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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

23 de janeiro - Dia de Santo Ildefonso

 Santo Ildefonso
607-667
A virtude principal na vida de Santo Ildefonso foi sua extrema fidelidade aos preceitos da Igreja, o amor que nutria à Maria Santíssima e propagação constante das mais belas devoções marianas. Seu brilhante desempenho como pastor de Toledo por cerca de dez anos (de 657 a 667), fez com que administrasse a fé principalmente pela caridade a todos os homens, sem acepção de pessoas. São nebulosos os dados sobre sua origem, mas acredita-se que descendia da família real visigótica, sendo certo que possuiu muitos bens, dos quais grande parte empregou na construção de de um mosteiro religioso feminino. Ele mesmo, algum tempo depois abraçou a vida monástica ingressando no mosteiro de Agália, sob a direção dos beneditinos, onde acabou sendo eleito como superior da congregação por ocasião da morte do Abade desse mesmo mosteiro. Posteriormente é que veio a ser escolhido como arcebispo de Toledo. 
Era, portanto, grande amigo e apóstolo da castidade, sendo a convicção católica uma das características de seu zelo. E foi com este caráter que militou valorosamente pela virgindade da Mãe de Deus, precisamente na defesa da doutrina da Imaculada Conceição, que cerca de onze séculos mais tarde viria a tornar-se dogma pela bula da Imaculada Conceição (8 de dezembro de 1854, pontificado de Pio IX).
Santo Ildefonso, passou sua vida trabalhando para a glória de Deus honrando Maria Santíssima, de quem era extremamente devoto. A iconografia cristã o representa recebendo das mãos de Nossa Senhora um paramento religioso como presente da sua terna afeição, devoção e apostolado incansável na exaltação do Seu nome. É por isso que, apesar da distância secular que nos separa, seu nome permanece ainda hoje, vivo como nunca, como um dos maiores apóstolos marianos da Idade Média. 

REFLEXÕES


Em se tratando da Igreja de Cristo, não há como querer colocar o nome de Maria Santíssima em um plano menos elevado. Comparando-se Deus ao sol e Maria à lua, seria absurdo supôr que a lua pudesse eventualmente encobrir a luz solar. Assim como a lua, a Mãe de Deus nos transmite essa Luz de uma forma extremamente meiga, rogando pelos filhos que trilham no caminho do erro, ou pelos que pedem auxílio nas suas lutas diárias. 
Aliás, Maria que trouxe a Luz ao mundo, Jesus Cristo, roga por nós e nos afasta das trevas; assim como a luz reflete magnificamente a luz so sol, Maria, com a mesma peculiaridade, aplaca a ira divina em favor dos pobres pecadores; é o elo de ligação entre o Céu e a Terra; é como um grande escada que conduz os pobres mortais à morada celeste. Foi o anjo Gabriel quem inaugurou esta escada, trazendo a saudação e o convite de Deus, para ser Ela a Mãe do Salvador. Aqui o céu se abriu para a terra. Se Jesus, portanto, chegou até nós através de Maria, não é difícil constatar que só chegaremos à Ele por meio d'Ela. 
Jesus, Redentor do mundo, o Novo Adão que veio restabelecer todas as coisas. Maria a nova Eva pré-anunciada no Gênesis para esmagar a cabeça da Serpente: 
"Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe armarás traições ao seu calcanhar". (Gen 3, 15)
Quem persegue Maria no final dos tempos é a Serpente citada no Gênesis, mas quem tem a incumbência de socorrer somos nós, os católicos que recorrem a Ela nessa luta: 
"A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir. A Terra, porém, acudiu a Mulher..." (Apoc, 12, 16) Este, então, (o Dragão) se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra à sua descendência (Apoc 12, 17)) 
Maria pertence às Escrituras como um todo, sua missão está prescrita desde o Gênesis ao Apocalipse. Mesmo envolta em venerandos mistérios, por desígnio de Deus protagoniza a história da humanidade da Criação à Redenção e permanece conosco até o Fim do Mundo. 
Peçamos a Santo Ildefonso para que como ele, nos ajude a defender e propagar o nome Maria intensamente e que possamos ser imitadores das suas virtudes e exemplos.


A Aparição da Santíssima Virgem a santo Ildefonso de Toledo


Santo Ildefonso estabelece ou pelo menos celebrou e propagou com zelo a festa da Expectação do parto da Santíssima Virgem. Ora, antes de Matinas desse dia (18 de dezembro), Ildefonso levantou-se à habitual para ir cantar os elogios de Maria. Estava acompanhado dos seus clérigos e dum grande número de pessoas. Iam na frente luminosas tochas de cera. Chegados à porta, as pessoas que compunham o cortejo aperceberam na igreja uma clareza que os seus olhos não pudiam suportar e fugiram. Ildefonso mandou abrir e avançou para o altar acompanhado pelo diácono e pelo sub-diácono apenas. Prostrou-se e nesse mesmo momento apareceu-lhe Virgem a Maria sentada sobre o trono episcopal, cercada de um bando de Virgens que executavam sobre a terra os cânticos do Paraíso. Maria fez sinal ao seu defensor para que se aproximasse, e fixando sobre ele o seu olhar divino disse-lhe: 

“Vós sois o meu capelão e o meu fiel notário, recebei esta casula que o meu Filho tirou dos seus tesouros”. 

Seguidamente cobriu-o Ela mesma e ordenou-lhe de não se servir desta que por ocasião das festas celebradas na sua honra. Esta aparição foi tão certa e real que um concílio de Toledo ordenou que para perpetuar a memória uma festa seria celebrada todos os anos, com serviço e sob rito duplo e que ainda hoje se celebra a 21 de Janeiro sob o título de “Aparição da Santíssima Virgem e do seu Menino a Santo Ildefonso”, e, coisa notável, esta mesma festa é solenizada no Egipto pelos Coptas.

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Segundo os escritos foi por intercessão de Nossa Senhora, a pedido de seus pais, que Ildefonso nasceu. Assim, o culto mariano tomou grande parte de sua vida religiosa, ponteada por aparições e outras experiências de religiosidade. 

Ildefonso veio ao mundo no dia 08 de dezembro de 607, em Toledo, na Espanha. De família real, que resistiu aos romanos, mas, que se renderam politicamente aos visigodos, foi preparado muito bem para o futuro. Estudou com Santo Isidoro em Sevilha. Depois de fugir para o mosteiro de São Damião nos arredores de Toledo, Ildefonso conseguiu dos pais aprovação para se tornar monge, o que aconteceu no mosteiro próximo de sua cidade natal. 

Pouco depois de tornar-se diácono, herdou enorme fortuna devido à morte dos pais. 
Empregou todas as posses em favor dos pobres e fundou um mosteiro para religiosas. Seu trabalho era tão reconhecido que após a morte do abade de seu mosteiro, foi eleito por unanimidade para sucedê-lo. Em 636 dirigiu o IV Sínodo de Toledo, sendo o responsável pela unificação da liturgia espanhola. 

Mais tarde, quando da morte de seu tio e bispo de Toledo, Eugênio II, contra sua vontade foi eleito para o cargo. Chegou a se esconder para não ter que aceitá-lo, sendo convencido pelo rei dos visigodos que o procurou pessoalmente. Depois disso, Ildefonso desempenhou a função com reconhecida e admirada disciplina nos preceitos do cristianismo, a mesma que exigia e obtinha de seus comandados. 

Nessa época Ildefonso escreveu uma obra famosa contra os hereges que negavam a virgindade de Maria Santíssima, sustentando que a Mãe de Deus foi Virgem antes, durante e depois do Parto. Exerceu importante influência na Idade Média com seus livros exegéticos, dogmáticos, monásticos e litúrgicos. 


Entre suas experiências de religiosidade constam várias aparições. Além de ter visto Nossa Senhora rodeada de virgens, entoando hinos religiosos, recebeu também a "visita" de Santa Leocádia, no dia de sua festa, 09 de dezembro. Ildefonso tentava localizar as relíquias da Santa e esta lhe indicou exatamente o lugar onde seu corpo fora sepultado. 

O sábio bispo morreu em 23 de janeiro de 667, sendo enterrado na igreja de Santa Leocádia. Mas, anos depois, com receio da influência que a presença de seus restos mortais representava, os mouros pagãos os transferiram para Zamora, onde ficaram até 888. Somente em 1400 seus despojos foram encontrados sob as ruínas do local e expostos à veneração novamente. 

Santo Ildefonso recebeu o título de doutor da Igreja e é tido pela Igreja como o último Padre do Ocidente. Dessa maneira são chamados os grandes homens da Igreja que entre os séculos dois e sete eram considerados como "Pais" tanto no Oriente como no Ocidente, porque foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentando as heresias com o seu saber, carisma e iluminação. São aos responsáveis pela fixação das Tradições e Ritos da Igreja.

Igreja de Santo Ildefonso