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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

31 de outubro Beata Irene Stefani




31 de outubro Beata Irene Stefani


Mercede Stefani nasceu em Anfo (Brescia) no dia 22 agosto 1891, filha de Giovanni e Annunziata Massari. Quinta de doze filhos, dos quais sobreviveram só cinco filhas, foi batizada com o nome Aurelia Giacomina Mercede. Em família, todos a chamavam Mercede.

Frequentando a escola local, se distinguiu pela viva inteligência, em Paróquia seguia a catequese com entusiasmo, e já aos treze anos revelou aos pais o desejo de fazer-se irmã. Naturalmente a resposta foi de esperar, porque ainda era muito nova, e porque a mãe começava a ter sinais de uma doença; durante um tempo, até parou o estudo para ajudar a família: em 1907 mãe Annunziata faleceu por uma grave broncopneumonia, deixando 6 filhos, dos quais Ugo, de 4 anos e Antonietta de 5. Mercede começou a ocupar-se da casa e da educação das crianças, enquanto a irmã mais velha Emma ajudava em uma atividade comercial. 

Em 1908 faleceu também Ugo, provocando muita dor no pai, que no ano seguinte se casou com Teresa Savoldi, mas deste casamento não nasceram filhos.

Na paróquia, Mercede era catequista e visitava muitos pobres. Sob a direção espiritual do Pároco, ela foi concretizando o desejo de fazer-se missionária e pediu para entrar nas Missionárias da Consolata.

Em junho 1911 deixa Anfo, onde não voltará jamais, acompanhada pelo pai, vai para Turim, onde foi recebida pelo Fundador do Instituto, o Bem Aventurado José Allamano, que em 1901 já tinha fundado o Instituto dos Padres e Irmãos da Consolata.

Vigésima-sétima jovem da família religiosa, Mercede vive com grande radicalidade, suma obediência e profunda humildade, os seus anos de formação em Turim.

Em janeiro 1912 Mercede faz a vestição religiosa e recebe o nome Irmã Irene. Dois anos depois, em 1914, emite a primeira Profissão Religiosa. Naquele ano escreve o seu programa de vida: ” Jesus só! Tudo com Jesus, nada de mim. Toda com Jesus, nada de mim. Tudo por Jesus, nada por mim”. 

Em 1914 começa a Primeira Guerra Mundial; os dois Institutos da Consolata conseguem encontrar ainda 9 vagas no navio “Porto

Alessandretta”, antes que o conflito não permita mais as viagens. Irmã Irene faz parte do grupo dos nove missionários: parte no dia 28 de dezembro 1914 e não voltará mais na Itália.

O navio chegou em Mombasa no dia 30 de janeiro 1915. O grupo foi para a terra dos Kikuyu, onde se encontravam as missões italianas. Nos primeiros tempos, para aprender a língua, ajudou Irmã Costanza no humilde trabalho do campo, na missão de Nyeri. A guerra chegou na África, onde Alemanha e Inglaterra combateram na guerra colonial. Enquanto os colonos ingleses formavam a milícia, os homens africanos eram alistados pelos trabalhos mais extenuantes: os “carriers” eram carregadores que transportavam material, faziam caminhos e pontes em lugares pouco acessíveis. Este duro trabalho acabava logo as forças dos homens que, extenuados, eram internados em hospitais onde, muitas vezes, eram abandonados e maltratados.

Monsenhor Perlo, Superior dos Missionários da Consolata na África, conhecendo o drama dos carriers ofereceu ajuda nos hospitais militares, apresentando-se como voluntário da Cruz Vermelha. Também Irmá Irene foi para lá depois dum breve

curso de enfermagem: no dia 25 de agosto parte e chega o hospital de Voi, onde já estavam Irmã Cristina Moresco e Padre Benedetto.

A nível humano o hospital é um desastre: os doentes eram deixados sozinhos, no desespero. Os empregados do campo se preocupam apenas com a própria comodidade, e obrigam os doentes a fazerem a limpeza, quem não cumpria as regras sofria punições.

Irmã Irene e Irmã Cristina dão dignidade aos doentes, curam e limpam feridas e chagas, doam sorrisos e palavras de esperança para quem não as tem mais, e, depois de breves instruções, batizam os moribundos. As missionárias e missionários administraram mais do que 26 mil batismos; Irmã Irene sozinha batizou três mil pessoas. Missionários como Irmã Irene, apaixonados por Deus e pelos homens, não tinham outro desejo que salvar tantas almas. Significativa a história de Athiambo:


num período de grande pestilência no hospital de Kilwa Kiwinje, um dia Irmã Irene não encontrou mais Athiambo, ao qual tinha prometido batizar, embora no dia anterior ele não estivesse moribundo. Os corpos sem vida eram deixados à beira-mar, onde a maré levava embora o montão de carne humana. Irmã Irene correu à praia, sem acreditar que ele pudesse ter morrido sem Batismo. Procurou Athiambo no montão dos mortos, até quando o encontrou, ainda vivo. Levou-o de volta ao hospital, onde viveu ainda uns dias, e onde recebeu o Batismo. Depois do fim da guerra, Ir. Irene volta para o Kenya, onde por um ano é assistente das jovens africanas que se preparam à vida religiosa no Convento das Irmãs de Maria Imaculada em Nyeri.

Foi finalmente destinada à missão de Ghekondi, onde passará o resto da sua vida. A intensa atividade missionária dela consiste no ensinamento na escola local, na catequese, sobretudo sendo mulher de grande caridade, próxima aos doentes e moribundos, às mulheres grávidas, aos jovens e a quem, simplesmente, a procurava. Secretária dos pobres, passa as noites escrevendo cartas em nome dos pais analfabetos, que têm filhos na cidade, em busca de trabalho. Administra nestes anos mais de mil batismos, geralmente aos moribundos que vela até a morte. As Irmãs testemunham a sua grande hospitalidade naquela pobre e pequena casa, que ficava num ponto de passagem entre Nyeri, e as missões mais distantes. A partir de um tempo, Irmã Irene começa a beber o cálice amargo da ingratidão e da incompreensão: a escola torna uma cruz a ser carregada no meio das críticas dos jovens que não a querem como professora, e também a vida comunitária dá muitos sofrimentos, sobretudo a

partir do momento que é escolhida como superiora da casa. 

Em 1930 nasce nela o desejo de oferecer a sua “pobre, inútil vida” ao Senhor pelas missões e pelo Instituto. Num primeiro momento a superiora Irmã Ferdinanda Gatti não lhe dá licença, mas em outubro aceita. Feliz por poder oferecer a sua vida, Irene continua trabalhando muito, de maneira especial perto dos doentes de peste, num período de pestilência. No dia 20 de Outubro, mesmo não se sentindo bem de saúde, correu para atender um doente de peste. Era o mesmo que a ofendera, denegrindo o seu ensino na escola, para poder tomar o seu lugar. Demorou-se com ele, abraçou-o, ficando provavelmente contaminada com a mesma doença. A partir dali, o seu estado de saúde foi piorando até levá-la às portas da morte. Terminou a sua existência terrena, aos 31 de Outubro de 1930. Tinha 39 anos. Faleceu e todo o mundo já pensava nela como uma santa. Os africanos a chamavam com carinho e respeito “Nyaatha”, a mãe muito misericordiosa, cheia de piedade e amor.

“Foi o amor que a matou” logo comentaram os africanos. Era o selo de uma existência toda marcada pela caridade heroica, que emanava da constante e profunda busca da santidade. Expressou este anseio nas suas últimas palavras: “sou toda de Jesus, de Maria, de São José, agora e sempre por toda a eternidade.”

O milagre atribuído à intercessão da Serva de Deus Irene Stefani: Trata-se da multiplicação da água da fonte batismal da Paróquia de Nipepe (Niassa-Moçambique), da qual se serviram os catequistas e seus familiares que se refugiaram na igreja quando do ataque da Renamo. Ficaram sitiados, nos dias 10-13 de Janeiro de 1989. As dezenas de pessoas fechadas na igreja não tinham reserva de água e era o período mais quente do ano. Invocaram a Irmã Irene Stefani. E a água foi suficiente para matar a sede de todos os refugiados que estavam na igreja. Os presentes repetiam o testemunho: “por intercessão da Irmã Irene, fomos salvos”. “Ela nos ouviu e atendeu”. “Foi mãe Irene quem fez o milagre”.

Foi beatificada em Nyeri – Quênia – em 23 de maio de 2015

31 de Outubro - São Quintino

São Quintino mártir (século III)

As notícias sobre o apóstolo da Picardia são duvidosas. Certa é, de qualquer maneira, sua existência e o martírio sofrido em Vermand, cidade que hoje leva seu nome, Saint-Quintin, às margens do rio Somme.

Segundo a tradição — reconstruída várias vezes e enriquecida de episódios lendários —, Quintino era romano, quinto filho de uma família numerosa (fato insólito no baixo império) e cristã.

Partiu de Roma com alguns companheiros para evangelizar a Gália. Com ele estava Luciano, também mártir e santo. Os dois dividiram entre si o território da Picardia para evangelizar. Luciano escolheu Beauvais; Quintino estabeleceu-se em Amiens e a partir daí difundiu a mensagem evangélica nas regiões circunvizinhas. 

Fê-lo com muito sucesso, até o momento em que o prefeito romano julgou oportuno detê-lo e encerrá-lo na prisão, numa tentativa de fazê-lo mudar de opinião, talvez, devolvendo-o a Roma. Mas Quintino não era do gênero dos que se furtam a compromissos e o prefeito condenou-o à morte. 
Como romano, o obstinado missionário merecia o privilégio — se tal cabe dizer — da decapitação. Mas como cristão (e os cristãos eram acusados de ateísmo por causa de sua recusa de adorar os deuses de Roma), teve uma morte dolorosa, precedida de várias torturas. Tudo isso durante o império de Diocleciano ou de Maximiano (a tradição não é clara).

A lenda se desdobra a seguir em outras particularidades. O corpo de Quintino foi lançado a um rio em cujo fundo teria permanecido cerca de 50 anos, até que as orações de uma mulher piedosa o fizeram vir à tona, ainda intacto. Ou, mais provavelmente — retifica outra tradição —, o corpo de são Quintino teria sido reencontrado por um santo monge que lhe deu digna sepultura, erigindo sobre sua tumba um mosteiro a ele dedicado, perto de Vermand, lugar de peregrinações populares desde a alta Idade Média.

31 de outubro - Dia de Santo Afonso Rodrigues

1532-1617


A Companhia de Jesus gerou padres e missionários santos que deixaram a assinatura dos jesuítas na história da evangelização e na história da humanidade. Figuras ilustres que se destacaram pela relevância de suas obras sociais cristãs em favor das minorias pobres e marginalizadas, cujas contribuições ainda florescem no mundo todo. 

Entretanto de suas fileiras saíram também santos humildes e simples, que pela vida entregue a Deus e servindo exclusivamente ao próximo, mostraram o caminho de felicidade espiritual aos devotos e discípulos. Valorosos personagens quase ocultos, que formam gerações e gerações de cristãos e, assim, sedimentam a sua obra no seio das famílias leigas e religiosas. 
Um dos mais significativos desses exemplos é o irmão leigo Afonso Rodrigues, natural de Segóvia, Espanha. Nascido em 25 de julho de 1532, pertencia a uma família pobre e profundamente cristã. Após viver uma sucessão de fatalidades pessoais, Afonso encontrou seu caminho na fé. 

Tudo começou quando Afonso tinha dezesseis anos. Seu pai, um simples comerciante de tecidos, morreu de repente. Vendo a difícil situação de sua mãe, sozinha para sustentar os onze filhos, parou de estudar. Para manter a casa, passou a vender tecidos, aproveitando a clientela que seu pai deixara. 

Em 1555, aconselhado por sua mãe, casou e teve dois filhos. Mas novamente a fatalidade fez-se presente no seu lar. Primeiro, foi a jovem esposa que adoeceu e logo morreu; em seguida, faleceram os dois filhos, um após o outro. Abatido pelas perdas, descuidou dos negócios, perdeu o pouco que tinha e, para piorar, ficou sem crédito. 

Sem rumo, tentou voltar aos estudos, mas não se saiu bem nas provas e não pôde cursar a Faculdade de Valência. 

Afonso entrou, então, numa profunda crise espiritual. Retirado na própria casa, rezou, meditou muito e resolveu dedicar sua vida completamente a serviço de Deus, servindo aos semelhantes. Ingressou como irmão leigo na Companhia de Jesus em 1571. E foi um noviciado de sucesso, pois foi enviado para trabalhar no colégio de formação de padres jesuítas em Palma, na ilha de Maiorca, onde encontrou a plena realização da vida e terminou seus dias. 

No colégio, exerceu somente a simples e humilde função de porteiro, por quarenta e seis anos. Se materialmente não ocupava posição de destaque, espiritualmente era dos mais engrandecidos entre os irmãos. Recebera dons especiais e muitas manifestações místicas o cercavam, como visões, previsões, prodígios e cura. 

E assim, apesar de porteiro, foi orientador espiritual de muitos religiosos e leigos, que buscavam sua sabedoria e conselho. Mas um se destacava. Era Pedro Claver, um dos maiores missionários da Ordem, que jamais abandonou os seus ensinamentos e também ganhou a santidade. Outro foi o missionário Jerônimo Moranto, martirizado no México, que seguiu, sempre, sua orientação. 



Afonso sofreu de fortes dores físicas durante dois anos, antes de morrer em 31 de outubro de 1617, lá mesmo no colégio. Foi canonizado em 1888, pelo papa Leão XIII, junto com são Pedro Claver, seu discípulo, conhecido como o Apostolo dos Escravos. Santo Afonso Rodrigues deixou uma obra escrita resumida em três volumes, mas de grande valor teológico, onde relatou com detalhes a riqueza de sua espiritualidade mística. A sua festa litúrgica é comemorada no dia de sua morte.

31 de outubro - Dia de São Wolfgang

924-994

No final do século I surgiu o novo contorno político dos países da Europa. Entre os construtores desse novo mapa europeu está o bispo são Wolfgang, também venerado como padroeiro dos lenhadores. 

Nascido no ano 924, na antiga Suábia, região do sudoeste da Alemanha, aos sete anos foi entregue à tutela de um sacerdote. Cresceu educado no Convento beneditino de Constança. Considerado um exemplo, nos estudos e no seguimento de Cristo, era muito devoto da eucaristia e tinha vocação para a vida religiosa. 

Saiu do colégio em 956, sem receber ordenação, para ser conselheiro do bispo de Trèves. Cargo que associou ao de professor da escola da diocese, onde arrebatava os alunos com sua sabedoria e empolgante maneira de ensinar. 

Com a morte do bispo em 965, decidiu retirar-se no Mosteiro beneditino da Suíça. Três anos depois, terminado o noviciado, ordenou-se sacerdote e foi evangelizar a Hungria. Na época, esses povos bárbaros tentavam firmar-se como nação, mas continuavam a invadir e saquear os reinos alemães, promovendo grandes matanças de cristãos. 
Wolfgang foi bem aceito e iniciou com sucesso a cristianização dos húngaros, organizando esses povos a se firmarem na terra como agricultores. Assim, começou a mostrar seu valor de pregador, pacificador e diplomata político também. Pouco tempo depois, em 972, era nomeado bispo de Ratisbona. 

Ratisbona, cidade da Baviera, cujos vales dos rios Reno e Naab ligam as terras da Boêmia, que dependiam daquela diocese, ou seja, do bispo Wolfgang. Lá, ele, novamente, foi mestre e discípulo, professor e aprendiz. Mas foi, principalmente, o grande evangelizador e coordenador político. Caminhava de paróquia em paróquia dando exemplos de religiosidade e caridade, pregando e ensinando a irmãos, padres e leigos. 

Sua fé e dedicação ao trabalho trouxeram-lhe fama, e até o próprio duque da Baviera confiou-lhe os filhos para educar. Foi a atitude acertada, porque Henrique, o filho mais velho do duque, tornou-se imperador da Baviera. Bruno, o segundo filho, foi bispo exemplar, como seu mestre. A filha, Gisela, foi um modelo de rainha católica na história da Hungria. E finalmente, a outra filha, Brígida, tornou-se abadessa de um mosteiro fundado pelo bispo Wolfgang. 

Mas esse não foi o único mosteiro que criou, foram vários, além dos restaurados, das igrejas, hospitais, casas de repouso para velhos e creches para crianças, também fundados e administrados sob sua orientação. Sua visão evangelizadora era tão ampla que passava pelo curso político da história. 

Assim, surpreendeu os poderosos da época e até os superiores do clero quando decidiu separar da diocese de Ratisbona as terras da Baviera, para criar uma nova, com sua sede episcopal em Praga. Apesar das reclamações, agiu corretamente e fundou a diocese de Praga, que em 976 teve seu primeiro bispo, Tietemaro, depois sucedido pelo grande santo Alberto, doutor da Igreja. 

Desse modo, robusteceu a missão evangelizadora e o cristianismo firmou raízes nas terras germânicas. Em 974, devido à luta entre Henrique II da Baviera e o imperador Oto II da Alemanha, refugiou-se num mosteiro em Salzburg. E não perdeu tempo, erguendo, ali perto, uma igreja dedicada a são João Batista, que depois foi aumentada, reformada e, em sua memória, recebendo o seu nome. 

Wolfgang fazia uma viagem evangelizadora pela Áustria quando adoeceu. Morreu alguns dias depois, em Pupping, no dia 31 de outubro de 994. Foi canonizado em 1052, pelo papa Leão IX. A festa de são Wolfgang, celebrada no dia de sua morte, é uma das mais tradicionais da Igreja, especialmente entre os povos cristãos de língua germânica.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

30 de Outubro - São Marcelo

São Marcelo mártir (†298)

O martírio de são Marcelo está estreitamente ligado ao de são Cassiano, e sua Paixão é um belo exemplo de autenticidade, graças a sua prosa enxuta, essencial e sem digressões, sem os enriquecimentos usuais na história dos primitivos cristãos.


Marcelo era um centurião do exército romano da guarnição de Tânger. Como tal foi enviado a participar dos festejos do aniversário do imperador Diocleciano. Era sabido que em tal circunstância os participantes deviam honrar uma estátua do imperador com um gesto (lançar incenso no braseiro posto a seus pés) que os cristãos consideravam idolátrico.


Marcelo recusou-se a fazê-lo e, para mostrar-se coerente, retirou as insígnias de centurião, jogou-as aos pés da estátua e se declarou cristão. Por muito menos isso seria passível da pena capital.
Foi chamado o escrivão para que redigisse uma ata oficial sobre a rebeldia do centurião. O funcionário — em latim, exceptor — recusou-se a redigir as atas processuais. Imitando o centurião Marcelo, jogou fora a pena, protestou pela injustiça perpetrada contra os inocentes, condenados à morte por adorarem o único e verdadeiro Deus, e declarou-se também ele cristão.


Foram ambos aprisionados e poucos dias depois sofreram o martírio: Marcelo em 30 de outubro, e Cassiano em 3 de dezembro. O poeta Prudêncio dedica-lhes um hino.

30 de outubro - Dia da Bem-Aventurada Retistuta Kafka

Retistuta Kafka, irmã Maria Resoluta
Bem-aventurada-1894-1943


No dia primeiro de maio de 1894, nasceu Helene, filha de Anton e Maria Kafka, na cidade de Brno, atual República Checa. Naquele tempo, a região chamava-se Moravia, e estava sob o governo do imperador austríaco Francisco José. Em 1896, a família Kafka transferiu-se para Viena, capital do Império Austro-Húngaro. 

Helene concluiu os estudos e formou-se enfermeira, com o desejo de tornar-se religiosa. No início, conformou-se com a negativa dos pais, mas, ao completar vinte anos, ingressou na Congregação das Franciscanas da Caridade Cristã, agora com a bênção da família. 

Como religiosa, adotou o nome de irmã Maria Retistuta, o primeiro em homenagem a sua mãe e o segundo a uma mártir do século I. 

Mas logo recebeu o apelido carinhoso de "irmã Resoluta", pelo seu modo cordial e decidido e por sua segurança e competência como enfermeira de sala cirúrgica e anestesista. No hospital de Modling, em Viena, a religiosa tornou-se uma referência para os médicos, enfermeiras e, especialmente, para os doentes, aos quais soube comunicar com lucidez o amor pela vida, na alegria e na dor. 

Foram muitos anos que serviu a Deus nos doentes, para os quais estava sempre disponível. Em março de 1938, Hitler mandou o exército ocupar a Áustria. Viena tornou-se uma das bases centrais do comando nazista alemão. Irmã Restituta colocou-se logo contrária a toda aquela loucura desumana. Não teve receio de mostrar que, sendo favorável à vida, não apoiaria, jamais, o nazismo de Hitler, fosse qual fosse o preço. 

Por isso, quando os nazistas retiravam o crucifixo também das salas de cirurgia, ela, serenamente, o recolocava no lugar, de cabeça erguida, desafiando os nazistas. Como não se submetia e muito menos se "dobrava", os nazistas a eliminaram. Foi presa em 1942. E ela fez da prisão uma espécie de lugar de graça, para honrar o nome de sua consagração, ou seja, Restituta, aquela que foi restituída para Deus. 

Irmã Resoluta esperou cinco meses na prisão para morrer. Em 30 de março de 1943, foi decapitada. Para as franciscanas, mandou uma mensagem: "Por Cristo eu vivi, por Cristo desejo morrer". E na frente dos assassinos nazistas, antes que o carrasco levantasse a mão que a mataria, irmã Restituta disse ao capelão: "Padre, faça-me na testa o sinal da cruz". 

O papa João Paulo II, em 1998, elevou irmã Maria Restituta Kafka aos altares para ser reverenciada pela Igreja como bem-aventurada. A sua festa litúrgica foi marcada para o dia 30 de outubro, data em que foi decretada a sua sentença de morte.


30 de outubro - Santa Dorotéia de Montau, Viúva e reclusa


Resultado de imagem para Santa Dorotéia de MontauSanta Dorotéia de Montau, Viúva e reclusa 

A célebre contemplativa Dorotéia Swartz de Montau, nasceu em Gross Montau, Prússia (Matowy Wielkie) a oeste de Marienburgo (Malbork) no dia 6 de fevereiro de 1347, e morreu em Marienwerder (*), em 25 de junho de 1394.
Marienburgo, Marienwerder e Dantzig pertenciam aos cavaleiros teutônicos, então no auge do seu poder. Ela viveu sob a sua jurisdição e foram eles que introduziram o processo de sua canonização em 1404.
Era filha de um fazendeiro holandês,Willem Swartz. Antigas biografias relatam que desde muito jovem ela mortificava o próprio corpo e recebera os estigmas invisíveis, disfarçando a dor que lhe causavam.
Com a idade de dezesseis anos se casou com Adalberto de Dantzig (Gdansk), homem maduro, artesão armeiro abastado, mas muito temperamental, de caráter violento. Quando tinha 31 anos, Dorotéia teve seus primeiros êxtases e o esposo não tinha paciência com suas experiências místicas e a maltratava. Levando a vida matrimonial com paciência, humildade e gentileza, conseguiu mudar pouco a pouco o caráter do esposo. O casal fez freqüentes peregrinações a Colônia, Aachen e Eisiedeln.
Em 1390, eles resolveram visitar os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma. Mas Adalberto, impedido por uma enfermidade, permaneceu em casa, aonde veio a falecer. Entregue a Deus, Dorotéia viajou sozinha para Roma. Ia mendigando, quase sem observar as regiões que percorria. Chegando a Roma, caiu doente e foi tratada durante longas semanas no hospital de Maria Auxiliadora. Quando regressou, seu esposo já havia falecido há meses.
Dos nove filhos que tiveram, quatro morreram ainda crianças e quatro durante a praga de 1383. Somente uma filha, Gertrudes, sobreviveu e tornou-se beneditina em Colônia. A Santadedicou a ela um pequeno tratado de vida espiritual.
Em 1391 Dorotéia se mudou para Marienwerder (Kwidzyn). Ali encontrou o seu diretor espiritual, João de Marienwerder (1343-1417), da Ordem Teutônica, sábio teólogo e professorem Praga. Percebendo a grandeza espiritual da penitente, ele iniciou a transcrição de suas visões e de seu ensinamento em 1392. Este trabalho compreende sete livros em Latim,Septililium. Escreveu também a vida da Santa em quatro livros, impressos por Jakob Karweyse.
Em 2 de maio de 1393, depois de uma provação de dois anos, e com a permissão do Capítulo e da Ordem Teutônica, passou a viver em uma ermida construída junto a Catedral de Marienwerder. A cela tinha dois metros de largura e três de altura. Três janelas completavam a ermida: uma abria-se para o céu; outra dava para o altar, para que ela acompanhasse a Santa Missa e comungasse; a terceira dava para o cemitério e servia para lhe passarem os alimentos. Dorotéia vivia austeramente e comungava diariamente, algo excepcional para seu tempo. Com seu exemplo edificava a todos que a procuravam em busca de conselho e consolo. Foram-lhe atribuídas muitas conversões.



Embora não tivesse freqüentado escola, Santa Dorotéia tinha uma bagagem cultural graças às suas viagens e ao contato com eclesiásticos eminentes. Além da Ordem Teutônica, sofreu influência da espiritualidade dominicana e teve como modelo Santa Brígida da Suécia, cujas relíquias haviam passado por Dantzig em 1374.

Santa Dorotéia morreu em Marienwerder no dia 25 de junho de 1394, e foi logo venerada como Santa e Patrona da Ordem Teutônica e da Prússia.
As obras do seu confessor vieram à luz entre 1395 e 1404. Os Bolandistas editaram duas "vidas" e o Septililium, onde os carismas da mística são apresentados como efusão extraordinária do Espírito Santo.
Os livros compilados pelo confessor de Dorotéia tinham por finalidade sua canonização como a primeira Santa da Prússia. A obra tem muitas informações interessantes sobre o dia a dia numa fazenda, numa aldeia, e em prósperas cidades. A tradução destes livros forneceu o texto do primeiro livro impresso na Prússia, no ano de 1492, e também facilitou estudos de textos medievais.
O processo de canonização iniciado em 1404 só foi retomado em 1955. Finalmente ela foi canonizada em 1976. É celebrada em 25 de junho e 30 de outubro. Suas relíquias desapareceram durante a pseudo-reforma protestante. A igreja de Marienwerder, onde Santa Dorotéia foi sepultada, atualmente é luterana.
Santa Dorotéia é representada com o livro das revelações na mão, o rosário e cinco flechas que simbolizam os estigmas. A sua espiritualidade é comparada à de Santa Brígida da Suécia e de Santa Catarina de Siena.

Castelo de Marienwerder

(*) Marienwerder - Kwidzyn em polonês - é uma cidade no norte da Polônia, próxima do Rio Liwa. Com cerca de 40 mil habitantes, ela faz parte da Pomerânia desde 1999. É a capital do Condado de Kwidzyn.

Ordem Teutônica ou Ordem dos Cavaleiros Teutônicos foi uma ordem militar vinculada à Igreja Católica por votos religiosos pelo Papa Clemente III, formada em São João de Acre, na Palestina, na época das Cruzadas, no final do século XII. Usavam sobrevestes brancas com uma cruz negra. Esta Ordem fundou o Castelo de Marienwerder em 1232 e a cidade no ano seguinte. Marienwerder tornou-se a sede do Bispado da Pomerânia dentro da Prússia.
Santa Dorotéia de Montau viveu em Marienwerder de 1391 até sua morte em 1394. Os peregrinos vinham a Marienwerder para rezar diante de suas relíquias.

A Confederação Prussiana foi fundada em Marienwerder em 1440. Em 1466, a cidade tornou-se feudo da Polônia junto com o que restou da propriedade dos Cavaleiros Teutônicos após sua derrota na Guerra dos Treze Anos.

Marienwerder tornou-se parte do Ducado da Prússia, um feudo da Polônia, quando aquele ducado foi criado em 1525. O ducado foi herdado pela Casa dos Hohenzollern em 1618 e foi elevado a Reino da Prússia em 1701. A cidade era a capital do Distrito de Marienwerder. Após o primeiro desmembramento da Polônia, Marienwerder tornou-se sede da nova Província da Prússia. E depois das guerras napoleônicas foi incluída na região de Marienwerder (Kwidzyn).

terça-feira, 29 de outubro de 2024

29 de outubro - Dia de Gaetano Errico

1791-1860
Fundou a congregação: Missionários dos Sagrados Corações

A cidade de Secondigliano, grande e populosa, do norte de Nápoles, Itália, é mais conhecida como uma região de mafiosos do que de santos. 

Os problemas dos seus habitantes são inúmeros, entre os quais estão as facções da máfia, a corrupção social e política que, somados, desestruturam o sistema de serviços e a consciência, propiciando a formação de gangues de todos os tipos de tráficos. Mas ela também tem boas obras. 

Como a de padre Gaetano Errico, que fundou, em 1833, a Congregação dos "Missionários dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria". 

A estátua de padre Gaetano é bem visível de qualquer ângulo da cidade. Com a mão direita, ele abençoa; com a esquerda, empunha o crucifixo. A sua figura é imponente, não apenas pela beleza plástica da escultura. 

Ele era, realmente, um homem grande, alto e bem forte, um gigante na santidade e na figura humana. 

Em 1791, essa cidade era pequena, uma planície com muito ar puro e úmido no final da tarde, chamada de Casale Régio da Cidade de Nápoles. Foi nesse ano que Caetano Errico nasceu, no dia 19 de outubro, o segundo dos nove filhos de Pasqual, modesto fabricante de macarrão, e de Maria. Quando mostrou vocação para a vida religiosa, logo obteve apoio da família. Aos dezesseis anos, ingressou no seminário e, em 1815, recebeu a ordenação sacerdotal. 

Desde então, seu apostolado foi todo feito na igreja paroquial de São Cosme e São Damião, da sua cidade natal. 

Em 1818, durante a pregação, teve inspiração divina para fundar uma congregação religiosa. Iniciou, imediatamente, pela construção de uma igreja dedicada a Nossa Senhora das Dores. Entre inúmeras dificuldades, a igreja foi erguida e abençoada doze anos depois, em 1830. Mas teve de esperar outros cinco anos para adquirir a imagem de madeira de Nossa Senhora das Dores e colocá-la no altar, onde permanece até hoje. 

Além do trabalho pastoral da igreja, agora Gaetano se ocupava com a construção da Casa para abrigar a nova congregação de padres. Decidiu que seria dedicada em honra dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. E nela empenhou toda a sua vida, que durou sessenta e nove anos de idade. Morreu em 29 de outubro de 1860. 

Padre Gaetano Errico foi homem de oração, de penitência, dedicava muito tempo ao atendimento das confissões e auxiliava materialmente, com suas obras, os marginalizados e pobres de toda a cidade e redondeza. Hoje, essa herança é distribuída através dos padres Missionários dos Sagrados Corações. 

Mas a memória e veneração a padre Gaetano está muito presente e ainda é muito forte na população. 

O culto e as graças atribuídas à sua santidade começaram quando ele ainda estava no seu leito de morte. Tanto que no interior da Casa-mãe da Congregação foi preciso instalar um museu para abrigar as doações dos elementos testemunhais dos devotos, que lembram as graças alcançadas. 

E é curioso como o povo não permite que a imagem do fundador seja retirada do altar, onde foi colocada, para a sua simples apresentação, quando chegou. Era para ficar no museu, mas todos a querem ver ali, ao lado de Nossa Senhora das Dores. 

O papa João Paulo II proclamou bem-aventurado Gaetano Errico em 2002, e designou o dia de sua morte para a homenagem litúrgica.