São Nicéforo Século III
MÁRTIR:
Nicéforo era um cidadão de Antioquia, atual Síria, nascido no ano 260. Discípulo e irmão de fé do sacerdote Sabrício, tornaram-se amigos muito unidos e viveram nos tempos dos imperadores Eutiquiano e Caio.
Não se sabe exatamente o porquê, mas Nicéforo cometeu algum mal com relação a Sabrício que nunca mais o desculpou. Pediu perdão muitas vezes, diga-se inclusive que ainda existem os registros desses seus pedidos. Mas, Sabrício nunca o concedeu, contrariando a própria religião cristã, da qual era sacerdote. Ele levou até o fim esta falta de solidariedade, apesar de Nicéforo ter chegado a se ajoelhar para implorar sua absolvição.
Um dia, Sabrício foi denunciado e processado por ser católico e compareceu ao tribunal. Em princípio parecia disposto a qualquer martírio, cheio de coragem e determinação. Assumiu ser sacerdote cristão, recusou-se a sacrificar aos deuses pagãos e resistiu às mais bárbaras torturas.
Mas, ao ser condenado à morte e receber a ordem de se ajoelhar para ter a cabeça cortada, aceitou render homenagens aos deuses pagãos em troca de liberdade. Nicéforo, que assistira ao julgamento e chegara a pedir novamente perdão ao padre, dizendo que com isso ele teria o apoio de Deus para enfrentar as dores que o aguardavam, escandalizou-se com a infidelidade do estimado sacerdote.
Mesmo sem ter sido acusado ou convocado ao tribunal, Nicéforo apresentou-se de livre e espontânea vontade como cristão, disposto a morrer no lugar daquele que renegara sua fé em Cristo. Minutos depois, foi executado. Os registros e a tradição narram que sua cabeça rolou na arena e acabou depositada justamente aos pés do insensível sacerdote Sabrício.
O Martirológio Romano registra outro santo com esse nome, que viveu mais de seis séculos depois e cuja atuação em defesa da unidade da Santa Mãe, a Igreja, não foi menos corajosa e eficiente.
Por isso o culto à esse primeiro mártir permanece firme, vivo e constante ao longo do tempo e junto aos devotos, principalmente no mundo católico do Oriente.
SÃO NICÉFORO, MÁRTIR:
Quando Valeriano e Galieno eram imperadores, viviam em Antioquia o sacerdote Saprício e seu amigo íntimo Nicéforo.
O inimigo de todo o bem semeou cizânia, a amizade dos dois transformou-se em inimizade acérrima.
Algum tempo depois Nicéforo, caindo em si, procurou aproximar-se de Saprício, porém não lhe quis perdoar; uma segunda tentativa, feita por intermédio de outros amigos, não teve melhor resultado.
Ainda pela terceira e quarta vez Nicéforo procurou o ex-amigo, chegando a prostrar-se diante dele, dizendo: “Pai! Perdoai-me pelo amor de Deus!” Inútil esperança!
Saprício, esquecendo-se por completo do dever de cristão e sacerdote, fechou o coração aos sentimentos de perdão.
Aconteceu que ao mesmo tempo rebentasse em Antioquia uma terrível perseguição da religião cristã.
Os cárceres enchiam-se de prisioneiros, cujo único crime consistia em serem cristãos e muitos tiveram a morte gloriosa do martírio.
Também Saprício foi preso e levado à presença do governador, o qual fez o seguinte inquérito: “Como te chamas?” – “Chamo-me Saprício”. – “Tua profissão, qual é?” – “Sou cristão”. – “Não és sacerdote?” – “Sou” – “Eis a ordem dos imperadores Valeriano e Galieno, segundo a qual todos aqueles que se dizem cristãos, devem sacrificar aos deuses imortais. Quem se negar a prestar esta homenagem, será condenado a torturas e multas e, se não ceder, será morto”.
Saprício responde: “Nosso Rei é Cristo. Só ele é o Deus verdadeiro, Criador do céu, da terra e do mar. Os deuses dos pagãos, porém são ídolos, que devem desaparecer do mundo, pois nenhum poder têm, visto serem feitos por mão humana”.
Em paga desta confissão, Saprício foi cruelmente torturado.
O Mártir, porém, ficou firme na fé e disse ao governador: “Tens apenas poder sobre minha carne; minha alma está nas mãos de Jesus Cristo, daquele que a formou”.
O governador, vendo que nada conseguia com torturas, condenou Saprício à morte pela espada.
O sentenciado foi levado imediatamente ao lugar da execução.Nicéforo, sabendo o que acontecera, veio de encontro a Saprício, lançou-se-lhe aos pés, dizendo: “Mártir de Cristo, perdoe-me o que contra vós fiz!”
Saprício nada respondeu.
Nicéforo reiterou o pedido:
“Mártir de Cristo – assim falou a Saprício – perdoai-me o que em humana fraqueza contra vós fiz.Eis a coroa que Cristo vos oferece, em recompensa da fé, que corajosamente confessastes, em presença de muitas pessoas”.
Saprício ficou inflexível e da boca não lhe saiu a palavra do perdão.
Aconteceu então o que era de esperar: Deus, vendo seu preceito desatendido pelo seu ministro, retirou-lhe a graça e assistência na hora da morte.
Quando chegaram ao lugar do suplício, Saprício recebeu ordem de ajoelhar-se. “Porque devo ajoelhar-me?” perguntou aos algozes. – “Para levar a efeito a execução”, responderam. – “Que fiz eu, para que deva morrer?” – “Porque negaste sacrificar aos deuses, conforme ordenam os imperadores.” – “Não quero morrer. Farei o que me mandarem e prestarei homenagem aos deuses”.
Imediatamente foi posto em liberdade.
Outra vez apareceu Nicéforo e vendo o grande escândalo que Saprício acabava de dar, dirigiu-se-lhe dizendo: “Não peques, meu irmão, negando a Nosso Senhor Jesus Cristo. Peço-te não o abandones para que não percas a coroa, que já tinhas segura, como recompensa da tua fidelidade no martírio”.
Saprício ficou insensível ainda diante deste último apelo.
Para reparar a infidelidade de Saprício, Nicéforo apresentou-se dizendo:
“Sou cristão e creio em Jesus Cristo, cujo nome Saprício acaba de negar. Eis-me aqui, pronto para morrer em seu lugar”.
Todos os circunstantes se admiraram da coragem de Nicéforo.
Os algozes não se atreveram a pôr-lhe a mão, sem autorização do governador.
Esta não se fez esperar e poucos minutos depois, rolou a cabeça de Nicéforo na arena, aos pés de Saprício e dos algozes e sua alma, aureolada com a glória do martírio, voou para o céu, para fazer parte do glorioso exército dos Mártires e cantar louvor ao Rei eterno, Jesus Cristo.
São Nicéforo, na ponta , embaixo, à esquerda