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domingo, 31 de dezembro de 2023

31 de dezembro - Dia de Santa Melânia

Santa Melânia nasceu em 383, filha de nobilíssima família senatorial romana. Desejava se consagrar a Deus, mas, aos 14 anos, seus pais casaram-na com Valério Piniano. 

Com esse casamento reuniam-se dois ramos de uma das maiores famílias do Império Romano (ela, filha de Valério Publicola, da família Valéria e de Ceionia, Albina, da família Ceionia; ele, seu primo, também da família Valéria), conservando-se também o patrimônio mais rico existente na aristocracia romana.

Depois de terem filhos que morreram em tenra idade, os dois esposos decidiram viver em castidade. Melânia resolveu desfazer-se de seus bens para se dedicar inteiramente à oração e ao estudo dos Livros Sagrados. Mas, foram precisos anos para que ela conseguisse doar sua fortuna, definida por um autor como mundial.

De fato, além de jóias, prataria e preciosidades artísticas, Melânia possuía bens na Itália, Sicília, Gália, Espanha, África Proconsular, Numídia, Mauritânia, Mesopotâmia, Síria, Palestina e Egito. Sua fortuna era tão grande, que um palácio em Roma ficou sem comprador por não se achar quem tivesse dinheiro para o adquirir. Ela deu liberdade a oito mil escravos que tinha herdado.

O próprio Senado romano levantou objeções ao que ele considerava esbanjamento, mas a Santa persistiu em seu intento, tendo-o levado a cabo após anos e anos de luta.
À medida que ia vendendo seus bens, Melânia erguia mosteiros, protegia os pobres, fazia doações às igrejas e resgatava prisioneiros. Isto obrigava a Santa a viajar muito, e ela procurava fixar residência em lugares onde o Bispo era homem de vida santa e conhecedor das Escrituras, tendo assim mantido contato com grandes santos de sua época.
Em 406, ela se transferiu para Nola a fim estar em contato com São Paulino, seu parente distante; dois anos depois, devido à invasão dos bárbaros, mudou-se para sua propriedade da Sicília.

Em 410, emigrou para Tagaste, na África, onde conheceu Santo Agostinho. Movidos pelo exemplo dos monges agostinianos, o nobre casal passou a viver uma vida monástica. Melania viveu em comunidade com suas 130 servas; Piniano, com seus 80 escravos. Por seis ou sete anos moraram em Tagaste, entregues a uma vida de trabalho e penitência. Melania se distinguiu por sua austeridade e atenção prestada à instrução das monjas e pelo trabalho de transcrição de códices. Da vida de Piniano e seus monges não nos restam detalhes. No ano 417 o nobre casal abandonou África e viajou a Jerusalém para se estabelecerem definitivamente no Monte das Oliveira.

Cercada de uma centena de servos, e na companhia do esposo e da mãe, Albina, que a seguiam em suas peregrinações, decidiu se fixar em Jerusalém, passando antes pelo Egito para prestar homenagem aos monges de quem era grande admiradora.
Em Jerusalém, desejou ter uma vida eremítica mais rígida (a avó, Santa Melânia, a Anciã, havia fundado um mosteiro na cidade), fazendo construir para si uma pequena cela no Monte das Oliveiras, sede de outros ascetas, aonde levou uma vida de austeras penitências, entregando-se à oração, ao jejum e ao estudo das Escrituras.


Depois de um certo tempo, fundou, numa região isolada, um mosteiro feminino. Alguns anos depois, um masculino. O regulamento da comunidade, disposto pela própria Santa, tomava como modelo o monasticismo egípcio e notava-se uma influência Ocidental na liturgia.

Ela escreveu muito, e realizou também notável trabalho de copista devido ao seu grande conhecimento de latim e grego. Incentivou a reza do Ofício Divino durante a noite e foi orientadora espiritual de muitos mosteiros femininos.

Santa Melânia, que morreu em 31 de dezembro de 440, teve sua vida minuciosamente relatada por seu filho adotivo e discípulo espiritual. Considerada uma das grandes figuras de sua época, mereceu grande elogio de São Jerônimo, que a citava como exemplo para suas dirigidas.
Ela distribuiu bens que todos procuram, isto é, as riquezas, e procurou bens que muitos menosprezam, como a pobreza e o convívio com os Santos. Ela poderia ter se santificado no estado de grande dama romana, já que grandes damas - rainhas e imperatrizes - se santificaram nesse estado, mas Santa Melânia tinha uma vocação especial: atrair outras damas de seu tempo para uma perfeição maior.

O culto de Santa Melânia, a Jovem, foi muito difundido no Oriente; no Ocidente ela começou a ser venerada apenas no século IX. Ela morreu, o corpo se desfez, não resta nem o pó, mas há almas que hoje glorificam o nome dela. E isto acontecerá assim indefinidamente.