Columba José Marmion-Bem-aventurado-1858-1923
Fundou a Congregação Belga da Anunciação
José Aloísio Marmion nasceu na cidade de Dublin, na Irlanda, no dia 1º de abril de 1858. Seu pai, William, era irlandês e sua mãe, Ermínia, era francesa. O casal muito piedoso teve a graça de ver as três filhas se consagrarem a Deus, na Congregação das Irmãs da Misericórdia. Mais tarde, também o filho José, que ingressou no seminário diocesano da sua cidade natal, aos dezesseis anos de idade. Ele terminou os estudos de teologia no Colégio de Propaganda Fide, em Roma, onde foi ordenado sacerdote em 1881.
No inicio, seu sonho era ser monge missionário na Austrália, mas foi cativado pela atmosfera litúrgica da nova Abadia de Maredsous, fundada na Bélgica em 1872, a qual visitara pouco antes de regressar à Irlanda. Imediatamente, pediu ao seu bispo para ingressar nesse mosteiro, mas foi-lhe dito que esperasse mais algum tempo.
No seu ministério sacerdotal, de 1881 a 1886, conservou o zelo pastoral de missionário desempenhando várias funções: vigário em Dundrun, professor no Seminário Maior de Clonliffe, capelão de um convento de monjas redentoristas e de um cárcere feminino.
Só então obteve permissão para realizar o seu grande desejo de tornar-se monge beneditino.
Ingressou na Abadia de Maredsous, na diocese de Namur, Bélgica, e, tomando o nome Columba, iniciou o seu noviciado. Foi um período difícil entre monges mais jovens, pois teve de mudar de costumes, cultura e língua; entretanto esforçou-se na formação da disciplina monástica e assim pôde emitir os votos solenes em 1891.
A partir desse momento, viveu intensamente o espírito monástico beneditino. A sua influência espiritual atingiu sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, os quais orientava para uma vivência fervorosa cristã através dos seus livros, traduzidos em mais de quinze idiomas:
"Cristo, vida da alma",
"Cristo nos seus mistérios" e
"Cristo, ideal do monge", dos retiros e da sua direção espiritual.
Foi ele que, em 1914, quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, levou alguns dos seus monges mais novos para a Irlanda. Mas dois anos depois, ele, sozinho, voltou para a Bélgica. Ali, quando a guerra terminou, constatou que o clima político do país não permitia uma ligação permanente com a Congregação alemã.
Foi então que recebeu o pedido para começar a constituir uma nova, e somente belga. Assim, em 1920, fundou a "Congregação belga da Anunciação".
Columba Marmion exerceu cargos importantes, como diretor espiritual, professor e prior da Abadia de Mont-César, em Louvain, e terceiro abade de Maredsous.
Ele faleceu em 30 de janeiro de 1923, vítima de uma epidemia de gripe. Na ocasião, a fama de sua santidade e mestre de vida espiritual se fazia presente em todo o mundo católico.
O papa João Paulo II declarou bem-aventurado Columba Marmion no Ano Santo do Jubileu de 2000. Sua festa litúrgica foi incluída no calendário para ser celebrada no dia 3 de outubro.
A Tentação; Dom Columba Marmion
Coloco um pedaço do livro “Os mistérios de Jesus Cristo” De Dom Columba Marmion, um bom livro para refletirmos nesse tempo de quaresma.
Tratando da tentação de Jesus ele fala sobre como não devemos temer a tentação, mas ficarmos firmes pois Deus permite, e mesmo quando pensamos ser mais abrigados e por isso não devemos temer.
...Muitas pessoas, mesmo piedosas, crêem que a tentação é um sinal de condenação. Mas, a maior parte das vezes, é o cantrário!
Tendo-nos tornado discípulos de Jesus pelo Batismo, não podemos “estar acima de nosso divino Mestre”. Quia acceptus eras Deo, NECESSE FUIT UT tentatio probaret te. “Porque eras agradável a Deus, foi necessário que a tentação te experimentasse”.
É o próprio Senhor quem no-lo diz.
Sim, o demônio pode tentar-nos, e tentar-nos poderosamente, e tentar-nos quando nos julgamos inteiramente ao abrigo dos seus dardos: nas horas de oração, depois da sagrada comunhão; nesses momentos abençoados pode sugerir-nos pensamentos contra a fé, contra a esperança, pode induzir o nosso espírito à independência para com os direitos divinos, à revolta; pode despertar em nós todas as paixões.
Pode, e não deixará de o fazer.
Repito, não nos admiremos; nunca nos esqueçamos de que Jesus Cristo, em tudo nosso modelo, foi tentado antes de nós, e não só tentado, mas tocado pelo espírito das trevas; permitiu ao demônio pusesse a mão na Sua Santa Humanidade.
Beato Columba Marmion , O.S.B.
251 pags
Los escritos de Dom Columba Marmion realizan maravillosamente estos ideales de la Iglesia acerca de la teología espiritual. Por eso escapan en buena medida a la erosión del tiempo, y guardan hoy una admirable lozanía. Se trata de obras que están siempre iluminadas por el esplendor de la sabiduría bíblica y patrística, litúrgica y conciliar, y que de Santo Tomás reciben fórmulas tan profundas como bellas y precisas. Merecía, pues, la pena reeditar estos escritos, ya que, por otra parte, son gratamente asequibles a cualquier lector que tenga un mínimo de formación personal.
La presente edición de Jesucristo, vida del alma ha sido amablemente autorizada por el actual abad de Maredsous, P. Nicolas Dayez. En vistas a una futura biblioteca informatizada, hemos preferido incluir en el mismo texto las citas bíblicas, y también otras notas de pie de página, señalando éstas entre corchetes [...]. Por lo que se refiere a los textos originales latinos, que Dom Marmion reproducía casi siempre al citar los textos bíblicos o litúrgicos, o los Concilios, Padres y Doctores, nosotros los hemos transcrito sólamente en aquellos pasajes que nos han parecido más elegantes o significativos.
DOM COLUMBA MARMION
JESUS CRISTO
IDEAL DO MONGE
Edições Ora & Labora - 1962
Mosteiro de Singeverga – Negrelos
II SEGUIR A CRISTO
O fim da nossa vida é “buscar a Deus”; este o nosso destino, a nossa vocação. Incomparavelmente elevada esta vocação, pois toda a criatura, mesmo a angélica, está, por sua natureza, infinitamente longe de Deus, Deus é a plenitude do ser e de toda a perfeição; e toda a criatura, por mais perfeita que seja, não passa dum ser tirado do nada e a perfeição que possui é apenas uma perfeição participada.
Além disso, o fim da criatura livre, como dissemos, é, em si mesmo, proporcionado à natureza dessa criatura; e “finito” como é todo o ente criado, a beatitude a que tem direito por sua natureza é necessariamente limitada.
Mas Deus, por uma condescendência imensa, dignou-se admitir-nos a partilhar da sua vida íntima no seio da adorável Trindade, a gozar da sua própria beatitude divina. Esta beatitude, acima infinitamente da nossa natureza, constitui o nosso fim último e o fundamento da ordem sobrenatural.
Como sabeis, foi logo ao formar o primeiro homem que Deus nos chamou universalmente a esta beatitude. Adão, cabeça do gênero humano, foi criado na “justiça” sobrenatural; a sua alma, cheia de graça, iluminada pela claridade divina, estava totalmente orientada para Deus. Possuía o dom da integridade, que submetia inteiramente as suas faculdades inferiores à razão e esta à vontade divina: tudo, no chefe da nossa raça, se encontrava em perfeita harmonia.
Adão pecou, afastou-se de Deus; e, na sua revolta e miséria, arrastou toda a sua descendência. Todos com exceção da Virgem Maria, somos concebidos com o “ferrete” da sua apostasia; em cada um de nós vê Deus a marca da rebelião do nosso primeiro pai. Por isso, nascemos “filhos da ira”, filhos da desobediência, afastados, desviados de Deus, objeto da sua aversão. Qual a consequência deste estado de coisas?
É o tomar, para nós, a “busca de Deus” um caráter de “regresso” a Deus a quem perdemos. Arrastados na solidariedade original, todos, pelo pecado, abandonamos a Deus e nos voltamos para a criatura. A parábola do filho pródigo outra coisa não é que a imagem de toda a raça humana que deixa o Pai dos céus e para Ele tem de voltar. Este caráter de “regresso”, profundamente vincado na vida cristã, S. Bento propõe-no, com a autoridade de Mestre, logo nas primeiras linhas do Prólogo, a quem junto dele se apresente: “Escuta, ó filho, e inclina o ouvido do teu coração...aprende a voltar para Aquele de quem te hás afastado”. Eis o fim bem determinado e preciso.