é modesta. A Irmã Santa Tecla que o acompanha de perto, chama-lhe "o eterno movimento". Acrescentem-se a isto, as pressões exercidas pelos peregrinos e curiosos. Nessas circunstâncias, alguns iluminados legitimistas, partidários de um pretenso filho de Luís XVI, querem manipulá-lo para fins políticos. Maximino mistifica-os com historietas. Contra os conselhos do Pároco de Corps e desrespeitando a interdição do Bispo de Grenoble, conduzem o adolescente a Ars. Maximino não gosta da companhia deles, mas aproveita a ocasião para conhecer este local. São recebidos pelo imprevisível Pe. Raimundo que, logo de início, trata o facto de La Salette como aldrabice, e os videntes como mentirosos. Durante a manhã de 25 de setembro de 1850, o Cura d'Ars encontra-se por duas vezes com Maximino, uma na sacristia, e outra no confessionário, mas sem confissão. Que lhe poderá ter contado aquele adolescente exasperado? O resultado é que, durante anos, o santo Cura d'Ars não parará de duvidar e de sofrer. Depois da circular de 1851 remeterá os seus interlocutores para o julgamento emitido pelo Bispo responsável. Ele próprio demorou vários anos a aceitar o facto e a reencontrar a paz.

Quanto a Maximino, mesmo afirmando que jamais se desmentiu, terá muitas dificuldades em justificar o seu comportamento. Basta enumerar os locais por onde passou para se avaliar a que ponto o jovem Maximino andou daqui para ali: do seminário menor de Grenoble (Le Rondeau) à Grande Chartreuse, do presbitério de Seyssin a Roma, de Dax a Aire-sur-Adour a Vésinet, depois, do colégio de Tonnerre a Petit Jouy em Josas, perto de Versailles, e a Paris. Seminarista, empregado num asilo, estudante de medicina falhando o bacharelato, trabalha numa farmácia, trabalha como guarda pontifício, rescindindo o contrato após seis meses e voltando a Paris. O jornal "La Vie Parisienne" atacou La Salette e os dois videntes. Maximino apresenta queixa e obteve uma rectificação. Em 1866 publica um opúsculo: -"A minha profissão de fé a respeito da Aparição de Nossa Senhora de La Salette". Nesse período, o Sr. e a Sra. Jourdain, um casal devotado ao serviço de Maximino, assegura-lhe certa estabilidade e paga as suas dívidas a ponto de se arruinar. Maximino aceita então associar-se a um comerciante de licores que faz uso de sua notoriedade para aumentar as vendas. O imprevisível Maximino não acha que é demais. Em 1870 foi mobilizado para o Forte Barrau, em Grenoble. Por fim, volta a Corps onde o casal Jourdain vem ao seu encontro. Os três vivem pobremente, ajudados pelos padres do Santuário, com a aprovação da Diocese. Em novembro de 1874, Maximino sobe ao local de peregrinação de La Salette. Diante de um auditório particularmente atento e comovido, apresenta a narrativa da Aparição como o fizera desde o primeiro dia. Será a última vez. A 2 de fevereiro de 1875, vai igualmente pela última vez, à igreja Paroquial. Na tarde de 1 de Março, Maximino confessa-se, recebe a Eucaristia bebendo um pouco de água de La Salette para engolir a hóstia. Cinco minutos mais tarde, entrega sua alma a Deus. Ainda não completara quarenta anos.

Os seus restos mortais repousam no cemitério de Corps, mas o seu coração encontra-se na Basílica de La Salette, perto do teclado do órgão. Era a sua última vontade, para assim marcar seu apego à Aparição:

"Creio firmemente, mesmo ao preço do meu sangue, na célebre aparição da Santíssima Virgem na Montanha de La Salette, a 19 de setembro de 1846. Aparição que defendi por palavras, por escritos e por sofrimentos... Com este sentimento dou o meu coração a Nossa Senhora de La Salette".

No mesmo testamento, este pobre nada mais tinha a legar que a sua fidelidade à fé da Igreja. O garoto atraente e instável que sempre foi, encontrou finalmente, junto da Bela Senhora, a afeição e a paz de Deus.


Mélanie Calvat

Mélanie Calvat nasceu em Corpo (Isère), em 7 de Novembro de 1831. Seu pai, Pedro Calvat, homem honesto e respeitado pelas pessoas da terra, inculcou no coração da menina os germes duma grande compaixão por Jesus crucificado mas, havendo falta de trabalho na sua aldeia, tinha de se ausentar muitas vezes para encontrar noutro lugar com que sustentar a família. A mãe, Júlia Bernaud, frívola e negligente nos seus deveres de família, teria querido levar a filha, ainda bebé, para as danças e divertimentos da aldeia. Mas Deus tinha predisposta esta criança para uma aversão inata por todas as vaidades mundanas; os gritos e as lágrimas de Mélanie, forçavam a mãe a traze-la para casa.

Este facto desencadeou uma malevolência inconcebível da parte da mãe. Como explicar os maus tratos cruéis que se seguiram, senão por um desígnio impenetrável de Deus, querendo desligara a sua pequena criatura predestinada, dos afectos mais legítimos para poder cumulá-la com uma superabundância de Graças e de favores celestes excepcionais. Expulsa de casa por várias vezes pela mãe, a pobre errante encontrou consolo em Jesus, escondido sobre a figura de uma amável criança que se dizia seu irmão. Este fez-se seu companheiro na solidão dos campos e das florestas, dirigindo-a até ao cimo da vida mística.

Desde que teve idade, a mãe mandou-a servir como pastora em diversos patrões das regiões vizinhas. Foi assim que se estava na montanha de La Salette, na companhia de Maximino Giraud, onde s Rainha do Céu lhes apareceu em lágrimas, no dia 19 de Setembro de 1864. Deus aos dois jovens pastores uma mensagem pública; depois, só a Maximino, um segredo; finalmente, a Mélanie uma mensagem que poderia tornar pública em 1858, bem como a Regra que deveria ser praticada pelos futuros filhos e filhas da Ordem da Mãe de Deus. Ao mesmo tempo, contemplava numa visão profética a vida e as obras desses novos Apóstolos.

A Aparição veio perturbar o modo de vida daquela que tinha passado os seus primeiros catorze anos retirada, longe do mundo. A missão de Mélanie foi das mais dolorosas. Ao transmitir as reprimendas e as vontades do Céus, a heróica mensageira condenou-se para o resto da vida às constantes e vingativas perseguições dum certo clero, demasiado imbuído de si mesmo para receber, por intermédio deste humilde instrumento, as descomposturas da Virgem e responder aos seus desejos. Caluniada, desprezada, Mélanie, sem vergar, trabalhou não obstante até ao fim da vida, na formação da Ordem dos Apóstolos. Várias tentativas de fundação, rapidamente reduzidas a nada por um Episcopado hostil, obtiveram-nos no entanto uma correspondência preciosa na qual a Pastora expõe, com uma sublime simplicidade, o espírito que a Virgem Maria quer ver reinar nos novos Apóstolos.

As perseguições condenaram Mélanie a uma vida errante por causa da qual foi classificada, além do mais, de inconstante. Por toda a parte em que passava, deixava o perfume sublime de todas as virtudes, distinguindo-se sobretudo na prática da humildade e do amor à cruz. Para preparar a vinda dos Apóstolos dos Últimos Tempos, Deus não podia suscitar alma mais crucificada, mais esquecida de si mesma. A Serva de Deus escreve: "É na escola do Calvário que se aprende a rara ciência do amor dos sofrimentos e do verdadeiro esquecimento de nós."
Os últimos meses da sua vida, Mélanie viveu em Altamura, Itália, sob a protecção de D. Cecchini. Foi aí que morreu em odor de santidade na noite de 14 para 15 de Dezembro de 1904.

Grégoire XVII proclamou Bem-aventurada Mélanie Calvat em 7 octobre 1984.


O SEGREDO DE LA SALETTE 
Mélanie em 1848Maximim em 1848

Dificuldades na transcrição da visão

Maximin e Mélanie foram beneficiados por um privilegiado e manifesto auxílio sobrenatural para serem fiéis a tudo que tinham visto ou ouvido. Este fato não evitou que a complexidade da visão e as limitadas forças intelectuais dos videntes criassem dificuldades para verter a aparição no papel.

Maximin era pouco hábil em redação. Em 1851 foi necessário que reescrevesse tudo, devido às manchas de tinta do seu escrito. Sua escassez de recursos reflete-se na redação.
O modo como se deu a revelação também contribui para um certo vai e vem na ordem cronológica do relato dos videntes.
Houve sucessivas redações do segredo resultantes desse esforço de explicitação dos videntes, em especial de Mélanie.

Manuscrito de Maximin
O segredo na sua forma mais completa

Os videntes só aceitaram revelar o segredo antes de 1858 por obediência, e com a finalidade de ser levado ao conhecimento exclusivo do Papa. Este foi o motivo da primeira redação oficial do segredo, feita por Maximin em 3 de julho de 1851, e por Mélanie três dias depois.

Em 1853 o novo bispo de Grenoble, Mons. Ginoulhiac, ordenou que eles voltassem a verter o segredo no papel. Todas estas redações ficaram sob sigilo no Vaticano.
Em 1858, ano da aparição de Nossa Senhora em Lourdes, os videntes ficaram liberados da obrigação do silêncio e deram a público o segredo.
Mélanie enviou ao Papa, o Beato Pio IX, uma redação mais aprimorada. No resto da vida, tanto Mélanie quanto Maximin responderam a inúmeras consultas e pedidos de esclarecimento.
Transcreveremos a seguir na íntegra a versão do segredo que é tida pelo Pe. Corteville como a mais completa. É uma redação mais extensa, feita por Mélanie em 21 de novembro de 1878, considerada definitiva pela vidente.

Assim começa o segredo:
Nossa Senhora confia o Segredo em La Salette

“Mélanie, o que vou dizer-vos agora não ficará sempre segredo, podereis publicá-lo em 1858.

“Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honrarias e dos prazeres, tornaram-se cloacas de impureza.


“Sim, os sacerdotes atraem a vingança e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida crucificam de novo meu Filho!

“Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança. E eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo. Não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a vítima imaculada ao [Pai] Eterno em favor do mundo”.


“Deus vai golpear de modo inaudito. Ai dos habitantes da Terra. Deus vai esgotar sua cólera, e ninguém poderá fugir a tantos males acumulados.


“Os chefes, os condutores do povo de Deus negligenciaram a oração e a penitência. E o demônio obscureceu suas inteligências.


“Transformaram-se nessas estrelas errantes, que o velho diabo arrastará com sua cauda para fazê-las perecer.


“Deus permitirá à velha serpente introduzir divisões entre os que reinam, em todas as sociedades e em todas as famílias. Sofrer-se-ão tormentos físicos e morais. Deus abandonará os homens a si mesmos e enviará castigos que se sucederão durante mais de trinta e cinco anos.


“A sociedade está na iminência dos flagelos mais terríveis e dos maiores acontecimentos. Deve-se esperar ser governado por uma chibata de ferro e beber o cálice da cólera de Deus”.


Beato Pio IX, Papa da época da aparição
“Que o Vigário de meu Filho, o Soberano Pontífice Pio IX, não saia mais de Roma depois do ano 1859. Mas seja firme e generoso, combata com as armas da fé e do amor. Eu estarei com ele. Que ele não confie em Napoleão [III]. Seu coração é falso, e quando ele quiser tornar-se ao mesmo tempo papa e imperador, Deus se afastará dele. Ele é como a águia que, querendo subir sempre mais, cairá sobre a espada da qual queria se servir para obrigar os povos a o elevarem.

“A Itália será punida, pela ambição de querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores. Será também entregue à guerra, o sangue correrá por todo lado. As igrejas serão fechadas ou profanadas. Os sacerdotes e os religiosos serão expulsos. Serão entregues à morte, e morte cruel. Vários abandonarão a fé, e o número dos sacerdotes e religiosos que se afastarão da verdadeira Religião será grande. Entre essas pessoas encontrar-se-ão até bispos. 

“No ano de 1864, Lúcifer e um grande número de demônios serão soltos do inferno. Eles abolirão a fé pouco a pouco, até nas pessoas consagradas a Deus. Eles as cegarão de tal maneira que, salvo uma graça particular, adquirirão o espírito desses maus anjos. Várias casas religiosas perderão inteiramente a fé e perderão muitas almas.


“Os maus livros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus. Eles terão grandíssimo poder sobre a natureza.


“Existirão igrejas para cultuar esses espíritos. Pessoas serão transportadas de um lugar a outro por esses espíritos maus, até sacerdotes, porque não se terão conduzido pelo bom espírito do Evangelho, que é um espírito de humildade, caridade e zelo pela glória de Deus. Far-se-ão ressuscitar mortos e justos (quer dizer, tais mortos tomarão a figura de almas justas que viveram na Terra, para seduzir mais os homens; esses supostos mortos ressuscitados, que não serão outra coisa senão o demônio encarnado nessas figuras, pregarão outro evangelho contrário ao do verdadeiro Jesus Cristo, negando a existência do Céu). Ou ainda almas de condenados.


“Todas essas almas aparecerão como unidas a seus corpos. Em todos os lugares haverá prodígios extraordinários, porque a verdadeira fé se apagou e uma falsa luz ilumina o mundo. Ai dos príncipes, da Igreja que então estarão ocupados apenas em amontoar riquezas acima de riquezas, salvaguardar sua autoridade e dominar com orgulho!


“O Vigário de meu Filho terá muito que sofrer, porque durante algum tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições. Será o tempo das trevas, e a Igreja passará por uma crise pavorosa.

“Tendo sido esquecida a santa fé em Deus, cada indivíduo desejará guiar-se por si próprio e ser superior a seus semelhantes. Serão abolidos os poderes civis e eclesiásticos.



“Toda ordem e toda justiça serão calcados aos pés. Não se verá outra coisa senão homicídios, ódio, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria e sem amor pela família.


“O Santo Padre sofrerá muito. Eu estarei com ele até o fim, para receber o seu sacrifício. Os maus atentarão várias vezes contra sua vida sem poder abreviar seus dias, mas nem ele nem seu sucessor ... verão o triunfo da Igreja de Deus.

“Os governantes civis terão todos um mesmo objetivo, que consistirá em abolir e fazer desaparecer todo princípio religioso para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e a toda espécie de vícios.

“No ano 1865 ver-se-á a abominação nos lugares santos. Nos conventos as flores da Igreja serão apodrecidas, e o demônio tornar-se-á como que o rei dos corações.

“Que os dirigentes das comunidades religiosas estejam atentos em relação às pessoas que devem receber, porque o demônio usará toda sua malícia para introduzir nas ordens religiosas pessoas entregues ao pecado, pois as desordens e o amor aos prazeres carnais estarão espalhados por toda a Terra.


“A França, a Itália, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra. O sangue correrá nas ruas, o francês combaterá contra o francês, o italiano contra o italiano. A seguir haverá uma guerra geral, que será horrorosa. Durante certo tempo Deus não se lembrará mais da França nem da Itália, porque o Evangelho de Jesus Cristo não será mais conhecido.


“Os maus estenderão toda sua malícia. Até nas casas as pessoas matar-se-ão e massacrar-se-ão mutuamente.

“Ao primeiro golpe de sua espada fulgurante [refere-se a Deus], as montanhas e a natureza inteira tremerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens traspassarão a abóbada celeste. Paris será queimada, e Marselha engolida [pelas águas].

“Várias grandes cidades serão abaladas e tragadas por tremores de terra. Crer-se-á que tudo está perdido. Só se verão homicídios, e se ouvirão apenas ruídos de armas e blasfêmias.


“Os justos sofrerão muito. Suas orações, sua penitência e suas lágrimas subirão até o céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia. E pedirá minha ajuda e intercessão. 



“Jesus Cristo, por um ato de sua justiça e de sua grande misericórdia em relação aos justos, ordenará a seus anjos que dêem morte a todos os seus inimigos. De repente os perseguidores da Igreja de Jesus Cristo e todos os homens entregues ao pecado perecerão, e a Terra tornar-se-á como um deserto.


“Então será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade florescerá por toda parte. 


“Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, a qual será forte, humilde, piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo. 


“O Evangelho será pregado por toda parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os operários de Jesus Cristo e os homens viverão no temor de Deus.

“Esta paz entre os homens não será longa. Vinte e cinco anos de safras abundantes lhes farão esquecer que os pecados dos homens são a causa de todas as desgraças que sucedem na terra.


“Um precursor do Anticristo, com tropas de várias nações, guerreará contra o verdadeiro Cristo, único Salvador do mundo, derramará muito sangue e tentará aniquilar o culto de Deus, para se fazer cultuar como um deus”.

“A Terra será atingida por toda espécie de flagelos (além da peste e da fome, que serão gerais). Haverá guerras até a última guerra, que será movida pelos dez reis do Anticristo, cujo objetivo será o mesmo e serão os únicos a governarem o mundo.


“Antes que isto aconteça, haverá uma espécie de falsa paz no mundo. Não se pensará em outra coisa, senão em se divertir. Os maus se entregarão a toda sorte de pecados.


“Mas os filhos da Santa Igreja, os filhos da fé, meus verdadeiros imitadores, acreditarão no amor de Deus e nas virtudes que me são mais caras. Felizes essas almas humildes conduzidas pelo Espírito Santo! Eu combaterei junto a elas até que atinjam a plenitude da idade”.


“A natureza exige vingança por causa dos homens e estremece de pavor, na espera do que deve acontecer à Terra emporcalhada de crimes. Tremei, ó Terra, vós que fizestes profissão de servir a Jesus Cristo, mas que no vosso íntimo adorais a vós próprios.

“Tremei, pois Deus vos entregará a seu inimigo, porque os lugares santos estão imersos na corrupção. Muitos conventos não são mais casas de Deus, mas pastagens de Asmodeu e os seus [demônios]. Durante esse tempo nascerá o Anticristo de uma religiosa hebraica, uma falsa virgem que terá comunicação com a velha serpente.


“E o mestre da impureza, seu pai, será bispo. Ao nascer, vomitará blasfêmias e terá dentes. Numa palavra, será o diabo encarnado. Dará gritos aterrorizadores, fará prodígios, alimentar-se-á só de impurezas. Terá irmãos que, embora não sejam como ele outros demônios encarnados, serão filhos do mal. Aos doze anos eles se farão notar pelas valorosas vitórias que obterão. Logo estará cada um à testa de exércitos, assistidos por legiões do inferno.

“As estações mudarão, a terra só dará maus frutos, os astros perderão seus movimentos regulares, a Lua não projetará senão uma débil luz avermelhada. A água e o fogo darão ao globo terrestre movimentos convulsivos e horríveis tremores de terra, que engolirão montanhas, cidades, etc..


“Roma perderá a fé e se tornará sede do Anticristo.

“Os demônios do ar, junto com o Anticristo, farão grandes prodígios na terra e nos ares. E os homens se perverterão cada vez mais. Deus tomará sob seus cuidados os fiéis servidores e os homens de boa vontade, o Evangelho será pregado por toda parte, todos os povos e todas as nações terão conhecimento da verdade.

“Eu dirijo um premente apelo à Terra. Apelo aos verdadeiros discípulos do Deus vivo que reina nos Céus. Apelo aos verdadeiros imitadores de Jesus Cristo feito homem, o único e verdadeiro Salvador dos homens.


“Apelo aos meus filhos, meus verdadeiros devotos, aqueles que se deram a mim para que eu os conduza a meu divino Filho, aqueles que levo por assim dizer nos meus braços, que vivem de meu espírito.

“Enfim, apelo aos Apóstolos dos Últimos Tempos, aos fiéis discípulos de Jesus Cristo que viveram no desprezo do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento e desconhecidos do mundo.


“É chegado o tempo para que eles saiam e venham iluminar a Terra. Ide e mostrai-vos como meus filhos amados. Estou convosco e em vós, contanto que vossa fé seja a luz que vos ilumina nestes dias de desgraças.


“Que vosso zelo vos faça como que famintos da glória e honra de Jesus Cristo. Combatei, filhos da luz, pequeno número que isto vedes, pois aí está o tempo dos tempos, o fim dos fins.


“A Igreja será eclipsada, o mundo estará na consternação. Mas eis Enoc e Elias cheios do Espírito de Deus. Eles pregarão com a força de Deus, os homens de boa vontade acreditarão em Deus e muitas almas serão consoladas. Eles farão grandes progressos, pela virtude do Espírito Santo, e condenarão os erros diabólicos do Anticristo.


“Ai dos habitantes da Terra! Haverá guerras sangrentas e fome, peste e doenças contagiosas. Haverá chuvas feitas de saraivadas espantosas de animais, trovoadas que abalarão as cidades, terremotos que engolirão países. Ouvir-se-ão vozes pelos ares. Os homens baterão as cabeças contra as paredes. Pedirão a morte, e por outro lado a morte será seu suplício. O sangue correrá de todo lado.


“Quem poderá resistir, se Deus não diminuir o tempo da prova? Deus se deixará dobrar pelo sangue, lágrimas e orações dos justos. Enoc e Elias serão mortos. Roma pagã desaparecerá. O fogo do céu cairá e consumirá três cidades.

“Todo o universo será tomado de terror, e muitos se deixarão seduzir, porque não adoraram o verdadeiro Cristo vivo entre eles. Chegou a hora, o sol se obscurece, só a fé viverá.


“Chegou o tempo, o abismo se abre. Eis o rei dos reis das trevas, eis a Besta com seus súditos, dizendo ser o salvador do mundo. Ele se elevará orgulhosamente nos ares para ir até o céu. Será asfixiado pelo sopro de São Miguel Arcanjo. Cairá. E a Terra, que durante três dias terá estado em contínuas evoluções, abrirá seu seio cheio de fogo. Ele será submerso para sempre, com todos os seus, nos despenhadeiros eternos do inferno.


“Então a água e o fogo purificarão a Terra e consumirão todas as obras do orgulho dos homens, e tudo será renovado. Deus será servido e glorificado”.

Mélanie com 70 anos de idade
Mélanie ingressou nas Irmãs da Providência em Corenc, hoje periferia de Grenoble. Não quis fazer-se religiosa de clausura, pois queria ter toda a liberdade para divulgar o segredo de La Salette. 

A comunidade da Providência ficou edificada com suas virtudes e dons sobrenaturais. Mélanie recebera os estigmas quando tinha quatro anos.


E o Menino Jesus, a quem ela chamava “meu irmãozinho”, aparecia-lhe regularmente para aconselhá-la. As religiosas decidiram aceitar a sua profissão solene.


Mons. Ginoulhiac, porém, exigia-lhe que silenciasse para sempre a mensagem de La Salette e não divulgasse o segredo quando chegasse a data determinada pela Virgem Santíssima. 



Como Mélanie não aceitasse essa imposição, no dia de sua profissão o bispo a enviou para visitar a abadia da Grande Chartreuse. 


Na volta, a vidente percebeu que suas companheiras tinham feito os votos e ela ficara de fora. 


Mons. Ginoulhiac aconselhou-a a ingressar no Carmelo de Darlington, na Inglaterra. Era um exílio, mas Mélanie aceitou em espírito de obediência.


Mélanie, 1898, Messina, Itália
Em Darlington as carmelitas ficaram admiradas pelos dons sobrenaturais incomuns de Mélanie, bem como pelo assédio que sofria por parte do demônio.



Ela fez os votos com as ressalvas indispensáveis para garantir a divulgação do segredo.


Mélanie não sabia, mas Mons. Ginoulhiac ordenara ao diretor espiritual dela, sob pena de interdito, entregar-lhe as cartas da religiosa contendo matéria de consciência. 


Quando se aproximava a data de 1858, ela sentiu-se numa espécie de cárcere e enviou cartas às autoridades, até jogando-as por cima do muro da clausura.



O fato foi muito explorado por seus inimigos, mas o bispo de Exham outorgou-lhe as devidas licenças e o Papa Pio IX confirmou a saída do claustro.


Voltou à França, mas nunca encontrou sossego, estando sempre submetida a pressões para não divulgar a mensagem. 


Em 1858, como ordenara Nossa Senhora, ela enviou o texto integral do segredo ao Bem-aventurado Papa Pio IX. Além disso, providenciou sua publicação em Marselha em 1860. 


E em Lecce (Itália) ele foi publicado com imprimatur do Servo de Deus Mons. Zola, em 1879.



Ameaçada de excomunhão por um bispo adversário de La Salette, Mélanie instalou-se no sul da Itália, onde alguns bispos a protegeram.



As incessantes mudanças de diocese, a que foi forçada a fazer, deram pretexto para maiores difamações. 


Dizia-se que ela era orgulhosa, egocêntrica, masoquista e anti-semita histérica, giróvaga, mistificadora, amaciada com padres, e que fora surpreendida num prostíbulo!


Na Itália Mélanie foi co-fundadora das religiosas do Divino Zelo, que tem entre suas finalidades rezar pela vinda dos Apóstolos dos Últimos Tempos. 



Faleceu em Altamura, província de Bari (Itália), sozinha num quarto, como tinha predito, na noite de 14 para 15 de dezembro de 1904, com 72 anos de idade.


Os vizinhos ouviram naquela noite um cântico angélico que ecoava em seu apartamento.


* * *


Contraditados, antipatizados, difamados e perseguidos por alguns, mas apreciados, defendidos e protegidos por pessoas virtuosas e mesmo santas, Mélanie e Maximin ficaram para sempre aos pés de Nossa Senhora, nas inúmeras imagens de La Salette que se veneram em toda a Terra.


Maximin, vidente de La Salette
Maximin entrou no seminário diocesano, onde primou por sua seriedade e piedade.


O novo bispo de Grenoble, Mons. Ginoulhiac, grande amigo do governo e acérrimo opositor da aparição, como condição para ser ordenado impôs-lhe não mais falar do caso e silenciar o segredo para sempre.


Maximin respondeu em carta: 


“Se Sua Excelência Mons. Ginoulhiac tem a intenção de me paralisar antecipadamente, de não me deixar nem agir, nem falar nem escrever, quando a minha missão de apóstolo de La Salette tornar-me-ia obrigatório fazê-lo, pense antes de me dar sua opinião. Tal intenção, presente em meu superior, seria um sinal positivo de eu não ter vocação. Deus não iria me dar uma vocação sacerdotal diametralmente oposta à vocação que me vem de Maria: a de difundir em todo lugar e sempre, segundo as circunstâncias, suas advertências a seu povo”.
O bispo então expulsou-o do seminário. Maximin procurou estudar e trabalhar em Paris e Le Havre. Mas onde ia, seguia-o uma série de maledicências e hostilidades de origem anticatólica ou eclesiástica liberal. Tal murmuração espalhou ser ele inculto, estúpido, instável, bêbado e dissoluto.



Mons. Ginoulhiac não hesitou em escrever ao Ministro de Instrução Pública, anticatólico, acusando o vidente de “dizer um conjunto de mentiras voluntárias”. O prelado se gabou de tê-lo banido do seminário como “ato de justa severidade” que o fez “cessar suas fantasias proféticas”. 


Maximin, em foto de 1861

O vigário de Saint Germain l’Auxerrois, famosa paróquia de Paris, escreveu um livreto acusando-o de viver em concubinato com sua mãe adotiva, piedosa mulher que por sinal, fora dirigida espiritualmente por São Pedro Julião Eymard! 


Mensagens pessoais a políticos e eclesiásticos influentes


Maximin transmitiu mensagens pessoais para personagens importantes do tempo. Ao conde de Chambord, pretendente legitimista à coroa da França, no sentido de dissuadi-lo de reinar. 


Ao arcebispo de Paris, Mons. Darboy, a quem predisse que morreria fuzilado, como de fato o foi, pelos revolucionários comunistas da Comuna de Paris.


A Napoleão III, advertindo-o de sua próxima queda caso abandonasse o Papa, como acabou acontecendo.



Maximin alistou-se no corpo dos zuavos pontifícios, regimento de voluntários a serviço do Papa, mas a vida de caserna não correspondia ao seu ideal. 


Em seus últimos anos de vida foi acolhido por uma família de Paris, até que esta perdeu a casa na revolução comunista da Comuna de 1871. Ele acabou dormindo ao relento, tendo, por isso contraído a doença que lhe provocou a morte.


Na mais extrema indigência, Maximin pediu a Mons. Ginoulhiac um albergue onde pudesse morrer dignamente. O prelado recusou o pedido. 


Túmulo de Maximin, no cemitério de Corps

O bispo, “turiferário do regime”, tinha sido recompensado pelo governo com a Sé primacial de Lyon. O Bem-aventurado Pio IX nunca lhe concedeu a honra do cardinalato, que é concedida ex-ofício a todos os arcebispos de Lyon. 



Na miséria, Maximin entregou sua alma a Deus em sua cidade natal de Corps, em 1º de março de 1875, aos 39 anos de idade. 


Deixou o exemplo de uma vida moral íntegra e uma indomável determinação em fazer a vontade de Nossa Senhora, acima da vontade dos homens. 



Seu coração foi depositado na basílica de La Salette, e seu corpo no pequeno cemitério de Corps, onde jaz atualmente.



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DEFESA DAS APARIÇÕES DE JACAREI

DEFESA ÀS APARIÇÕES DE JACAREÍ


(FEITA POR UM PEREGRINO, AO CONTEMPLAR UM VÍDEO FALANDO MAL DAS MESMAS CITADAS ACIMA, E SOBRE A CARTINHA DO BISPO DA ÉPOCA, ALEGANDO QUE AS APARIÇÕES NÃO ERAM VERDADEIRAS)


NÃO SEI QUEM FEZ MAS PRA MIM ESSA PESSOA MERECIA UMA MEDALHA DE HONRA DE NOSSA SENHORA POR ESTA BELA DEFESA

"Quando você diz que devemos dar ouvidos ao que os padres dizem a respeito das aparições de Jacareí, corre em um ledo engano, pois, a “opinião pessoal” deles é que não pode ser elevado ao nível de “dogma de fé”. As cartas de Dom Nelson são muito citadas pelos que latem que estas Sagradas Aparições são falsas. Portanto, mister se faz alguns esclarecimentos. Há duas cartas oficiais onde este indigitado bispo trata da matéria “aparições”. Uma primeira, publicada em 1996, enquanto o mesmo ainda era bispo de São José dos Campos (diocese a qual pertence Jacareí). Nesta, não há menção alguma ao nome do Profeta Marcos Tadeu Teixeira, muito menos, excomunhão, há somente algumas orientações pastorais. A segunda, publicada em 2007 e republicada em 2011, realmente traz explicitamente o nome do Profeta Marcos Tadeu Teixeira, porém, nesta, a palavra “excomunhão” é sequer mencionada.

Ainda há um probleminha com esta segunda carta. O dito bispo (certamente pela providência de Nossa Senhora) foi transferido para a diocese de Santo André/SP em 2003, e, observem, a segunda carta publicada por ele ocorreu no ano de 2007, quando já havia deixado de ter jurisdição eclesiástica sobre a cidade de Jacareí. Portanto, o mesmo, ao editar esta carta, violou a jurisdição eclesiástica conferida a ele pela Igreja, e, ainda, violentou gravemente a autoridade de Dom Moacir, então, bispo da Diocese de São José dos Campos, que, se quisesse, poderia ter criado o maior caso com isso, pois Dom Nelson desrespeitou frontalmente e atropelou sua autoridade eclesiástica, uma verdadeira afronta. Então eu lhes pergunto, vocês ainda vão dar credibilidade a um documento irregular e eivado de vícios como esse?

Vale lembrar, que não é obrigatório seguir estas cartas circulares dos bispos. Não há heresia nem cisma nisso. Um católico somente pode ser acusado de cismático ou herege se atentar contra os Dogmas de Fé. Que eu saiba, carta circular de bispo não é Dogma de Fé. Como a primeira carta de Dom Nelson não condena as Aparições de Jacareí, e a segunda está irregular, pode-se dizer que não pesa condenação oficial e regular da Igreja sobre estas Santas Aparições. Além do mais, até o presente momento, Dom José Valmor, que atualmente tem jurisdição eclesiástica sobre Jacareí, não fez pronunciamento oficial sobre as mesmas. Documento oficial onde o Profeta Marcos foi excomungado, também é inexistente, portanto, qualquer informação que diga o contrário é fruto de pura “fofoca”.

Ressalto que em Jacareí, realmente, não damos tanta importância aos documentos do Vaticano. O que nós realmente valorizamos é a doutrina que nos foi transmitida pelos santos, como Santo Afonso, São Luiz, Santa Teresa, São João da Cruz, etc... Outro adendo que gostaria de acrescentar, diz respeito ao fato da obrigatoriedade ou não das Sagradas Mensagens Celestiais. A orientação predominante entre os teólogos católicos, de que não é obrigatório seguir as Aparições de Nossa Senhora, se funda em meras opiniões pessoais de alguns clérigos a respeito do assunto. Esta orientação não tem o caráter da infalibilidade papal e muito menos é um Dogma de Fé. Realmente, o catecismo atual traz algo nesse sentido, mas vale lembrar que o mesmo não recebeu o caráter da infalibilidade pelo Concílio Vaticano II. Bem ao contrário do Santo Catecismo do Concílio de Trento. Este sim, recebeu o caráter de infalível. Ocorre que nossa amada Igreja há muito se transviou de uma tradição bíblica milenar, através da qual o “Deus dos Exércitos” sempre manifestou sua vontade ao povo de Israel por meio de suas aparições aos profetas (mesmo fenômeno que ocorre com o, também, profeta Marcos Tadeu, pois os fenômenos miraculosos e de aparições que ocorrem naquele Santuário, são da mesma espécie dos verificados na Sagrada Bíblia).

Ora, nos tempos bíblicos não era através dos fariseus, saduceus, príncipes e doutores da lei (a Igreja oficial da época) que Deus dava as suas diretrizes ao povo eleito, mas sim, através dos profetas, em outras palavras, dos videntes. Nos primórdios do cristianismo, também ocorria assim, pois, a própria origem da nossa amada Igreja se funda nas “aparições” de Jesus aos apóstolos e discípulos. Então, por que esta tradição bíblica foi quebra? Será que é porque as aparições aos profetas cessaram? Errado, pois nos últimos 100 anos ocorreram mais de 1000 aparições de Nossa Senhora, dos santos e anjos, e até de Deus.
A pergunta correta é, por que o clero tenta abafar isso, pois grande parte, senão todas, destas aparições também foram acompanhadas de sinais miraculosos, como, curas inexplicáveis pela ciência, sinais na natureza, etc... Se Deus usava deste expediente nos tempos bíblicos, certamente deveria continuar a usá-lo nos tempos do catolicismo, pois uma grande verdade que a Teologia professa é que Deus é imutável. Não citarei as passagens bíblicas onde Deus manifesta sua vontade através dos videntes/profetas, pois se assim fizesse, teria que citar a Bíblia inteira, pois a própria formação e ensinamentos nela transmitidos se dão por este meio. Gostaria apenas de citar um pequeno exemplo de qual atitude deveremos tomar frente às Aparições de Jacareí, tomando por base a Bíblia. Saulo, quando se dirigia à cidade de Damasco e Jesus lhe “aparece” exclama: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 9, 6). Naquela ocasião, Jesus disse a ele para procurar os fariseus e saduceus (a Igreja oficial da época)? Não! O ordenou que entrasse na cidade de Damasco e ali lhe seria dito o que deveria fazer. Beleza. E quem Deus enviou para Saulo? Os fariseus e saduceus (a Igreja oficial da época)? Não! Mas Ananias, um vidente. Como eu sei que Ananias era um vidente? As Sagradas Escrituras nos contam que foi uma aparição de Jesus que disse para ele ir procurar Saulo. É só conferir At 9, 10-16ss.

Outro exemplo foi Judas Iscariotes; este preferiu errar com a Igreja oficial da época (lembra né, fariseus e saduceus) que acertar sem ela. Bom... Errou mesmo! E segundo alguns santos místicos, como Maria de Ágreda, sua alma se encontra no inferno. Assim, a posição teológica defendida pela maioria dos teólogos atuais, de que as aparições não são obrigatórias, falando em termos de estudo teológico da atualidade, é perfeitamente passível de questionamento, e, inclusive, daria uma boa tese de doutoramento. É um posicionamento que pode ser mudado. Não é Dogma de Fé. Gostaria de finalizar este ponto dizendo o seguinte. Jesus tolerou para sempre aquela Igreja oficial da época (o judaísmo) que rejeitou o projeto que suas aparições aos Apóstolos (que também eram videntes) propunha? Claro que não!!! Por causa disso, Deus se retirou do meio daquela Igreja e passou a habitar no meio dos seus videntes, os apóstolos e discípulos, e, assim, surgiu a nossa amada Igreja Católica (Mt 21, 39-45).

Não é objetivo do Profeta Marcos Tadeu, nem de sua Ordem e muito menos de nós, a Milícia da Paz (formada por todos os fiéis seguidores daquele Santuário) provocar um cisma na Igreja. Nós apenas denunciamos os erros (prerrogativa esta, conferida aos leigos pelo próprio Concílio Vaticano II), lutamos para que a devoção a Nossa Senhora, aos santos e anjos seja colocada em seu devido lugar, e que as suas mensagens, e as dos demais santos, e até as de Deus, seja acolhida como nos tempos Bíblicos, pois acreditamos que se isto não for feito, irá se abater gigantescos cataclismos sobre a Terra, de uma tal magnitude que nunca houve, nem jamais haverá. Acreditamos que esta “palavra de Deus” transmitida nas aparições é o caminho e a única forma de salvar o mundo, e qualquer obra, ou pessoa, que ensine ou faça diferente do que elas dizem, é desprezada por nós. O motivo para isto é muito simples. Desde tempos remotos, as Aparições de Nossa Senhora (inclusive as não aprovadas pela Igreja) vêm dizendo o que aconteceria ao mundo se esta “palavra de Deus” não fosse obedecida. Resultado, tudo o que elas disseram, em um passado remoto, está se cumprindo na atualidade. Então, não há outra conclusão a se fazer, a não ser admitir que elas eram verdadeiras, e que o clero errou. Aliás, o histórico de erro do clero é algo realmente interessante. Basta citar a condenação que pesou durante 20 anos sobre as Santas Aparições de Jesus Misericordioso à Santa Faustina, e não foi por um “bispozinho” qualquer. Foi pelo próprio papa da época. Se não fosse a atuação do então Cardeal Karol Józef Wojtyła, futuro Papa João Paulo II, estas aparições estariam condenadas até os tempos atuais, e, certamente, você seria um grande opositor delas, não é? Infelizmente, como atualmente o número de Cardeais, e clérigos em geral, com este nível de espiritualidade é praticamente nulo... tadinha das aparições... snif. Praticamente nenhum deles entende de Teologia Mística, o estudo apropriado para se avaliar as aparições e estudá-las.

Além do mais, as aparições de La Salette, Lourdes e Fátima, para quem conhece mais a fundo sua história, verá que elas na verdade não foram aceitas pelo clero. Muito pelo contrário, este as combateu com todas as suas forças. Na realidade, o que ocorreu, é que os fiéis praticamente as fizeram descer goela abaixo na garganta do clero, de tal modo, que eles não tiveram outra opção a não ser aprová-las. E, mesmo nestas que foram aprovadas, o estrago que o clero fez é algo incomensurável. Não as divulgou como deveria; se o corpo incorrupto de Santa Bernadete estivesse no Santuário de Lourdes iria converter milhões de fiéis, no entanto está praticamente escondido no convento de Nevers; o corpo incorrupto de Santa Jacinta foi escondido dos fiéis; a esmagadora maioria dos vaticanistas da Itália é de acordo que, até hoje, o terceiro segredo de Fátima não foi revelado em sua integralidade; a consagração da Rússia não foi feita como Nossa Senhora pediu até os dias atuais, etc... E isso, só para citar os danos que me vem à mente neste momento.

No Santuário das Aparições de Jacareí, o Profeta Marcos está resgatando tudo aquilo que a Igreja e a sociedade tanto se esforçaram para extinguir, os escapulários, medalhas, mensagens, enfim, a salvação do mundo que Nossa Senhora nos revelou e ofereceu com tanto amor ao longo de suas aparições na história. Sem dúvida, lá está se cumprido a passagem da Escritura na qual se diz: “Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas...” Mt 13,52 É uma nova aparição que resgata todas, até as mais antigas. Portanto, se ainda quiserem seguir a doutrina da cabeça deste cara de que não precisamos de aparições, o problema é de vocês. Aliás, se formos pensar bem, porquê Deus, Nossa Senhora os anjos e os santos apareceriam, né? Afinal de contas, nosso mundo está uma verdadeira maravilha, não é? Não temos problemas de droga, prostituição, corrupção, degradação moral, depressão, decadência da Igreja, violência, roubos, assassinatos, guerras, miséria..., todos os sacerdotes são verdadeiros Serafins de santidade, enfim, o Vaticano está dando conta do recado... Só não está apresentando um desempenho melhor devido a um “pequeno” probleminha de tráfico de influência entre os altos clérigos, desvio de verbas do banco do Vaticano, looby gay entre os padres, pedofilia generalizada, um papa progressista e comunista..., mas, afinal de contas, são probleminhas fáceis de serem solucionados, né? É... Em um mundo maravilhoso e em ótimo funcionamento como esse, realmente não entendo o motivo de tantas aparições..."