quinta-feira, 7 de junho de 2018

07 de junho - Beata Ana de São Bartolomeu


Beata Ana de São Bartolomeu: Auxiliar fiel da grande amiga de Jesus Santa Teresa de Jesus



Favorecida com inúmeras graças místicas desde a infância, se abeberou do espírito teresiano na própria fonte, sendo enfermeira, secretária e companheira de viagens da grande reformadora do Carmelo.

Entregando sua pequena filha Ana aos cuidados das duas jovens que costuravam na sacada de sua residência, a mãe recomendou:

– Fiquem atentas à sua irmãzinha, porque, se ela cair desta altura pode morrer.

Como boas espanholas, as duas jovens conversavam animadamente durante o trabalho e não perderam a oportunidade para uma breve discussão, assim que a mãe se retirou:

— Ana seria feliz se morresse hoje. Estando batizada e sendo inocente iria direto para o Céu – disse uma delas, contemplando a pequenina que as fitava com placidez.

— Não concordo! – atalhou a outra – Agora tem apenas três anos; no entanto, se ela continuar viva, pode se tornar uma grande Santa.

— Mas quem garante que isto acontecerá? Agora ela é incapaz de pecar e sua salvação está garantida. Quando completar sete anos de idade e alcançar o uso da razão, porém, quem pode assegurar que não ofenderá a Deus e se perderá? – retrucou a primeira.
O primeiro encontro com Santa Teresa deu-se no
Convento de São José, quando Ana ainda era noviça
Entrada e interior da igreja do Convento de São José,
Ávila (Espanha)


Embora ainda não soubesse falar nem compreendesse todo o alcance daquelas palavras, a menina acompanhou com vivo interesse o diálogo das irmãs e, na sua candura infantil, encheu-se de receio de chegar aos sete anos de idade, julgando ser este o marco fatídico a partir do qual se veria no risco de pecar. Por isso, tratou de tomar providências para evitar tal desgraça. Dando mostras de já conhecer os mistérios que o Pai revela aos pequeninos, colocou-se interiormente sob o amparo de Nossa Senhora e de outros protetores celestes, como São Miguel, São Gabriel e São José, o qual pensava ser também um Anjo.

Não é de surpreender que este abandono ao sobrenatural, logo na aurora da vida, tenha levado Ana à santidade, como presumira uma de suas irmãs. O que desperta nossa admiração é o modo pelo qual quis Deus fazê-la experimentar, nesta terra, aquilo que constitui uma das maiores alegrias eternas: o convívio com os Santos! A ela coube a ventura de acompanhar muito de perto a
grande Teresa de Jesus, da qual foi enfermeira, secretária e confidente, e, mais tarde, propagadora de seu espírito e continuadora de sua missão.

Familiaridade com o sobrenatural desde cedo

Ana García Manzanas nasceu no primeiro dia do mês de outubro Ir. Isabel Cristina Lins Brandão Veas, EP Reprodução Junho 2017 · Arautos do Evangelho 33 de 1549, numa família de prósperos agricultores do povoado de El Almendral, próximo a Ávila. Era a sexta de sete irmãos e teve a felicidade de ser instruída na Fé desde os primeiros passos, não só ao ouvir os piedosos ensinamentos dos pais, como também ao vê-los proceder em tudo como excelentes católicos. A tal ponto levavam a sério suas obrigações para com Deus que faziam questão de assistir à Missa a cada manhã, juntamente com todos os filhos, por mais graves e urgentes que fossem os assuntos a serem resolvidos no dia.

Habituada a dar o verdadeiro valor às realidades sobrenaturais, Ana sempre sentiu forte atração pelo Céu e profunda aversão ao pecado. Donde se compreende sua reação aos três anos de idade no fato acima narrado, o que, aliás, não terminou por aí…

Naquela mesma ocasião ela foi objeto do primeiro fenômeno místico de sua vida, o qual a encheu de forças e consolação: enquanto pensava no que as irmãs acabavam de dizer, levantou os olhos e viu o Céu aberto e Nosso Senhor Jesus Cristo, cercado de glória, que a fitava, infundindo em seu coração ardentes desejos de amá-Lo e servi-Lo. Daí por diante, a existência de Ana seria permeada de extraordinárias manifestações deste gênero, como, por exemplo, aparições frequentes do Menino Jesus, o qual Se apresentava sempre com idade equivalente à da menina.

Quando Ana tinha dez anos, faleceram seus pais e os irmãos deram- -lhe a incumbência de cuidar dos rebanhos da família. Com isso muito lucrou ela, pois na tranquila solidão dos campos Jesus Menino passou a fazer-Se presente de forma visível todos os dias, proporcionando- -lhe tanta alegria espiritual que, certa vez, ela pediu: “Senhor, já que me fazeis companhia, não vamos mais aonde haja gente, senão que dirijamo- nos sozinhos às montanhas, pois em vossa companhia nada me faltará”. 1 A tão amorosa súplica, o Divino Infante sorriu, sem nada dizer, e fez-lhe compreender, no fundo da alma, não serem estes os desígnios da Providência a seu respeito…

Provas na entrega à vocação
Convento carmelitano de Stella Maris, Haifa (Israel)


Com o correr do tempo, tornou- se claro para a jovem Ana que Deus a chamava à vida religiosa, e o próprio Nosso Senhor lhe indicou, em sonho, o mosteiro no qual deveria ingressar: o convento das carmelitas descalças de Ávila, fundado havia pouco pela já então famosa Madre Teresa de Jesus. Ana, contudo, só conseguiria seguir a vocação após duros combates, tanto contra os familiares, que se opuseram fortemente à sua decisão, como contra o demônio, cuja sanha em perdê-la foi terrível.

Assim descreve ela sua entrada no Carmelo, ao qual chegou acompanhada por alguns membros da família: “Eles iam chorando ao longo do caminho e quase não me falavam. Eu ia muito alegre, mas, por outro lado, tão atormentada por más tentações, que parecia que todo o inferno se havia reunido para fazer- -me guerra. Eu não ousava soltar uma palavra sobre isso, pois, se o fizesse, com razão diriam que eu era louca de entrar no mosteiro daquela maneira”.2

Jesus, entretanto, que é a força e a vitória dos justos, logo premiou sua perseverança e fidelidade, como ela própria relata: “Na porta de entrada, aquela tempestade desapareceu como se me tirassem um chapéu da cabeça; fiquei como num céu de contentamento, parecendo-me que havia passado toda a minha vida entre aquelas santas”.3

No Convento de São José, de Ávila, Ana foi admitida como irmã leiga e agregou ao seu nome o de São Bartolomeu. Encarregada das necessidades materiais da casa, sabia unir uma intensa vida interior à atividade incessante no cuidado das irmãs de hábito, tomando para si, com alegria, os trabalhos mais penosos. Todavia, a provação que tantas vezes visita os que Deus quer mais especialmente aperfeiçoar, despontou inexorável bem no início do noviciado: cessou por completo a presença sensível de Nosso Senhor, que sentira desde menina.

No serviço pessoal da grande reformadora do Carmelo

O primeiro encontro com aquela que seria o luzeiro de seus passos deu-se quando Ana ainda era noviça, em julho de 1571. Ao vê-la, a grande Santa Teresa deixou transparecer tanto contentamento, que parecia estar à espera de alma tão consonante com a sua. Depois de analisá-la por alguns instantes, deu- -lhe um forte abraço e ordenou que a colocassem no seu serviço pessoal.

Durante os três anos em que a Santa permaneceu naquele convento, Ana pôde receber inúmeras aulas de perfeição num convívio de intimidade, contemplando com enlevo e veneração as facetas de sua superiora, cuja grandeza se manifestava ora nos lances audazes, ora nas decisões cheias de discernimento, ora nos momentos de recolhimento e até mesmo nos pequenos gestos e atitudes do dia a dia.

Esse período foi o início do longo caminho que as duas Santas percorreriam juntas. Tendo Santa Teresa partido para Sevilha em 1574, sua auxiliar não pôde segui-la, devido a uma violenta enfermidade que a deixou sem energias para os afazeres habituais. Generosa como era, a sensação de inutilidade causada por esta situação só fez crescer seu desejo de dar-se por inteiro a Deus. Por isso, pediu a Ele que a curasse ou então a levasse desta vida, e recebeu esta resposta: “Agora isto não te convém; hás de padecer muitos trabalhos na companhia de minha amiga Teresa”.4

Apesar de tão consoladora promessa, a saúde de Ana não melhorou em nada… Como sói acontecer às almas muito eleitas, Jesus queria dela um novo ato de confiança e abandono.

Para servir Santa Teresa, nada era obstáculo
Sentindo aproximar-se a hora derradeira, Santa Teresa
confessou-se, recebeu o Viático e expirou repousando a cabeça
nos braços da fiel Ana Morte de Santa Teresa – Mosteiro da
Anunciação, Alba de Tormes (Espanha)


Quando Santa Teresa retornou a Ávila, Ana seguia doente. Não obstante, deu-lhe a ordem, à primeira vista bastante arbitrária, de assumir o posto de enfermeira. Embora mal pudesse manter-se de pé, ela obedeceu prontamente, pedindo a Nosso Senhor que a auxiliasse. Demonstrando seu agrado com este ato de submissão, Jesus apareceu e não só lhe deu forças para tratar das irmãs enfermas, como também Se dispôs, Ele próprio, a cuidar de uma delas. Ao cabo de alguns dias, todas haviam se restabelecido e comentavam, impressionadas, a dedicação e habilidade da nova enfermeira, que parecia conhecer todos os segredos da função como se a exercesse há anos.

Graças a este favor concedido por Deus, pôde ela socorrer inúmeras vezes sua santa madre nos problemas de saúde que a acometeram, sobretudo nos últimos anos de vida, quando, tendo fraturado o braço esquerdo, necessitava todo o tempo de alguém que a auxiliasse. Tais circunstâncias marcaram a alma de Ana de maneira singular, como deixou atestado em suas memórias: “Verdadeiramente era um Céu servi- la, mas era o maior dos sofrimentos vê-la padecer”.5

Além das viagens, que constituíam ocasião especialíssima de convívio, ela tornou-se mais próxima de Santa Teresa quando passou a ser sua secretária. Este encargo, de natureza muito diversa a tudo quanto a boa irmã estava habituada a fazer, também foi desempenhado com prodigiosa eficiência, fruto de sua disposição filial de servir.

Ainda que não soubesse ler nem escrever, bastou a grande mestra externar o desejo de tê- la como assistente no despacho da correspondência, que Ana se prontificou em ajudá- la, confiando que Deus a proveria das condições necessárias. Com simplicidade, pediu à Santa alguns escritos seus, a fim de imitar-lhe a caligrafia e, no mesmo dia, conseguiu redigir uma carta, anotando o que a madre lhe ditava.

Hoje a coletânea dos escritos da Beata Ana de São Bartolomeu constitui um grosso volume que proclama por si este milagre nela operado por Deus. E, sem dúvida, ao considerarmos esta fidelíssima filha de Santa Teresa, sua operosidade abnegada e cheia de entusiasmo desperta nossa admiração. Diante dela, as insuficiências humanas deixavam de ser obstáculo, para se transformar na base sobre a qual Deus realizava seus milagres.

“Similis simili gaudet”
Ana de São Bartolomeu tornou-se
um ponto de referência para
conhecer a gesta e a alma teresiana
Retrato da Beata pintado em
Antuérpia por Otto Venius em 1620


Em 4 de outubro de 1582, Santa Teresa se encontrava no seu leito de dor. Sentindo aproximar- -se a hora derradeira, confessou- -se, recebeu o Viático e expirou repousando a cabeça nos braços da fiel Ana, que a assistia dia e noite.

O próprio Nosso Senhor veio então consolar a fiel discípula, aparecendo a ela cheio de esplendor e mostrando-lhe a estupenda comemoração que os Anjos e Santos preparavam no Céu para receber a quem Ele chamava “minha amiga”.

Tão puro, abnegado e restituidor era o amor da Beata Ana por sua mestra, que bastou esta visão para fortificá-la e enchê-la de alegria, a ponto de não derramar uma lágrima sequer por sua morte. Ao contrário, sentia-se radiante de felicidade, pois, afinal, sua venerável madre receberia o prêmio pelos árduos combates enfrentados, a glória pelos inenarráveis sofrimentos padecidos e a coroa por tantas vitórias alcançadas!

Após a partida de Santa Teresa para a eternidade, Ana tornou-se um ponto de referência para os que, pertencentes ou não à Ordem do Carmo, queriam melhor conhecer a gesta e a alma teresiana. E logo ficou patente o quanto aquela testemunha fidedigna havia se deixado moldar por sua superiora e assimilado seu espírito. Por obediência, recebeu o véu negro, o que significava não ser mais uma simples irmã leiga, e foi enviada à França, juntamente com outras religiosas, para ali introduzir a Ordem das Carmelitas Descalças.

Passou os últimos anos de sua vida na Bélgica, onde fundou o Carmelo de Antuérpia. Nessa época os belgas estavam em guerra contra os holandeses. Espalhara- se de tal forma sua fama de santidade, que muitos militares, antes de partir para o front de combate, vinham-lhe pedir algum objeto seu, para usá-lo como relíquia e garantia da proteção de Deus. A um deles, que trazia ao peito um papel escrito pela santa madre, Deus salvou da morte: uma bala atravessou o grosso tecido do uniforme, mas foi detida pela fina folha de papel!

Ademais, em duas ocasiões, nos anos de 1622 e 1624, quando a cidade estava prestes a ser tomada pelas tropas inimigas, foram as orações de Madre Ana que miraculosamente a salvaram, dando razão ao que dissera algum tempo antes a infanta Isabel Clara Eugênia, filha de Felipe II, à época governadora dos Países Baixos: “Nada receio a respeito do Castelo de Antuérpia nem desta cidade, porque estou mais segura com a defesa feita pelas orações da Madre Ana de São Bartolomeu do que com quantos exércitos possa ter ali”.6

Em 7 de junho de 1626 esta valorosa alma encerrou sua carreira neste mundo para entrar nas alegrias do Céu, onde, certamente ao lado de sua querida Madre Teresa de Jesus, continua a amparar aqueles que zelam pela glória de Deus e de sua Igreja. (Revista Arautos do Evangelho, Junho/2017, n. 189, p. 32 à 35)

1 BEATA ANA DE SÃO BARTOLOMEU. Autobiografía de Amberes (A). C.I, n.5. In: Obras Completas. Burgos: Monte Carmelo, 1998, p.327. 2 Idem, C.II, n.19, p.336-337. 3 Idem, ibidem. 4 BEATA ANA DE SÃO BARTOLOMEU. Autobiografía de Bolonia (B). C.IV, n.8. In: Obras Completas, op. cit., p.493. 5 BEATA ANA DE SÃO BARTOLOMEU, Autobiografía de Amberes (A), op. cit., C.VI, n.17, p.353. 6 PEÑA, OAR, Ángel. La Beata Sor Ana de San Bartolomé. Una maravilla de Dios. Lima: Libros Católicos, 2009, p.68.

fonte:http://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/santos/beata-ana-de-sao-bartolomeu-auxiliar-fiel-da-grande-amiga-de-jesus-192415

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DEFESA DAS APARIÇÕES DE JACAREI

DEFESA ÀS APARIÇÕES DE JACAREÍ


(FEITA POR UM PEREGRINO, AO CONTEMPLAR UM VÍDEO FALANDO MAL DAS MESMAS CITADAS ACIMA, E SOBRE A CARTINHA DO BISPO DA ÉPOCA, ALEGANDO QUE AS APARIÇÕES NÃO ERAM VERDADEIRAS)


NÃO SEI QUEM FEZ MAS PRA MIM ESSA PESSOA MERECIA UMA MEDALHA DE HONRA DE NOSSA SENHORA POR ESTA BELA DEFESA

"Quando você diz que devemos dar ouvidos ao que os padres dizem a respeito das aparições de Jacareí, corre em um ledo engano, pois, a “opinião pessoal” deles é que não pode ser elevado ao nível de “dogma de fé”. As cartas de Dom Nelson são muito citadas pelos que latem que estas Sagradas Aparições são falsas. Portanto, mister se faz alguns esclarecimentos. Há duas cartas oficiais onde este indigitado bispo trata da matéria “aparições”. Uma primeira, publicada em 1996, enquanto o mesmo ainda era bispo de São José dos Campos (diocese a qual pertence Jacareí). Nesta, não há menção alguma ao nome do Profeta Marcos Tadeu Teixeira, muito menos, excomunhão, há somente algumas orientações pastorais. A segunda, publicada em 2007 e republicada em 2011, realmente traz explicitamente o nome do Profeta Marcos Tadeu Teixeira, porém, nesta, a palavra “excomunhão” é sequer mencionada.

Ainda há um probleminha com esta segunda carta. O dito bispo (certamente pela providência de Nossa Senhora) foi transferido para a diocese de Santo André/SP em 2003, e, observem, a segunda carta publicada por ele ocorreu no ano de 2007, quando já havia deixado de ter jurisdição eclesiástica sobre a cidade de Jacareí. Portanto, o mesmo, ao editar esta carta, violou a jurisdição eclesiástica conferida a ele pela Igreja, e, ainda, violentou gravemente a autoridade de Dom Moacir, então, bispo da Diocese de São José dos Campos, que, se quisesse, poderia ter criado o maior caso com isso, pois Dom Nelson desrespeitou frontalmente e atropelou sua autoridade eclesiástica, uma verdadeira afronta. Então eu lhes pergunto, vocês ainda vão dar credibilidade a um documento irregular e eivado de vícios como esse?

Vale lembrar, que não é obrigatório seguir estas cartas circulares dos bispos. Não há heresia nem cisma nisso. Um católico somente pode ser acusado de cismático ou herege se atentar contra os Dogmas de Fé. Que eu saiba, carta circular de bispo não é Dogma de Fé. Como a primeira carta de Dom Nelson não condena as Aparições de Jacareí, e a segunda está irregular, pode-se dizer que não pesa condenação oficial e regular da Igreja sobre estas Santas Aparições. Além do mais, até o presente momento, Dom José Valmor, que atualmente tem jurisdição eclesiástica sobre Jacareí, não fez pronunciamento oficial sobre as mesmas. Documento oficial onde o Profeta Marcos foi excomungado, também é inexistente, portanto, qualquer informação que diga o contrário é fruto de pura “fofoca”.

Ressalto que em Jacareí, realmente, não damos tanta importância aos documentos do Vaticano. O que nós realmente valorizamos é a doutrina que nos foi transmitida pelos santos, como Santo Afonso, São Luiz, Santa Teresa, São João da Cruz, etc... Outro adendo que gostaria de acrescentar, diz respeito ao fato da obrigatoriedade ou não das Sagradas Mensagens Celestiais. A orientação predominante entre os teólogos católicos, de que não é obrigatório seguir as Aparições de Nossa Senhora, se funda em meras opiniões pessoais de alguns clérigos a respeito do assunto. Esta orientação não tem o caráter da infalibilidade papal e muito menos é um Dogma de Fé. Realmente, o catecismo atual traz algo nesse sentido, mas vale lembrar que o mesmo não recebeu o caráter da infalibilidade pelo Concílio Vaticano II. Bem ao contrário do Santo Catecismo do Concílio de Trento. Este sim, recebeu o caráter de infalível. Ocorre que nossa amada Igreja há muito se transviou de uma tradição bíblica milenar, através da qual o “Deus dos Exércitos” sempre manifestou sua vontade ao povo de Israel por meio de suas aparições aos profetas (mesmo fenômeno que ocorre com o, também, profeta Marcos Tadeu, pois os fenômenos miraculosos e de aparições que ocorrem naquele Santuário, são da mesma espécie dos verificados na Sagrada Bíblia).

Ora, nos tempos bíblicos não era através dos fariseus, saduceus, príncipes e doutores da lei (a Igreja oficial da época) que Deus dava as suas diretrizes ao povo eleito, mas sim, através dos profetas, em outras palavras, dos videntes. Nos primórdios do cristianismo, também ocorria assim, pois, a própria origem da nossa amada Igreja se funda nas “aparições” de Jesus aos apóstolos e discípulos. Então, por que esta tradição bíblica foi quebra? Será que é porque as aparições aos profetas cessaram? Errado, pois nos últimos 100 anos ocorreram mais de 1000 aparições de Nossa Senhora, dos santos e anjos, e até de Deus.
A pergunta correta é, por que o clero tenta abafar isso, pois grande parte, senão todas, destas aparições também foram acompanhadas de sinais miraculosos, como, curas inexplicáveis pela ciência, sinais na natureza, etc... Se Deus usava deste expediente nos tempos bíblicos, certamente deveria continuar a usá-lo nos tempos do catolicismo, pois uma grande verdade que a Teologia professa é que Deus é imutável. Não citarei as passagens bíblicas onde Deus manifesta sua vontade através dos videntes/profetas, pois se assim fizesse, teria que citar a Bíblia inteira, pois a própria formação e ensinamentos nela transmitidos se dão por este meio. Gostaria apenas de citar um pequeno exemplo de qual atitude deveremos tomar frente às Aparições de Jacareí, tomando por base a Bíblia. Saulo, quando se dirigia à cidade de Damasco e Jesus lhe “aparece” exclama: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 9, 6). Naquela ocasião, Jesus disse a ele para procurar os fariseus e saduceus (a Igreja oficial da época)? Não! O ordenou que entrasse na cidade de Damasco e ali lhe seria dito o que deveria fazer. Beleza. E quem Deus enviou para Saulo? Os fariseus e saduceus (a Igreja oficial da época)? Não! Mas Ananias, um vidente. Como eu sei que Ananias era um vidente? As Sagradas Escrituras nos contam que foi uma aparição de Jesus que disse para ele ir procurar Saulo. É só conferir At 9, 10-16ss.

Outro exemplo foi Judas Iscariotes; este preferiu errar com a Igreja oficial da época (lembra né, fariseus e saduceus) que acertar sem ela. Bom... Errou mesmo! E segundo alguns santos místicos, como Maria de Ágreda, sua alma se encontra no inferno. Assim, a posição teológica defendida pela maioria dos teólogos atuais, de que as aparições não são obrigatórias, falando em termos de estudo teológico da atualidade, é perfeitamente passível de questionamento, e, inclusive, daria uma boa tese de doutoramento. É um posicionamento que pode ser mudado. Não é Dogma de Fé. Gostaria de finalizar este ponto dizendo o seguinte. Jesus tolerou para sempre aquela Igreja oficial da época (o judaísmo) que rejeitou o projeto que suas aparições aos Apóstolos (que também eram videntes) propunha? Claro que não!!! Por causa disso, Deus se retirou do meio daquela Igreja e passou a habitar no meio dos seus videntes, os apóstolos e discípulos, e, assim, surgiu a nossa amada Igreja Católica (Mt 21, 39-45).

Não é objetivo do Profeta Marcos Tadeu, nem de sua Ordem e muito menos de nós, a Milícia da Paz (formada por todos os fiéis seguidores daquele Santuário) provocar um cisma na Igreja. Nós apenas denunciamos os erros (prerrogativa esta, conferida aos leigos pelo próprio Concílio Vaticano II), lutamos para que a devoção a Nossa Senhora, aos santos e anjos seja colocada em seu devido lugar, e que as suas mensagens, e as dos demais santos, e até as de Deus, seja acolhida como nos tempos Bíblicos, pois acreditamos que se isto não for feito, irá se abater gigantescos cataclismos sobre a Terra, de uma tal magnitude que nunca houve, nem jamais haverá. Acreditamos que esta “palavra de Deus” transmitida nas aparições é o caminho e a única forma de salvar o mundo, e qualquer obra, ou pessoa, que ensine ou faça diferente do que elas dizem, é desprezada por nós. O motivo para isto é muito simples. Desde tempos remotos, as Aparições de Nossa Senhora (inclusive as não aprovadas pela Igreja) vêm dizendo o que aconteceria ao mundo se esta “palavra de Deus” não fosse obedecida. Resultado, tudo o que elas disseram, em um passado remoto, está se cumprindo na atualidade. Então, não há outra conclusão a se fazer, a não ser admitir que elas eram verdadeiras, e que o clero errou. Aliás, o histórico de erro do clero é algo realmente interessante. Basta citar a condenação que pesou durante 20 anos sobre as Santas Aparições de Jesus Misericordioso à Santa Faustina, e não foi por um “bispozinho” qualquer. Foi pelo próprio papa da época. Se não fosse a atuação do então Cardeal Karol Józef Wojtyła, futuro Papa João Paulo II, estas aparições estariam condenadas até os tempos atuais, e, certamente, você seria um grande opositor delas, não é? Infelizmente, como atualmente o número de Cardeais, e clérigos em geral, com este nível de espiritualidade é praticamente nulo... tadinha das aparições... snif. Praticamente nenhum deles entende de Teologia Mística, o estudo apropriado para se avaliar as aparições e estudá-las.

Além do mais, as aparições de La Salette, Lourdes e Fátima, para quem conhece mais a fundo sua história, verá que elas na verdade não foram aceitas pelo clero. Muito pelo contrário, este as combateu com todas as suas forças. Na realidade, o que ocorreu, é que os fiéis praticamente as fizeram descer goela abaixo na garganta do clero, de tal modo, que eles não tiveram outra opção a não ser aprová-las. E, mesmo nestas que foram aprovadas, o estrago que o clero fez é algo incomensurável. Não as divulgou como deveria; se o corpo incorrupto de Santa Bernadete estivesse no Santuário de Lourdes iria converter milhões de fiéis, no entanto está praticamente escondido no convento de Nevers; o corpo incorrupto de Santa Jacinta foi escondido dos fiéis; a esmagadora maioria dos vaticanistas da Itália é de acordo que, até hoje, o terceiro segredo de Fátima não foi revelado em sua integralidade; a consagração da Rússia não foi feita como Nossa Senhora pediu até os dias atuais, etc... E isso, só para citar os danos que me vem à mente neste momento.

No Santuário das Aparições de Jacareí, o Profeta Marcos está resgatando tudo aquilo que a Igreja e a sociedade tanto se esforçaram para extinguir, os escapulários, medalhas, mensagens, enfim, a salvação do mundo que Nossa Senhora nos revelou e ofereceu com tanto amor ao longo de suas aparições na história. Sem dúvida, lá está se cumprido a passagem da Escritura na qual se diz: “Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas...” Mt 13,52 É uma nova aparição que resgata todas, até as mais antigas. Portanto, se ainda quiserem seguir a doutrina da cabeça deste cara de que não precisamos de aparições, o problema é de vocês. Aliás, se formos pensar bem, porquê Deus, Nossa Senhora os anjos e os santos apareceriam, né? Afinal de contas, nosso mundo está uma verdadeira maravilha, não é? Não temos problemas de droga, prostituição, corrupção, degradação moral, depressão, decadência da Igreja, violência, roubos, assassinatos, guerras, miséria..., todos os sacerdotes são verdadeiros Serafins de santidade, enfim, o Vaticano está dando conta do recado... Só não está apresentando um desempenho melhor devido a um “pequeno” probleminha de tráfico de influência entre os altos clérigos, desvio de verbas do banco do Vaticano, looby gay entre os padres, pedofilia generalizada, um papa progressista e comunista..., mas, afinal de contas, são probleminhas fáceis de serem solucionados, né? É... Em um mundo maravilhoso e em ótimo funcionamento como esse, realmente não entendo o motivo de tantas aparições..."