Santo Valentim
Século III
Valentim era sacerdote romano, no tempo do imperador Cláudio II. Embora este monarca não perseguisse abertamente a religião cristã, muitos cristãos sofreram martírio pelas exigências de certos governadores, a quem Cláudio deixava toda a liberdade de agir.
Assim aconteceu com Valentim. Acusado do crime de ser cristão e sacerdote, foi levado à presença do imperador. A franqueza com que o servo de Cristo se defendeu, agradou a Cláudio que, com muito interesse, lhe ouviu as exposições da doutrina cristã.
Entretanto Valentim permaneceu sob as ordens do governador Calpúrnio, o qual o entregou ao juiz Astério. Este, propondo-se convencer a Valentim da futilidade da religião de Cristo, levou-o para sua própria casa. Logo ao entrar na residência do magistrado, Valentim se pôs de joelhos e pediu a Deus que desse aos habitantes daquela casa o conhecimento da luz verdadeira.
Astério, ouvindo o Santo falar em luz, não compreendeu o sentido em que empregava este termo e disse-lhe: “Tenho aqui em casa uma menina, filha adotiva minha, que há dois anos está privada da vista. Se, como dizes, teu Deus é um Deus da luz, invoca-o para que ela veja. Se isto acontecer, eu me curvarei diante de teu Deus”.
Valentim impôs as mãos à menina e pronunciou as seguintes palavras: “Senhor Jesus Cristo, Deus verdadeiro e verdadeira luz, daí à vossa serva a luz dos olhos!” A oração do Santo foi ouvida. A menina recuperou a vista, imediatamente.
Abriram-se também os olhos de Astério. Este se converteu e com ele quarenta pessoas receberam o Batismo das mãos de Valentim. Poucos dias depois o Papa Calixto administrou-lhes o Sacramento da Confirmação. Astério, que tinha sob sua guarda outros cristãos, deu-lhes a todos a liberdade.
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O imperador Cláudio, tendo conhecimento da conversão de Astério ao cristianismo, citou-o perante o tribunal como a Valentim e todos os outros que tinham sido batizados naquela ocasião.
As iras imperiais convergiram sobre Valentim, descarregando-se sobre o sacerdote de Cristo, numa flagelação desumana. Não conseguindo sua apostasia, sentenciou-o à morte perante a espada. Valentim sofreu o martírio em 14 de fevereiro de 270. O corpo foi sepultado na via Flaminia e Deus se dignou de obrar muitos milagres, por intercessão do Mártir. O Papa Júlio I mandou construir em Ponte-mole uma Igreja dedicada a São Valentim, que não existe mais. A porta del Popolo tinha antigamente o nome de São Valentim. Em tempos idos se faziam solenes procissões em honra deste Santo, cujas relíquias se acham nas Igrejas de Santa Praxedes e de São Sebastião. Diversas cidades da Itália e França (Melun) possuem relíquias deste glorioso mártir.
Reflexões:
São Valentim confessou perante o júri o nome de Jesus e preferiu morrer a negar a fé. Tinha a convicção de que sem Jesus não há salvação. Vivemos num tempo, em que se verifica a palavra de São Paulo: “Tempos virão em que os homens não mais suportarão a sã doutrina; conforme os caprichos, procurarão outros mestres, que lhes agradem aos ouvidos” (2. Tim. 43). Legião é o número desses mestres e infelizmente são recebidos de braços abertos. Sonhadores são chamados aqueles, que fazem depender a eterna bem-aventurança da imitação de Jesus Cristo. Deus, dizem esses falsos mestres, é muito bom, é caridade. Indiferente lhe é em que religião e de que modo o homem o adore. Todos, sem exceção alguma, têm o direito à eterna glória. – A palavra de Cristo, a doutrina dos Apóstolos, a história do gênero humano contestam categoricamente tais idéias errôneas e perniciosas. Se o homem fosse santo, não precisava de um Salvador. Se o pecado não tivesse entrado no mundo, o homem era legítimo herdeiro do céu. Mas, não é mais. Decaído, degradado que é, sua salvação já não lhe está mais nas mãos. Possibilidade nenhuma existe de reabilitar-se na graça, na filiação de Deus. A intervenção de Cristo foi absolutamente necessária, para restabelecer a paz entre Deus e o homem. A vinda de Cristo, sua vida e morte são as provas mais patentes da necessidade da obra da Redenção. Só nele há salvação, e todos que querem aspirar ao céu, devem adorá-lo e dirigir-se a ele, nele crer e seguir. Quem não crer – diz Cristo – já está julgado, porque não crê no Filho de Deus. (Jo. 3, 18). “A vida eterna é esta, que vos reconheçam como Deus único e àquele que enviastes, Jesus Cristo”. (Jo. 17, 3) “Se eu não tivesse vindo, e não lhes tivesses falado, se não tivesse feito milagres, que ninguém antes de mim fez, não teriam pecado nenhum; mas agora, como me rejeitaram, seu pecado não tem desculpa”. (Jo. 15, 22). “Ai de ti Corazain, ai de ti, Bethsaida, ai de Cafarnaum ! Se estes milagres tivessem sido feitos em Tyro e Sidônia, todos teriam feito penitência em cinza e cilício”. São palavras estas de Jesus Cristo, que condena os judeus e pagãos, que não quiseram crer nele – e para nós seria coisa de pouca ou nenhuma importância crermos ou não em Cristo Nosso Senhor? Se a fé em Cristo é coisa de tão pouco valor, porque então foi dado aos Apóstolos ordem para pregar o Evangelho a toda a criatura? Por que os Apóstolos excluem positivamente da Salvação todos que não querem crer em Jesus? Por que milhares de Mártires não hesitam em dar o sangue, a vida por amor de Jesus Cristo? Ou Jesus Cristo e os Apóstolos foram impostores ou sua doutrina é a verdadeira.
Se é verdadeira, e disto não resta dúvida, não há outra salvação a não ser no Santíssimo Nome de Jesus Cristo.
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Oração
Ó Deus, Pai Misericordioso, eu Te louvo e Te amo. Coloco-me diante de Ti em oração e Te peço, com toda a sinceridade de meu coração, que eu seja capaz de proclamar minha fé não somente em palavras, mas também – e sobretudo – com o testemunho de minhas ações.
Amém.
São Valentim, rogai por nós.